tag:blogger.com,1999:blog-384945102024-02-08T03:19:43.008-03:00AnhangüeraEste é um espaço que se destina às fantasias e exageros das velhas histórias e ao cotidiano de anônimos: jogadores, brigões, loucos, vadios, bêbados.
Aqui despejarei do futebol à cachaça, passando pelo samba e devaneios pessoais.Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.comBlogger202125tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-26443170465277660042014-01-14T11:46:00.001-02:002014-01-14T11:55:34.531-02:00No freio nãoDas notícias de abrangência mundial, a do acidente do Michael Schumacher está no topo nos últimos dias. O multicampeão de Fórmula 1 caiu de cabeça nas pedras geladas. Está internado e mais não se sabe; sigilo total sobre seu real estado e sua recuperação. Quando vejo o alemão, me vem à mente o Rubens Barrichello, seu sabujo, que provavelmente encerrará a carreira ao final do ano. De 2042.<br />
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Sou dos que não considera o automobilismo esporte. Entrar no carro e pisar fundo não é exercício físico. E para os que acham que é, digo que a direção do meu Fiesta 2005 me faz suar como estivesse dentro de um cockpit apertado. Assim como a equitação só pode ser considerada esporte se for para o cavalo.<br />
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Voltando ao automobilismo. A grande escola, o nascedouro, a mumunha das pistas, dizem, se dá no Kart – Rubinho, por exemplo, foi um grande piloto nesta modalidade. É em cima daquele carrinho pequeno, com a bunda quase queimando no chão, que o sujeito pega a prática do volante, das curvas, é lá que aprende sobre a mecânica, as peças, a rebimboca da parafuseta.<br />
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Tenho um amigo, o Jair, um cinqüentão gente fina, que sempre foi fã de velocidade, daqueles de passar de 200km/h nas estradas. Segundo o próprio, é mais forte do que ele a vontade de pisar, de sentir a adrenalina – coisas que eu, por exemplo, jamais senti. Uma noite, com o pé no fundo, quase passou por cima de um motoqueiro após uma fechada de um caminhão na Dutra; o milagre que salvou o motoqueiro não deu conta de um cachorro que andava pelo acostamento. O episódio abateu Jair, que decidiu mijar toda sua adrenalina numa pista de verdade, com regras, equipamento de segurança e o escambau. Recebeu indicações de amigos, comprou um kart e se inscreveu num campeonato que já estava em andamento. Era um clubinho de pessoas que, como ele, tinham sede de velocidade e paixão por carros.<br />
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No primeiro dia, Jair chegou ao local ao lado de seu filho e se deparou com uma cena inesperada: os outros competidores dispunham de mecânicos, treinadores, puxa-sacos, torcida; um deles tinha até psicólogo. Foi bem recebido (como um bom “café-com-leite” que era), fez uma volta e se classificou para a última fila – ainda estava se adaptando ao novo “brinquedo”.<br />
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A corrida contava com mais de vinte competidores, e a intenção do Jair era chegar entre os dez primeiros. Ao largar, percebeu que, na melhor das hipóteses, teria que lutar para não ser o último colocado – o que seria uma humilhação para um “pitoto” como ele. Mirou no cara que estava à sua frente e decidiu que seu embate seria com este fulano. Na oitava volta, Jair passou o sujeito e acreditou que podia mais. Sentia a adrenalina lhe correndo as veias. Ainda concentrado em seu oponente, percebeu que dois karts em altíssima velocidade passaram voando à sua frente. Puto dentro do macacão por ter sido ultrapassado, começou então nova perseguição. Esta, muito mais violenta e pujante. Jair não quis deixar barato e se pôs a caçar os dois. Na primeira curva, uma curva aberta, os dois fizeram o natural, que era abrir por fora. Jair só viu uma alternativa para ultrapassá-los: fechou por dentro, bateu o jogou os dois carros pra fora da pista.<br />
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A sensação foi de pleno gozo quando viu, pelo retrovisor, os dois insolentes fora da prova. Nosso piloto acelerou descontrolado, como se nada pudesse lhe impedir de erguer o troféu no alto do pódio. Quando foi completar a volta, viu tremular uma bandeira azul. Seguiu, como se não fosse com ele. Ao passar onde os dois infelizes foram jogados pra fora, viu uma muvuca fazendo gestos obcenos em sua direção. Só aí percebeu que fez cagada. Passou mais uma volta e a bandeira agora era vermelha. Jair seguia em frente, sem se importar, livre para voar, ultrapassando a todos os outros competidores, com perigosíssimas manobras. Na próxima volta, o homem na linha de chegada, já no meio da pista, balançava desesperado uma enorme bandeira preta para o nosso campeão, que quase o atropelou e continuou.<br />
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Começaram a voar objetos na direção do seu kart. Os outros pilotos abandonaram a corrida, e só conseguiram parar o homem quando a própria torcida entrou na pista com o firme intuito de lhe dar uma coça. Jair, um retardatário inconformado, havia jogado pra fora o primeiro e segundo colocados da prova, comprometendo suas posições no campeonato. Saiu escoltado pela polícia e um tempo depois vendeu o kart.<br />
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Fiquei sabendo que na semana passada comprou um par de esqui.Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-88554892164139561912012-04-17T18:32:00.007-03:002012-04-17T20:46:48.883-03:00Domingo(s), Divino<div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Pe2xEhVaqnmZkr_Gz1qSALAjNWjSFIp5VgoFQLZ-UIEibhSdyksnP4fOVd0uvErlXnMXMwNrXBTioO3U2Q0vlhyphenhyphenaqPGL7ckPeb-dFRjBwMtyMGXsJ0DMDDADStNssZAMEgUa/s1600/Ademir+da+Guia.JPG"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 291px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Pe2xEhVaqnmZkr_Gz1qSALAjNWjSFIp5VgoFQLZ-UIEibhSdyksnP4fOVd0uvErlXnMXMwNrXBTioO3U2Q0vlhyphenhyphenaqPGL7ckPeb-dFRjBwMtyMGXsJ0DMDDADStNssZAMEgUa/s400/Ademir+da+Guia.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5732486672376203362" border="0" /></a><br /><span style="font-size:85%;">Reportagem dos meus camaradas Leo Pinheiro e Adriano Pessini, no Jornal Agora. 17/04/12</span><br /></div><br /><br />Quando a Associação Atlética Anhangüera nasceu, em 1928, o futebol era diferente. O amadorismo ainda era considerado o único modelo de verdadeiro amor ao clube, e há uma década o futebol sofria um fortíssimo processo de transformação, com a passagem dos times à condição profissional. Neste cenário, os negros penetraram um espaço antes reservados aos filhos da elite, bem ao estilo Charles Miller. Em meados dos anos 10 o Brasil viu despontar um mulato de cabelo alisado: Arthur Friedenreich, o primeiro grande craque do país. Porém, jogador de futebol não era valorizado, pelo contrário. Rui Barbosa, por exemplo, em 1916, se negou a viajar no Júpiter – o único navio que ia para a Argentina - junto da delegação brasileira de futebol, que disputaria o sul-americano. O que fez o jurista, então? Mandou os “vagabundos” do <span style="font-style: italic;">foot-ball</span> pegarem o trem.<br /><br />Alguns anos depois, despontam dois negros que mudariam para sempre a pecha dos jogadores: Leônidas da Silva, que foi o Pelé antes do Pelé, e o maior zagueiro de todos os tempos: Domingos da Guia. Os dois representaram a completa transição do futebol amador ao profissional. Foram também os primeiros a “vender” sua imagem para propaganda de vários tipos de produto. Era a época da criação de um fenótipo do brasileiro, onde foram alçados à categoria de orgulho da Nação o futebol, o samba, a ginga e a miscigenação, como elementos intrínsecos ao nosso povo. Leônidas, o Diamante Negro, que alçou o futebol a uma popularidade inimaginável, deu nome até a um chocolate que ainda hoje existe.<br /><br />Quando Domingos da Guia, aos 15 anos, começava sua carreira como jogador no Bangu, o Anhangüera estava nascendo. Depois passou por Flamengo, Vasco, Nacional de Montevidéu e Boca Juniors. Em 1944 chegou ao Corinthians já consagrado como o maior zagueiro que o mundo tinha visto; veio a peso de ouro, na maior contratação do futebol brasileiro até então. E foi justamente essa a época de ouro do futebol varzeano; os anos 40 e 50, em que os times de bairro revelavam os grandes craques.<br /><br />Em 1945 o São Paulo Futebol Clube se sagrou campeão paulista, e a solenidade da entrega de troféus contou com a presença do prefeito Prestes Maia e de jogadores de outros times. Gabriel de Medeiros - sobre quem já falei <a style="color: rgb(204, 0, 0);" href="http://anhanguera.blogspot.com.br/2009/01/gabriel-de-medeiros.html">aqui</a> -, então presidente do Anhangüera, que havia sido convidado para a festa, ficou encarregado pelo pessoal da Barra Funda de entregar pessoalmente duas camisetas do rubro negro: uma a Leônidas da Silva, e outra a Domingos da Guia.<br /><br />Impossível era chegar perto dois, tamanho assédio. Medeiros teve que escolher um dos dois craques a quem entregar a camisa: Domingos da Guia. A de Leônidas foi dada a Bauer, meio campista do São Paulo. Porém, quando foi até Domingos, este já estava saindo, entrando num carro pra ir embora. A camisa 3 voltou para o Anhangüera e foi usada nos jogos do <span style="font-style: italic;">sport</span> por meu avô Tirone, que era beque.<br /><br />Mas eis que o tempo trata de acertar o que não ficou resolvido. Domingo passado, 67 anos após este episódio, jogou pelo Anhangüera o Divino, alcunha de Ademir de Guia, monstro sagrado do futebol brasileiro, filho de Domingos da Guia. Quis o destino que Ademir fosse o maior jogador da história do Palmeiras, arqui-rival do time que seu pai jogou em São Paulo. Ademir da Guia é a síntese da humildade e da generosidade; e acredito que por isso não tenha sido titular do escrete. Desceu lá do alto do olimpo, onde reinam os deuses da bola, para jogar pelo nosso tradicional Anhangüera – que lhe rendeu homenagem aos seus 70 anos -, um clube que ainda cultua o amadorismo da época de Friedenreich e do começo da carreira de seu pai.<br /><br />Livio Giosa, nobre amigo do clube, foi quem convidou o Divino. Mesmo sem saber, Livio cumpriu uma missão que Gabriel de Medeiros não conseguiu. Ao vergar a camisa rubro-negra, Ademir da Guia cravou um marco na longínqua história de 84 anos do Anhangüera. Mas o que pouquíssimos sabem – inclusive dentro do clube -, é que este episódio representa uma redenção daquele ano de 1945. Atrás dos olhos azuis de Ademir, o preto-velho Domingos vive, e também veste a camisa listrada em preto e vermelho.Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-67053458557649466772012-04-11T20:51:00.003-03:002012-04-11T22:59:56.308-03:00Os meninos em volta da fogueira*<span style="font-size:85%;">* Trecho de uma música de Martinho da Vila, que para mim simboliza a noite inacreditável que passei cantando com o próprio.</span><br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGxNez01-U7MykCNdFZu6hMb6lFKjtq4w4EiGjgLYmukNLpqCl8-jqlzIkMHAcw60T5OTi4tjl52zKjmPOXd0ebM4HcxF6t8NBa-ikp79hQeINw2HkZHmPxxh7HgOCOmjstfVF/s1600/Martinho+e+eu.JPG"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 387px; height: 289px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGxNez01-U7MykCNdFZu6hMb6lFKjtq4w4EiGjgLYmukNLpqCl8-jqlzIkMHAcw60T5OTi4tjl52zKjmPOXd0ebM4HcxF6t8NBa-ikp79hQeINw2HkZHmPxxh7HgOCOmjstfVF/s400/Martinho+e+eu.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5730328017635807074" border="0" /></a><br />Sempre nutri grande admiração pelo Martinho da Vila. Cresci ouvindo meus pais cantarem seus sucessos. Depois, rapazote, fui atrás de todos os seus discos como um pirata atrás da mina de ouro. Martinho faz a minha cabeça, ao lado de outros bambas da música brasileira.<br /><br />Tenho vivido grandes alegrias no mundo do samba. O projeto que iniciei no Anhangüera há cinco anos me proporcionou trabalhar com muita gente do primeiro escalão. Com alguns firmei o ponto e tenho amizade. Acho, inclusive, que com a maioria deles.<br /><br />E eu sempre disse: “se um dia o Martinho for ao Anhangüera, eu caio duro e morro feliz”. A expressão não é à toa. Martinho José Ferreira é o artista na concepção do termo, aquele único capaz de fazer a ponte entre passado e futuro. Minha admiração aumentou ainda mais quando eu comecei a perceber sua atividade política e humana. Um artista ciente do poder que detém nas mãos, generosas. E sabe lançar mão disso. Martinho foi um grande elo de ligação forte entre Brasil e África, entre nós e nossos ancestrais. Se aqui Martinho é Rei, em Angola também.<br /><br />E a vida vai preparando essas coisas pra gente. Fui convidado a participar da festa de 90 anos do Partido Comunista do Brasil no Vivo Rio, para 3.000 pessoas, no final de semana retrasado. Após a solenidade, teria o show do Martinho – que foi excepcional, com repertório lado B escolhido a dedo. Após a festa, seguimos para o aniversário da Tininha, minha cunhada. E ela sabia que era ela e meu mano Orlando que me dariam o presente da noite.<br /><br />Qual não foi minha surpresa: no restaurante, já vazio, só a nossa mesa, com cerca de 20 pessoas - eu já estava um pouco embriagado de Campari. Entre essas poucas almas, lá estava a figura ancestral, portentosa e inumana de Martinho da Vila. Após muita bebida e muito bate papo alguém puxa um samba do homem que, feliz da vida, cantou. Aí me embriaguei, evidentemente.<br /><br />No vídeo que aqui publico, Martinho acabara de cantar uma música que havia gravado do João Nogueira. Eu puxo Beto Navalha, outra do João, que o Martinho gravou em 1973. Ele mal se lembrava, conforme se vê no vídeo. Depois, ele entoa Grande Amor, um samba dos mais bonitos de sua belíssima lavra.<br /><br />Daí pra frente cantamos um montão. Fechamos cantando uns boleros, que a noite alta pede música triste. Só que eu fiquei mais feliz.<br /><br /><iframe src="http://www.youtube.com/embed/Fh8TcQTf2pM" allowfullscreen="" width="380" frameborder="0" height="260"></iframe>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-57196263695728295992012-04-05T17:15:00.001-03:002012-04-05T17:18:01.481-03:00A construção da NaçãoO Brasil é, como escreveu Luiz Werneck Vianna, o lugar por excelência da revolução passiva. Aqui, diferentemente dos países da América Hispânica, não houve revolução, mas sim adiantamento por parte do Estado afim de impedi-la. Isso se deu na Independência, na Proclamação da República, e em outros episódios de importantes mudanças na política brasileira – o chamado conservar-mudando. É a revolução burguesa no Brasil, na qual nunca houvera encontro entre intelectuais e o povo.<br /><br />A questão nacional esteve presente desde muito antes do século XX. Já na Independência, quando o mundo ocidental era todo influenciado pela Revolução Francesa, o Brasil cria sua primeira constituição com base no liberalismo, embora a sociedade fosse colonial. Eis aí uma chave para o entendimento da questão: o Brasil era, em seu próprio pensamento político e social, considerado atrasado – embora sendo um país novo, o que configura um paradoxo – em relação aos países mais avançados da Europa. E graças a este “atraso”, buscava, na Europa – que era o exemplo do mundo moderno – os modelos necessários à construção de uma Nação.<br /><br />A diferença é que na Europa priorizaram a liberdade individual; aqui, primeiro se pensou em construir a nação para depois pensar no povo. A não-revolução da Independência brasileira já havia mostrado: o Estado é construído de cima para baixo, apartado do povo que, obviamente, não se reconhecia como sendo pertencente a um país. E esta anti-revolução aconteceu novamente em todas as rupturas que o país sofreu, sempre com a intenção única de mudar para conservar o poder.<br /><br /><br />A luta dos pensadores do Brasil era uma: o país precisava se modernizar para tornar-se contemporâneo de seu próprio tempo. A partir dos anos 20, os intelectuais buscam no passado a verdadeira identidade do Brasil, num esforço de construir uma Nação. Porém, estes intelectuais vinham de famílias oligarcas decadentes. Na intenção de manter seu status, eles migram da cultura para a política, e se julgam os detentores dos segredos da história do Brasil. Falam em nome do povo assumindo a “consciência do homem inconsciente”, se caracterizam por ter vocação para elite dirigente e, mais uma vez, constroem um sentimento de nacionalidade de cima para baixo. Assim, as idéias e práticas modernas se confinaram apenas na elite.<br /><br />A construção da Nação, dessa forma, é conservadora. Ela foi concebida pelo direito, e não por um contrato social. Ou seja, não foi o povo quem a construiu, mas o Estado. A Nação brasileira era restrita somente à elite, já que, mesmo após a abolição da escravidão, os negros – que representavam três quartos da população, continuaram à margem da sociedade. O Brasil continuou sendo um grande latifúndio.<br /><br />O Estado de 1930 é construído com a autoridade precedendo a liberdade. Uma república autocrática, em que a vontade do Estado se sobrepõem às vontades individuais. Cria-se o trabalhador para realizar a obra do Estado – uma ideologia conservadora em economia e autoritária em política. A modernização acontece, mas continuamos atrás da modernidade. Assim como continuamos tentando construir uma Nação. Mas para isso, é necessária uma variável historicamente ignorada pelos que construíram o Brasil: o povo.Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-31105733937990558232012-02-07T19:57:00.005-02:002012-02-07T20:18:44.245-02:00Jean Carlos, reco-meçar<span style="font-style: italic;">* Este texto vai na intenção do irmão Roberto Domé e de Mario Giovanelli, amigo de outras vidas do querido JeanCarlo.</span><br /><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if !mso]><object classid="clsid:38481807-CA0E-42D2-BF39-B33AF135CC4D" id="ieooui"></object> <style> st1\:*{behavior:url(#ieooui) } </style> <![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal">Sou um defensor das tradições, mesmo não sendo nostálgico, purista ou - pior! - conservador. Sou pela tradição porque é ela quem contrabalanceia as reviravoltas desse mundo cada vez mais urgente, mais tecnológico e menos pessoal. Menos pessoal nas relações comezinhas do cotidiano, do trabalho, da família. Menos respeitoso, conseqüentemente. Diametralmente, mais triste, mais carrancudo e depressivo.<br /></p> <p class="MsoNormal">Sendo assim, é preciso se apegar em algumas coisas pra não se esquecer de quem a gente é. Mas em poucas, já que a gente não pode dar conta do mundo. Eu cultuo os meus ancestrais, o chão em que nasci – em particular a Barra Funda – e as relações de verdade, cara a cara.<br /></p> <p class="MsoNormal">Graças a isso angariei grandes amizades ao longo da vida. Graças a isso, tive uma oportunidade que mais considero uma bênção: ser amigo de alguns amigos de meu pai. E é sobre um deles, especialmente, que quero falar: Giovane Carlos Margiotta, afamado na Barra Funda pela corruptela do apelido Giancarlo, ou seja, Jean.<br /></p> <p class="MsoNormal">Não quero aqui fazer qualquer tipo de esboço de personalidade do meu amigo-personagem, até porque as pessoas são <i style="mso-bidi-font-style:normal">mui</i> complexas. Minha intenção é apenas a de lhe render uma singela homenagem escrevendo aqui o que apreendi do nosso convívio.<br /></p> <p class="MsoNormal">Sujeito simples, de poucos argumentos – o que o diferenciava de seu irmão Domé, que é eloqüente –, quase sem vaidade e nenhuma demonstração de arrogância em vida. Sua característica mais pujante pra mim, acima de tudo, era seu inabalável cotidiano. Jean era meticuloso, e seus dias, como num ritual, eram iguais. Há cinco anos atrás, escrevi sobre ele o seguinte: “Jean é um dos sujeitos mais metódicos que pude conhecer. Acorda, trabalha, come e dorme todos os dias religiosamente nos mesmos horários. Nunca sai a noite em dias de semana e bebe sempre nos mesmos lugares, como uma prática de louvor à monotonia.”.<br /></p> <p class="MsoNormal">Mas essa monotonia era diferente. Era animada, alegre, expansiva. Principalmente por causa de suas duas grandes paixões: A Sociedade Esportiva Palmeiras e o implacável reco-reco amassado, seu companheiro inseparável desde que era garoto. Jean talvez não tenha contribuído artisticamente como músico, e acho mesmo que não tocava reco igual o lendário Mussum, mas tem grande responsabilidade de ter incutido em mim a chama do samba – junto do Grupo Xamanóis, do qual foi um dos fundadores há quase trinta anos.<br /></p> <p class="MsoNormal">Os domingos eram sempre no Anhangüera junto dos amigos Bonitão, Bule, Gilmar, Zé Bertolozzi e outros que, com ele, tornavam nossos domingos de futebol mais divertidos. Depois, iam todos pro bar do Sinval assistir o jogo da televisão – bebendo, evidentemente.<br /></p> <p class="MsoNormal">Jean cantou pra subir anteontem, aos 55 anos, pouco antes de cumprir sua rotina de ir ao Anhangüera ver o jogo e beber com os camaradas.<br /></p> <p class="MsoNormal">A perda é grande, e pra mim há um motivo. Jean, conscientemente, talvez não soubesse, mas tinha uma coisa muito parecida comigo: a conservação da tradição, seja por idealismo – no meu caso -, seja por mania – no caso dele. O fato é que, sem ele, a Barra Funda fica menos Barra Funda, os domingos no Anhangüera ficam menos domingo, o bar do Sinval fica menos bar do Sinval, o Xamanóis fica nóis sem "xama", e o reco-reco metálico agora não tem mais graça nenhuma...</p>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-51589720055432062992011-09-21T18:18:00.002-03:002011-09-21T18:22:40.117-03:00Tio DétoDiziam que nós dois éramos parecidos. Não sei, talvez nunca ninguém tenha dito isso, mas eu sempre quis me parecer contigo. Enfim... Fato é que, inegavelmente, há entre nós semelhanças brutais. Uma delas é o apego à nossa história de vida e todas suas subsidiárias: pessoas, lugares, memórias – tudo com um toque de saudade, de bairrismo e, vez por outra, de nostalgia. Temos também um bom discernimento daquilo que é justo – não vou dizer “correto” ou “certo” porque aí entram questões muito mais complexas a serem discutidas. A “verdade” não deve existir e a “razão”, como disse mestre Candeia, está sempre dos dois lados -, sempre achei suas posições justas, sóbrias. Somos também, por outro lado, muito orgulhosos: fruto tanto de autoconfiança quanto de teimosia, defesa, medos, traumas, sei lá que merda!<br /><br />Porém o Corinthians é o elo que nos ligou pra valer, fazendo revelar muitas das coisas que compartilhamos, que sentimos. Você tem um grande coração. Falo isso pelo que passei, pelo que vi, pelo que fizeste por mim. Só você se preocupou com o fato de eu não desfrutar dos privilégios dos meus irmãos, que sempre iam aos jogos do Palmeiras com meu pai. Pode ser coisa pequena, mas pra você não era. Nossa diferença de idade não é lá muito grande. Quando você começou a me levar aos jogos do Timão, você era um garoto de 22 ou 23 anos, mas pra mim sempre me pareceu ser um homem bem mais velho, responsável, respeitoso e um tanto reticente à expor, ainda que minimamente, qualquer intimidade e insegurança. Também sou assim.<br /><br />A gente acaba, ao longo do tempo, tentando se diferenciar dos outros – daqueles mais próximos de nós. O fato de eu ser tão diferente do Angelo e você do Dornel não é meramente uma questão genética, tampouco de providência. Você me alertou, me preparou e amenizou as inapeláveis comparações que as pessoas fazem entre irmãos. Também somos parecidos nisso: “Ele é muito inteligente, mas é sem graça”. Na adolescência isso é motivo para se dar um tiro nos cornos, não?<br /><br />Tirante meus pais, ninguém foi mais preocupado em conversar, orientar, aconselhar, apontar caminhos e perspectivas. Aliás, não só para comigo como também com seus outros sobrinhos. Você é o protótipo do “tiozão” – nunca foi à toa eu ter lhe chamado assim -, do cara que batalhou, que remou contra a maré, que deu certo em todos os sentidos: profissional, acadêmica, econômica e, principalmente, humanamente – e tudo isso foi muito sofrido, o que valoriza sua biografia.<br /><br />E mesmo eu sendo às vezes polêmico e radical, mesmo divergindo ideologicamente em algumas questões, imagino nós, velhinhos – quando você tiver 82, terei 70 – juntos, falando do Coringão e cantando o samba do João Bosco e do Aldir Blanc que dá glória aos piratas, às mulatas e às sereias. Mas saiba que ainda te olharei com a mesma admiração e respeito. Te chamarei de “tiozão” com a mesma inocência do garoto que você levava ao Pacaembu. E que você sempre foi, é e será, para mim, uma referência imorredoura.Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-32394770128192995482011-05-25T19:02:00.007-03:002011-05-27T19:49:16.474-03:00Anhangüera dá Samba XLVHoje o Anhangüera dá Samba! completa quatro anos. Quatro anos!<br /><br />Mês passado recebemos Kazinho, um dos grandes baluartes do samba e da noite paulistana. Pelas mãos do grande Caio Ramos - que escreveu a biografia do Germano Mathias - que conseguimos localizar o Kazinho - há anos numa casinha de um cômodo no Camargo Velho, extrema zona leste. Aos 83 anos vive sozinho, contando com a ajuda de sua única filha, e não se apresentava há coisa de 30 anos.<br /><br />Taí o fator mais importante. Uma das nossas idéias, no princípio, era poder levar gente como o Kazinho para o Anhangüera dá Samba! - gente que contribuiu, que lutou, que cortou um doze. Que fez história, enfim. Essa memória deve ser conservada; é preciso ouvir os causos contados por esse (hoje) anônimo. Acho que foi, nesses termos, a edição mais importante do nosso projeto. Kazinho contou várias passagens de uma cidade que, mesmo sendo esse gigante, conservava uma caipirice que quase não se vê mais.<br /><br />Começou duas semanas antes, quando levamos Kazinho ao Bar do Alemão. Lá, num bar de música, noturno, começamos a desfrutar da verve do velho. No dia do samba, a coisa pegou fogo antes, na casa do bom Paulinho Timor, que preparou uma galinhada nervosa. No Anhangüera então...<br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVT9ClFcaDNJGJPmFUymJK4JW3vunIDXAGY2rMSuCG7ugthMXVnXR_hrF2CG1RKNb7qgg5JNnHN81tODeAUHJXVu_aflcgu01H_FajybgJQx5ombnjldAfsBcaTWfBf3OCJgGP/s1600/Kzinho-008.JPG"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVT9ClFcaDNJGJPmFUymJK4JW3vunIDXAGY2rMSuCG7ugthMXVnXR_hrF2CG1RKNb7qgg5JNnHN81tODeAUHJXVu_aflcgu01H_FajybgJQx5ombnjldAfsBcaTWfBf3OCJgGP/s400/Kzinho-008.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611514579183578258" border="0" /></a><span style="font-size:85%;">Paula Sanches, Fernando Szegeri, Chico Aguiar, Railídia e o mestre Kazinho</span><br /></div><br />Pra cantar os sambas do Kazinho tem que ser iniciado. Convidamos Chico Aguiar e a Paula Sanches - ambos já foram nossos homenageados - pra dividir com o Fernando e a Rai essa honra, como se vê na foto. Cada um deles se preparou e cantou dois sambas do Kazinho - que infelizmente, por um problema de audição, não segura mais uma roda de samba. Mas Kazinho também cantou; e impresionante: não perdeu aquela divisão tão característica. Não perdeu o tom, a ginga. Que noite, que noite. Olha aí o Chico cantando uma delas:<br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/r6Mm3oI2s70?hl=pt&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/r6Mm3oI2s70?hl=pt&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Hoje são quatro anos. Este texto não tem a intenção de divulgar nada, já que faltam poucas horas para o samba começar no terreiro. Vamos receber um mostro: Wilson das Neves! Vai ser foda! (o palavrão às vezes se faz necessário; ele eleva ao infinito qualquer expressão)<br /><br />Mês que vem eu conto como foi. Vamos ouvindo o mestre e esquentando os tamborins. Ô sorte!<br /><br /><table bgcolor="#000000" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td><embed quality="high" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" type="application/x-shockwave-flash" bgcolor="#000" src="http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/esnips_player.swf" flashvars="theTheme=blue&autoPlay=no&theFile=http://www.esnips.com//nsdoc/7ecca2a4-3c72-42dd-b8e0-06d630cd68ab&theName=02 Debaixo do Cobertor&thePlayerURL=http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/mp3WidgetPlayer.swf" width="328" height="94"></embed></td></tr><tr><td><table style="font-family: Verdana,Arial,Helvetica,sans-serif; padding-left: 2px; color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none; font-size: 10px; font-weight: bold;" cellpadding="2"><tbody><tr><td><a style="color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com/CreateWidgetAction.ns?type=0&objectid=7ecca2a4-3c72-42dd-b8e0-06d630cd68ab"> Get this widget </a></td><td style="font-size: 7px; font-weight: normal;">|</td><td align="center"><a align="center" style="color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com/doc/7ecca2a4-3c72-42dd-b8e0-06d630cd68ab/02-Debaixo-do-Cobertor/?widget=flash_player_esnips_blue"> Track details </a></td><td style="font-size: 7px; font-weight: normal;">|</td><td><a align="center" style="color: rgb(255, 102, 0); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com//adserver/?action=visit&cid=player_dna&url=/socialdna"> eSnips Social DNA </a></td></tr></tbody></table></td></tr></tbody></table>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-5344189709857336612011-04-28T09:36:00.006-03:002011-04-28T11:06:04.143-03:00Anhangüera dá Samba XLIVQue cara querido é o Teroca. Mês passado foi o homenageado no Anhangüera dá Samba! Com serenidade e um jeitão de caboclo que sabe das coisas, chegou ao nosso terreiro acompanhado por uma trupe. Não que tivesse as levado - era gente que gosta do seu trabalho. À medida que iam entrando, eu constatava: a maioria nunca tinha ido lá!<br /><br />Na roda, Teroca mesclou seus sambas com outros de grandes baluartes, conduzindo a roda com maestria. Causou, entre os que não o conheciam, estupefação: "- Que compositor!", disse meu irmão Bruno. Fazia tempo que queríamos convidá-lo, e foi um tiro certeiro. Dona Inah, que marca presença constantemente, pintou e cantou. Ela, que participou do disco do Teroca, destilou eslogios a este grande compositor.<br /><br />Infelizmente o vídeo do Teroca cantando no Anhangüera não saiu. Quem lá esteve, no entanto, não esquecerá. Salve, Teroca!<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikMJuuB7UAXpQOoOv7_6Axxb6decG9_mv9teQxSYcGBdoSdHoy2QEiNxG9uNVRkXp43pwSmpLqfwoR4_EliKpCwnuKWST99-oD28ywRwjU-iAJcGbRmooDOZvJpHcnI_QkiuFU/s1600/teroca2.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 356px; height: 282px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikMJuuB7UAXpQOoOv7_6Axxb6decG9_mv9teQxSYcGBdoSdHoy2QEiNxG9uNVRkXp43pwSmpLqfwoR4_EliKpCwnuKWST99-oD28ywRwjU-iAJcGbRmooDOZvJpHcnI_QkiuFU/s400/teroca2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600627991155620962" border="0" /></a><br />Amanhã, a última sexta do mês - tem <span style="color: rgb(0, 0, 0);">Anhangüera dá Samba!</span><br /><br />Os Inimigos do Batente homenageiam o cantor e compositor Kazinho, grande baluarte da noite paulistana. Kazinho é paraense, se radicou no Rio de Janeiro ainda jovem, mas foi em São Paulo que ganhou notoriedade. Parceiro e amigo de figuras do quilate de Jorge Costa e Germano Mathias, cantou em todas as casas noturnas de música na cidade. Gravou e foi gravado por grandes nomes do samba como Demônios da Garoa, Noite Ilustrada e Ciro Monteiro.<br /><br />A homenagem a Kazinho, com 83 anos e esbanjando boa forma - ainda toma um engasga-gato! - terá ainda as especialíssimas participações dos exímios cantores Chico Médico (relembre <a style="color: rgb(204, 0, 0);" href="http://anhanguera.blogspot.com/2007/11/anhanguera-d-samba-vi.html" target="_blank">aqui</a> sua apresentação no Anhangüera) e Paula Sanches (<a style="color: rgb(204, 0, 0);" href="http://anhanguera.blogspot.com/2011/02/anhanguera-da-samba-xlii.html" target="_blank">aqui</a>, que formarão o "quadradro mágico" com nossos ilustres titulares Fernando Szegeri (<a style="color: rgb(204, 0, 0);" href="http://www.youtube.com/watch?v=a7IuTwPspQU" target="_blank">aqui</a>) e Railídia Carvalho (<a style="color: rgb(204, 0, 0);" href="http://showlivre.uol.com.br/inimigos-do-batente-tocam-inimigos-do-batente-no-showlivre_8837351_videos.html" target="_blank">aqui</a>) a cantar os sambaços de Kazinho. O Anhangüera dá Samba! não só homenageia um grande baluarte da música brasileira, como revive um tempo áureo da noite da cidade.<br /><br />Deixo um áudio de um samba do Kazinho, <span style="font-style: italic;">Pressão Baixa</span>, gravado por Germano Mathias no disco <span style="font-style: italic;">Samba é Comigo Mesmo</span>, de 1971.<br /><br /><table bgcolor="#000000" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td><embed quality="high" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" type="application/x-shockwave-flash" bgcolor="#000" src="http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/esnips_player.swf" flashvars="theTheme=blue&autoPlay=no&theFile=http://www.esnips.com//nsdoc/abbd42fc-ee45-4cf9-a304-09d83e9a8891&theName=08 Press�o baixa&thePlayerURL=http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/mp3WidgetPlayer.swf" width="328" height="94"></embed></td></tr><tr><td><table style="font-family: Verdana,Arial,Helvetica,sans-serif; padding-left: 2px; color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none; font-size: 10px; font-weight: bold;" cellpadding="2"><tbody><tr><td><a style="color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com/CreateWidgetAction.ns?type=0&objectid=abbd42fc-ee45-4cf9-a304-09d83e9a8891"> Get this widget </a></td><td style="font-size: 7px; font-weight: normal;">|</td><td align="center"><a align="center" style="color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com/doc/abbd42fc-ee45-4cf9-a304-09d83e9a8891/08-Press%EF%BF%BDo-baixa/?widget=flash_player_esnips_blue"> Track details </a></td><td style="font-size: 7px; font-weight: normal;">|</td><td><a align="center" style="color: rgb(255, 102, 0); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com//adserver/?action=visit&cid=player_dna&url=/socialdna"> eSnips Social DNA </a></td></tr></tbody></table></td></tr></tbody></table>Até amanhã!Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-63777319194495911022011-04-15T11:49:00.007-03:002011-04-15T12:51:16.831-03:00Destruição de um temploNão tem saída: a gente tem que brigar pelas causas em que acreditamos. Sou contra - até certo ponto - a modernidade e explico. Não quero ser nostálgico, nem viver um tempo que não é o meu. O mundo está aí; as inovações tecnológicas e as mudanças comportamentais são inevitáveis. Mas é triste quando a mudança é ditada apenas pelo fator econômico. Quando não se leva em conta o fator social, as instituições, a tradição... Aí o molho desanda.<br /><br />Uma briga que travo com especial fervor é pelo futebol varzeano em geral, e mais especificamente pela minha agremiação, o Anhangüera, clube fundado em 1928. É na várzea que ainda se vê - não nos campeonatos promovidos por cervejarias, que já operam nos moldes do futebol moderno - um futebol genuíno. Acreditem que existe amor à camisa.<br /><br />Há alguns anos eu dizia que as quadras de futebol society eram o grande vilão, o algoz do futebol amador. Eu não estava enganado. As quadras de jogadores de carpete estão acabando; o mercado imobiliário está pilhando todas elas. Mas não tenho muito o que comemorar. Alívio? Pelo contrário: elas deixaram um vestígio irreversível: uma nova maneira de se jogar futebol na cidade. Como um parasita social, elas mudaram toda a concepção de amadorismo: quer jogar, pague! Acaba-se com uma velha instituição forjada pela habilidade de jogar, pela iniciação.<br /><br />Aliada a esta aberração comportamental, a prefeitura tem acabado com vários clubes antigos. E aos que ela julga interessantes, impõe goela abaixo a modernidade: grama sintética. Escrevi há dois anos e meio sobre isso, quando começou a ser ventilada a notícia de que o Anhangüera sofreria as conseqüencias deste progresso obtuso. Meu texto pode ser lido <a style="color: rgb(204, 0, 0);" href="http://anhanguera.blogspot.com/2008/10/um-templo-ameaado.html">aqui</a>.<br /><br />As pessoas que circulam neste meio - seja no Anhangüera ou nos outros clubes - estão completamente inebriadas. É, de fato, muito bom economicamente. O campo terá uma demanda de aluguel jamais sonhada, e os cofres vão agradecer. A questão não é a grama - também acho um tesão jogar no sintético. O problema é que finda uma era, um <span style="font-style: italic;">modus vivendi</span> - que sobrevivia ainda que por aparelhos - que é um dos pilares da cidade desde o começo do século passado. Uma mudança que enterra de vez um jeito de se viver, de se relacionar - com as pessoas e com o futebol.<br /><br />A maioria das pessoas, infelizmente, não acham que têm responsabilidade, e nem se dão conta disso. Em alguns anos, vão lembrar com nostagia do terrão, e de como era bom "aquele tempo".<br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5Nboomxy6oT1C9ocOyhesHILKizG9TAYMMOLc0AkEfRrXWqKyqUHkVETBXMBk6LaH-cDVW6wtzw2ZC39pXcWo3XMMs3E_5fksqB9xpww_fyQcWG8nVWgQu-LVsECEpZ7BHS2-/s1600/Campo+4.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 263px; height: 201px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5Nboomxy6oT1C9ocOyhesHILKizG9TAYMMOLc0AkEfRrXWqKyqUHkVETBXMBk6LaH-cDVW6wtzw2ZC39pXcWo3XMMs3E_5fksqB9xpww_fyQcWG8nVWgQu-LVsECEpZ7BHS2-/s400/Campo+4.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595824439412483346" border="0" /></a><span style="font-size:85%;">Campo do Anhangüera em 2010</span><br /></div><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHa5xAAgSQDQ9RSxi37sLcn4IeH-fWmM69ACd6UKwcXWaYq7IAVFdm6nhoduH73C0GPccg5GJYrP1R_yTq8-BCF0zYyRkEvBl51ifDsQB1AZMzi5KYNU7nOJAirqNfZhYdFsHn/s1600/-192945243904DB53A8.png"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 268px; height: 268px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHa5xAAgSQDQ9RSxi37sLcn4IeH-fWmM69ACd6UKwcXWaYq7IAVFdm6nhoduH73C0GPccg5GJYrP1R_yTq8-BCF0zYyRkEvBl51ifDsQB1AZMzi5KYNU7nOJAirqNfZhYdFsHn/s400/-192945243904DB53A8.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595824436973823874" border="0" /></a><span style="font-size:85%;">Campo do Anhangüera hoje, em obras<br /></span></div>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-21108988491650468542011-03-24T14:56:00.005-03:002011-03-25T16:06:00.678-03:00Anhangüera dá Samba XLIIISílvio Modesto é uma das figuras mais conhecidas no samba de São Paulo. Presumo que não há roda de samba de responsa na cidade em que ele não havia cantado. Faltava o Anhangüera pra completar, e sabíamos disso. Enfim, o convidamos mês passado. Tal função ficou a cargo do Paulinho Timor que é amigo pessoal do mestre. Eu, que conheço o Modesto há anos, já lhe fui apresentado - que eu me recordo - pelo menos umas seis ou sete vezes.<br /><br />Eu é que fui buscá-lo. Sem nenhuma surpresa pra mim, Seo Sílvio me apertou a mão: "- Você que é o Favela?". Nos apresentamos - e espero que esta tenha sido a última vez - e seguimos caminho, conversando, fumando cigarro - no meu carro, pode! -, e ele falando sobre sua história e que-tais. Ao fim da noite parecíamos amigos de infância!<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVNC8QI69a15rTnnr4fcFvH6uDfFhsdCOOVJoOd8azj57p9MoHG5HH3uU72Gil_Sgihq_x7zNXCZDqwRw9VElV_m5yvaba9YdhXFSd3Bzi_t2xtREFo3xVP0dN5uF77AcJwtEL/s1600/S%25C3%25ADlvioModesto+%25282%2529.JPG"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVNC8QI69a15rTnnr4fcFvH6uDfFhsdCOOVJoOd8azj57p9MoHG5HH3uU72Gil_Sgihq_x7zNXCZDqwRw9VElV_m5yvaba9YdhXFSd3Bzi_t2xtREFo3xVP0dN5uF77AcJwtEL/s400/S%25C3%25ADlvioModesto+%25282%2529.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5587708098715505810" border="0" /></a><br />Ninguém canta como Sílvio Modesto. Sua divisão, e um compasso pra trás, são difíceis de acompanhar, e dão, à qualquer música, uma cara própria, um som inconfundível: é o Modesto. A noite foi agradabilíssima, com calor e muita gente boa. Sílvio Modesto gostou, foi o que me disse. Assistam-no, e segurem essa divisão malandreada:<br /><br /><iframe title="YouTube video player" src="http://www.youtube.com/embed/K0OaX_bLt7E" width="400" frameborder="0" height="340"></iframe><br /><br />Hoje, daqui a pouco, os Inimigos do Batente convidam um dos nomes mais comentados no mundo do samba: o premiadíssimo compositor Teroca.<br /><br />O conheci em 2007, quando venceu o Primeiro Festival de Samba do Estado de São Paulo, realizado no TUCA, concorrendo com mais de 300 sambas inscritos, com o samba de roda “Bamboleio”, defendido por Dona Inah.<br /><br />Meu dileto amigo, o jornalista Bruno Ribeiro, foi quem escreveu a contra-capa de seu disco novo, <i>Elos do Samba</i> - aliás, um discaço com participação de grandes nomes do samba; <b><a href="http://teroca.com.br/" style="color: rgb(51, 102, 255);" target="_blank">aqui</a></b> você vê seu site. No texto, Bruno diz que <span style=";font-family:georgia;font-size:100%;" ><i>"...<span>o teu samba me dá vontade de largar tudo e cair na noite e rever amigos e beber para ser feliz e alimentar a nossa esperança no Brasil. Esta é a tua grande contribuição na vida (...)</span></i></span><i><span style="font-size:85%;"><span style=";font-family:georgia;font-size:100%;" > </span><span><span style=";font-family:georgia;font-size:100%;" >Teroca é um compositor maiúsculo, compromissado com a cultura de São Paulo sem defender bandeiras e fronteiras. Estamos falando de um grande brasileiro, de um homem comum que fez do samba o seu destino e ganhou o respeito dos mais velhos com sua simplicidade."<br /></span><span style="font-size:100%;"><br /></span></span></span></i><span style="font-size:100%;"><span>Está dito!<br /></span></span><p>Encontre mais artistas como <a target="_blank" href="http://www.myspace.com/terocasamba/music/albums/com-todo-respeito-1691550?ap=1&songid=6657878">Teroca</a> em <a target="_blank" href="http://www.myspace.com/music"> Myspace Music </a></p><br />Até mais tarde!Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-39451767407185401632011-02-24T14:51:00.005-03:002011-02-25T16:52:43.952-03:00Anhangüera dá Samba XLIITudo que se diga ou se escreva à respeito de Paula Sanches no Anhangüera no mês passado será pouco; será, inclusive, presunçoso. Há muito tempo se falava no nome dela pra compôr nossa galeria de convidados. Muita gente, em variadas ocasiões, me dizia, tentando surpreender: "- Tem que levar a Paulinha! Vai ser um estrondo!", como se eu não soubesse disso; como se fosse a descoberta do século.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiPNSHb7RRCZ69XD_bSbr6Bx4RGGxhjzA4e0-g83DRI_rJbOzOyTBkWrB7ETPVGzC5OvPgW68174NrRLP-J_semR3BbkBJ2hTa_CcByJ7TNrCrP_wPXwBTCc04lp_1uvCtW17O/s1600/paulinha-007.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiPNSHb7RRCZ69XD_bSbr6Bx4RGGxhjzA4e0-g83DRI_rJbOzOyTBkWrB7ETPVGzC5OvPgW68174NrRLP-J_semR3BbkBJ2hTa_CcByJ7TNrCrP_wPXwBTCc04lp_1uvCtW17O/s400/paulinha-007.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5577316736688056850" border="0" /></a>Bato o olho na Paula e vejo uma diva - uma estrela mesmo -, e quem me conhece atesta que, se tem uma coisa que eu não sou, definitivamente, é baba-ovo. Impossível é não se deixar contaminar com sua presença na roda de samba. Poucas vezes se viu um coro como nessa roda; principalmente das moças - todas extasiadas! Interessante, ainda, é ver a força dessa nossa empreitada: Paulinha, pouco antes de arrebentar - repito, arrebentar! - na roda, confessou-me estar ansiosa. Bobagem; há aqueles que dominam, que fazem o público hipnotizar-se; e isso é pra poucos. Não, Paula?<br /><br />Começar o ano do jeito que começamos é uma prova cabal de que este 2011 será um baita ano pro Anhangüera dá Samba!, que vai chegando aos 4 anos. Cliquem no play:<br /><br /><iframe title="YouTube video player" src="http://www.youtube.com/embed/LshysikSG98" width="400" frameborder="0" height="340"></iframe><br /><br />Hoje tem mais. Sobre o convidado especial, empresto - como sempre - de meu compadre Fernando Szegeri texto publicado em 2001 na Agenda do Samba e Choro:<br /><br /><span style="font-style: italic;">Carioca de Braz de Pina, mas estabelecido em São Paulo desde os anos 60, Sílvio Modesto é uma das mais conhecidas e folclóricas figuras do samba e da noite paulistanos. Compositor gravado por Beth Carvalho, Jorginho do Império, Arlindo Cruz & Sombrinha, Benito de Paula, Originais do Samba e Jovelina Pérola Negra, entre outros; percussionista respeitado, tendo durante 17 anos integrado o famoso "Regional do Evandro" (pode-se vê-lo em várias edições dos programas "Ensaio" e "MPB Especial", gravados pela TV Cultura na década de 70); cantor cheio de bossa e grande contador de histórias, Modesto é o que se pode chamar do sambista completo, daqueles que sozinhos fazem o show, na linhagem - hoje praticamente em extinção - de bambas como Jorge Costa e Germano Mathias, para ficar só em São Paulo.</span><br /><br />Clique <a style="color: rgb(51, 51, 255);" href="http://www.youtube.com/watch?v=eDsGO1UcwOQ">aqui</a> para ouvir um samba do Sílvio Modesto, em parceria com Caprí, gravado - e muito executado - por Bezerra da Silva: Os DP´s de São Paulo.<br /><br />Até mais tarde!Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-30272151558278721842011-01-27T13:54:00.005-02:002011-01-27T19:02:36.864-02:00Anhangüera dá Samba XLIO ano de 2010, se por um lado foi tão difícil para o Anhangüera dá Samba! - ano em que tivemos que dar uma pausa de dois meses -, por outro lado foi um grande ano: levamos dez bambas! Desde o começo do ano com Delcio Carvalho e Monarco, passando por Nei Lopes e Moacyr Luz e fechando com o Kiko Dinucci.<br /><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5566906983908543330" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAii_ncqoFV77MKLLkYenuv5o6g7bdTOMJlk7LVtmVosxEWzpRioFYK8iLnSCX_Ft4MZH57f8oJrG13y4RZRKR139UQCmsk1tyWouK9XFMWPqeutsI-7v5umW3XUNyfAKVzj1w/s400/KikoDinucci+009.JPG" border="0" /> <p align="left">Kiko Dinucci - a quem chamo de gênio - praticamente dominou todas as ações na roda, que não foi propriamente de samba, diga-se. Seu repertório é composto de batuque, jongo, congada, tambu e, entre outros ritmos, o samba. Kiko, que nunca havia ido ao Anhangüera, deixou boquiabertos os que não o conheciam. E não foram poucas as pessoas que me bateram nas costas: "- Gênio mesmo!".<br /><br />O momento mais bonito foi vê-lo cantando seu samba Roda de Sampa ali, na Barra Funda - bairro homenageado nessa música. Confiram:<br /><br /><iframe class="youtube-player" title="YouTube video player" src="http://www.youtube.com/embed/EzvUTv4i324" frameborder="0" width="400" height="344" type="text/html"></iframe><br /><br />Amanhã começam os trabalhos de 2011, e com um nome aguardadíssimo há tempos. Deixo abaixo um texto de Fernando Szegeri, no <a href="http://www.samba-choro.com.br/noticias/pordata/25215"><span style="color:#cc0000;">Samba-Choro</span></a>:<br /><br /><em>Abrindo a temporada 2011 do Anhangüera dá samba!, os Inimigos do Batente e a A.A. Anhangüera recebem nesta última sexta-feira do mês a excelente cantora paulistana Paula Sanches!<br /><br />Revelação do samba da Terra da Garoa, essa jovem intérprete impressiona, sim, pelo domínio das divisões e síncopas, mas sobretudo por uma verve particularíssima que já foi traço distintivo de uma escola de grandes sambistas destas plagas, da linhagem nobre que congrega gente do porte de Caco Velho, Germano Mathias, Miriam Batucada, Jorge Costa e Isaurinha Garcia. Esta última, aliás, inspiração e influência maior de Paulinha, como é carinhosamente chamada pelas rodas da cidade.<br /><br />Promessa de muito samba sincopado, regado a cerveja e garoa, em celebração ao samba tão brasileiro que se faz sob as saias dessa Velha Senhora, de seus 456 anos recém completados.</em><br /><br />Fica, ainda, um áudio da música <em>Não Bula na Cumbuca</em>, de Paulinho Timor, interpretada pela nossa convidada:</p><table cellspacing="0" cellpadding="0" bgcolor="#000000"><tbody><tr><td><embed pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/esnips_player.swf" width="328" height="94" type="application/x-shockwave-flash" quality="high" bgcolor="#000" flashvars="theTheme=blue&autoPlay=no&theFile=http://www.esnips.com//nsdoc/58c1a47d-474e-418c-a610-c71fc3366917&theName=1 - N�o bula na cumbuca&thePlayerURL=http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/mp3WidgetPlayer.swf"></embed></td></tr><tr><td><table style="PADDING-LEFT: 2px; FONT-WEIGHT: bold; FONT-SIZE: 10px; COLOR: #ffffff; FONT-FAMILY: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; TEXT-DECORATION: none" cellpadding="2"><tbody><tr><td><a style="COLOR: #ffffff; TEXT-DECORATION: none" href="http://www.esnips.com/CreateWidgetAction.ns?type=0&objectid=58c1a47d-474e-418c-a610-c71fc3366917">Get this widget </a></td><td style="FONT-WEIGHT: normal; FONT-SIZE: 7px"></td><td align="middle"><a style="COLOR: #ffffff; TEXT-DECORATION: none" href="http://www.esnips.com/doc/58c1a47d-474e-418c-a610-c71fc3366917/1---N%EF%BF%BDo-bula-na-cumbuca/?widget=flash_player_esnips_blue" align="center">Track details </a></td><td style="FONT-WEIGHT: normal; FONT-SIZE: 7px"></td><td><a style="COLOR: #ff6600; TEXT-DECORATION: none" href="http://www.esnips.com//adserver/?action=visit&cid=player_dna&url=/socialdna" align="center">eSnips Social DNA </a></td></tr></tbody></table></td></tr></tbody></table><br /><p>Até amanhã!</p>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-16065168510609349132010-12-27T14:28:00.007-02:002010-12-27T14:38:09.328-02:00Não quero redenção, quero a Argentina!<span style="font-size:85%;">* Crônica minha, especialmente para o site da Copa de 2014 do Ministério do Turismo. </span><span style="font-size:85%;">Publicada originalmente dia 24/12/10 </span><span style="font-size:85%;">, <a style="font-weight: bold; color: rgb(255, 0, 0);" href="http://www.copa2014.turismo.gov.br/copa/copa_cabeca/detalhe/artigo_Artur_Tirone.html">aqui</a>.</span><br /><br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">- Como pode passar assim por três, quatro? Tinha que dar uma botinada no homem! Tinha que dar nesse merdinha igual ele deu no Batista! Mas não, o Alemão joga com ele no Nápoles e não quis “pegar”! Ah, se fosse eu...</span><br /><br />A frase enfurecida foi proferida por meu avô – e por outros milhões de brasileiros – logo após a eliminação canarinho na Copa de 90. Este, ao lado do cardíaco Brasil x Holanda de 94, foi o jogo que mais me marcou. A derrota doída, porém, deixa uma cicatriz que não se apaga. Este é, portanto, meu maracanazzo particular. Sendo assim, Caniggia, pra mim, é apenas uma corruptela de Ghiggia.<br /><br />Sou um sujeito varzeano, nascido e criado na Barra Funda, onde ainda moro. Aqui, como em outros lugares não menos tradicionais dessa cidade – cito Mooca, Bela Vista e Penha -, se cultua um futebol que se vê nas quebradas, nas peladas, nas ruas de terra; um futebol de criança, de bolinha de meia e de bola já oval de tão velha. Aqui, como de resto em vários cantos do Brasil – e por isso somos o país do futebol -, o esporte bretão é coisa séria!<br /><br />Digo que sou varzeano e vou explicar: a várzea do Rio Tietê, em tempos já distantes, tinha mais campo de futebol – os chamados times “de várzea” – do que gente começando regime na segunda-feira. A especulação imobiliária e o crescimento desembestado da cidade trataram de acabar com quase todos eles, da Vila Matilde (Zona Leste) à Lapa (Zona Oeste). Hoje ainda restam alguns, raríssimos, sendo o campo da Associação Atlética Anhangüera um deles. É lá que fui criado e que jogo todos os domingos. Foi lá que meu pai estreou em 1967 e meu avô em 1933.<br /><br />O clube foi fundado em 1928 em meio a um <span style="font-style: italic;">boom</span> de clubes sociais que pipocavam pelos bairros da cidade. Naquele tempo o crescimento da cidade ainda não havia suplantado uma grande instituição: o Bairro. Era no bairro que as pessoas viviam, trabalhavam e se divertiam. Os clubes eram legítimos representantes dos bairros. Havia clubes de todas as espécies: alguns só tinham o futebol, outros – como o Anhangüera -, além do futebol, tinham esportes variados como bocha e pingue-pongue e uma sede social respeitável, com bailes e concursos de todos os tipos.<br /><br />O Anhangüera era composto basicamente pelos filhos de imigrantes italianos que se estabeleceram no bairro anos antes. Era gente trabalhadora, em sua maioria pequenos comerciantes, tapeceiros, sapateiros. Meu avô, Osvaldo Tirone, era carroceiro de burros. Fazia viagens ao moinho Manetti Gamba – hoje Moinho Santo Antonio – para buscar sacos de farinha, sempre entornando seu garrafão de vinho. Dizem que foi um dos maiores valentes da região. Capitão do Sport do Anhangüera por vários anos, era um beque que sabia jogar, mas batia sem a menor complacência: no primeiro sinal de desrespeito o adversário voava.<br /><br />Eu dizia que os clubes representavam seus bairros. No começo da década de 50, o Sulamericano do Bom Retiro dispunha de um timaço, com um meio campista de classe chamado Perez, bom de bola e cheio de tarimba. Teve um jogo em 1952 entre Anhangüera e o Sulamericano que, por causa do Perez, tomou proporções inimagináveis. O problema é que o Perez era uruguaio e o jogo acabou virando um genérico de Brasil e Uruguai de dois anos antes; o Anhangüera se viu na obrigação de vingar o País; e o alviverde do Sulamericano, na pessoa do Perez, virou a Celeste. O jogo estava duríssimo, mas não completou cinco minutos; o bambu gemeu e o gringo teve que correr horrores dos “brasileiros” da Barra Funda.<br /><br />Não quero pregar a violência, pelo contrário; mas acho que o fair play tem limite. O futebol, pra um varzeano como eu, não pode ser concebido como mero espetáculo. Não admito o futebol como entretenimento, com clientes em vez de torcedores, jogadores inertes e profissionais a níveis inabaláveis. O Alemão... O Alemão tinha que ter dado uma saraivada no Maradona!<br /><br />Em 2014 quero uma final entre Brasil e Argentina. Não para redimir o Alemão, mas porque o maior clássico do mundo merece uma final de Copa. Só por isso. Não sairá de mim, caso o Brasil ganhe – tem que ganhar! -, aquele gol do Caniggia. Assim como aquela final de 50 pairará sobre o maior do mundo para sempre. Deixemos o maracanazzo, o Barbosa e os 200 mil em paz.<br /><br />O jogo dos meus sonhos da Seleção Brasileira, porém, vos confesso, seria contra um time que tivesse, entre seus jogadores, o goleiro Ramon Quiroga do Peru-78, o zagueiro Vicente de Portugal-66 e o volante Obdulio Varela do Uruguai-50. Que este jogo durasse apenas cinco minutos, e que esses três tivessem um dia como aquele do coitado do Perez. Sorte deles que é sonho, porque nesse jogo meu velho avô veste a camisa 3 canarinho.Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-89655712167797443172010-12-16T19:29:00.005-02:002010-12-18T12:52:44.100-02:00Anhangüera dá Samba XLA última roda do Anhangüera foi bacana pelo seguinte: nosso convidado especial era o um dos três grandes professores de samba do Szegeri - ele sempre disse isso, em várias oportunidades - que ainda não havia se apresentado no nosso terreiro. Chico Médico e Wilson Sucena, os outros dois, mataram a pau quando de suas convocações. (a propósito: anos de cancha os dois. Anos!)<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRirAiA0SJ-fB-nXi7wVMrxu3l0FIJOmVMlfLXvNznQChB5Vw-9hgbB1yA1ISdfvPk4ak8472PGP6tgJEe6EIetQKBV0xpvjYUKH5cbrhhMgQAiOeK-ui_qY0CBqXIzib76-hw/s1600/NeySilva+011.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRirAiA0SJ-fB-nXi7wVMrxu3l0FIJOmVMlfLXvNznQChB5Vw-9hgbB1yA1ISdfvPk4ak8472PGP6tgJEe6EIetQKBV0xpvjYUKH5cbrhhMgQAiOeK-ui_qY0CBqXIzib76-hw/s400/NeySilva+011.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551399227639976530" border="0" /></a><br />Ney Silva chegou manso, sentou-se, e ficamos conversando. Enquanto não era chamado, atendeu alguns pedidos pra sair na foto com um monte de gente. Reviu o lendário Almeida, amigo de tempos remotos, e se interessou pelo lugar. Pouco depois já estava na roda. Eu poderia dizer que Ney Silva foi acolhido pelo público, mas, antes, soltou da manga mais que um repertório malandreado: um domínio total, como poucos têm, de uma roda de samba. E a coisa é tão subjetiva que seria muita pretensão eu tentar explicar aqui; pra entender, é preciso ser iniciado no riscado. De mais a mais, foi uma grande satisfação trazê-lo. Neste ano de 2010 só havíamos convidado um paulista. Embora o Ney seja carioca, está radicado em São Paulo há tanto tempo que não tem como dissociá-lo dessa cidade. Meus agradecimentos à generosidade deste bamba, que emprestou pra toda a gente que estava lá, naquela puta noite, toda essa tarimba, galgada em muita noite, em muito samba. Clique no play:<br /><br /><object width="380" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/wFmiSUUnGPU?hl=pt&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/wFmiSUUnGPU?hl=pt&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="380" height="344"></embed></object><br /><br />Essa sexta, a última do mês - contando que as outras duas, de Natal e ano novo, não valem! -, tem o último Anhangüera dá Samba! do ano. Um ano especialíssimo pra gente, em que recebemos grandes nomes do samba. Ano também que superamos dificuldades de toda ordem. Eu poderia fazer aqui uma lista de agradecimento - o que sempre acaba sendo injusto. De todo modo, faço questão de deixar meu mais sincero abraço a todos os que gostam do Anhangüera, que prestigiam a gente há algum tempo. E dizer que teremos um 2011 de responsa, nessa mesma toada à qual nos propusemos desde o início.<br /><br />Nosso último convidado deste 2010, pra fechar o ano com chave de ouro, é o multi-artista Kiko Dinucci. Há tempo digo publicamente que Kiko é um dos maiores compositores brasileiros que apareceu nos últimos anos. Com quatro discos lançados em variados projetos, é um compositor diferenciado, que não se prende a um estilo, a uma regra. Kiko é do samba, do jongo, do batuque, do bumbo, da curimba!<br /><br />Deixo em anexo um áudio do malandro cantando uma de suas pérolas - um samba que gosto muito, que homenageia a minha Barra Funda: <i>Roda de Sampa</i>, gravada em 2008 no disco do Bando Afromacarrônico. Ouçam e constatem que se trata de um artista nato, um monstro - é como eu o encaro! -, meu amigo Kiko Dinucci.<br /><br /><table bgcolor="#000000" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td><embed quality="high" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" type="application/x-shockwave-flash" bgcolor="#000" src="http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/esnips_player.swf" flashvars="theTheme=blue&autoPlay=no&theFile=http://www.esnips.com//nsdoc/c5160282-c345-4897-8e44-5175ff7bd2a4&theName=10 Roda De Sampa&thePlayerURL=http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/mp3WidgetPlayer.swf" width="328" height="94"></embed></td></tr><tr><td><table style="font-family: Verdana,Arial,Helvetica,sans-serif; padding-left: 2px; color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none; font-size: 10px; font-weight: bold;" cellpadding="2"><tbody><tr><td><a style="color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com/CreateWidgetAction.ns?type=0&objectid=c5160282-c345-4897-8e44-5175ff7bd2a4"> Get this widget </a></td><td style="font-size: 7px; font-weight: normal;">|</td><td align="center"><a align="center" style="color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com/doc/c5160282-c345-4897-8e44-5175ff7bd2a4/10-Roda-De-Sampa/?widget=flash_player_esnips_blue"> Track details </a></td><td style="font-size: 7px; font-weight: normal;">|</td><td><a align="center" style="color: rgb(255, 102, 0); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com//adserver/?action=visit&cid=player_dna&url=/socialdna"> eSnips Social DNA </a></td></tr></tbody></table></td></tr></tbody></table><br />Até amanhã!Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-61993784383360650532010-11-30T19:38:00.002-02:002010-11-30T19:46:19.043-02:00Eu, Barra FundaUma das características mais fortes da cultura do nosso país é a seguinte: o sentimento de pertencimento. Ao longo do tempo, porém, e à medida em que as pessoas viviam em meios cada vez mais urbanizados, a coisa se perdeu, e este “sentimento” foi relegado a uma condição menor, a uma vergonhosa resignação ou, ainda, à uma bárbara falta de vontade de “crescer” – tanto do indivíduo quanto do Estado; quem nunca ouviu coisas do tipo “isso é o Brasil” ou “É por isso que este país não vai pra frente”?<br /><br />Há muito grassa por essas bandas uma subserviência de dar gosto. As elites, que botavam os filhos num navio pra estudarem na Europa fizeram um trabalho bem feito neste sentido; ficamos com a sensação de sermos irremediavelmente um povo muito abaixo, cultural e mesmo racialmente, dos povos que compõem os gloriosos países desenvolvidos: Brasil, um país de selvagens! De índios vagabundos e pretos arruaceiros.<br /><br />Daí se viu os grandes centros mais “avançados”, notadamente a capital federal Rio de Janeiro e São Paulo, com suas ruas, cafés e cabarés imitando o jeito do velho mundo. Estou falando de mais de um século atrás; antes disso, desde a casa grande, o barato é o mesmo. Historicamente, as elites econômicas e intelectuais não gostam do Brasil, não se sentem brasileiras – deve ser difícil se sentir, em qualquer nível (pra quem foi abençoado por Deus com os dotes do dinheiro e do glamour), irmão de um índio. Ou de um negro.<br /><br />O tempo correu. Vieram os imigrantes europeus pra tornar o país mais “branco” – eles nem sabiam disso -, veio a indústria cultural arregaçando nossas tradições mais caras, veio sopapo no capoeira e no sambista, veio o Rambo, as bandas de rock, as mega gravadoras, as insuportáveis bandanas com a bandeira norte-americana, veio o Benjamin Franklin com o <span style="font-style: italic;">time is money</span>, a internet, a globalização. Tudo isso jogou contra o tal sentimento de pertencimento do qual eu quero tratar aqui.<br /><br />Mas onde raios este sentimento conseguiu se segurar?<br /><br />A resposta, pra mim, é uma. E simples: nas camadas menos favorecidas da população. Na gente pouco suscetível ao bombardeio dominante. Sei que dirão os entendidos que são justamente eles, os não-estudados, os primeiros a sofrer o bombardeio. Antes, no entanto, de nos julgarmos mais protegidos, não sejamos arrogantes - eu diria até ingênuos. Essa turma que vive à margem, nas beiradas, nas periferias e subúrbios que reinventa, que resiste, apesar das vistas grossas a que são submetidos.<br /><br />Este povo que vive no meio urbano herdou* fortemente o sentimento que, no começo, pertenceu – ainda pertence - à caipirada, aos matutos descendentes dos índios que viviam no campo com o mínimo social e vital; que para sobreviver com este mínimo criou relações de parceria onde a religião era um pilar que humanizava. Que plantava, colhia, erguia a casa, caçava, comia, dançava, rezava e estabelecia relações com os do seu lugar porque sabia que precisava do outro, e que ajudar o outro era ajudar a si mesmo; porque não precisava ir além, nem achar que o de fora é melhor ou mais bonito. Esse povo que, antes de se referir à cidade, à vila ou à freguesia que pertencia, se caracterizava pelo sentimento de pertencimento ao bairro; para o caipira**, o bairro é a síntese de sua vida, é sua nação. É no bairro que ele tem tudo o quanto precisa.<br /><br />Eu costumo dizer que só conheço a Barra Funda e adjacências. Hoje é aniversário da Barra Funda. Eu sou um caipira.<br /><br /><span style="font-size:78%;">* um dos principais fatores constitutivos das periferias e subúrbios é o deslocamento dos indivíduos do meio rural para o urbano, no começo da industrialização.<br /><br />** este “caipira” do texto é característico do interior de SP, sul de MG e norte do PR, atingindo regiões do MS e GO. </span>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-40928374066120909882010-11-26T12:00:00.006-02:002010-11-26T15:33:47.034-02:00Anhangüera dá Samba XXXIXAntes de deixar aqui o registro da última roda de samba no Anhangüera, gostaria de dizer que este blogue ainda não parou de vez. Nestes últimos meses tenho tido pouco tempo pra atualizar este espaço. Acho - por enquanto - que o blogue ainda não deu tudo o que pode dar; há muita coisa que estou pesquisando e que ainda escreverei aqui. Histórias de gente anônima, mas importantíssima - do ponto de vista deste que escreve. Histórias de lugares e situações ímpares, sobre as quais sinto ter obrigação de escrever. É por isso que, mesmo tendo o número de visitas tendendo a zero, este espaço tratará das coisas que eu julgo valarem a pena, como o Anhangüera dá Samba, por exemplo, que caminha para 4 anos.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjbL6Ck7iEfejSv-akB2gQffpulTRq_nhjRVYk7Ji0_l7jPXQ2gpMbREki8CrB9wTmGUhD43OjzxUHsr9326Hmf61IKAKvnDY-l6Vm553CUoPh_RN9KozUTKBQKh_gOOmP8v-O/s1600/moacyr+005.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5543859686867936594" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: pointer; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjbL6Ck7iEfejSv-akB2gQffpulTRq_nhjRVYk7Ji0_l7jPXQ2gpMbREki8CrB9wTmGUhD43OjzxUHsr9326Hmf61IKAKvnDY-l6Vm553CUoPh_RN9KozUTKBQKh_gOOmP8v-O/s400/moacyr+005.JPG" border="0" /></a><br /><div style="TEXT-ALIGN: left">Mês passado tivemos a alegria e a honra de receber o compositor Moacyr Luz, um dos grandes nomes da música brasileira, um representante legítimo do samba carioca. A gente falava em trazê-lo há muito tempo, desde que começamos; e por um motivo ou outro a coisa ainda não tinha de realizado.<br /><br />Moacyr quis chegar cedo à roda; antes, inclusive, de os Inimigos do Batente passarem o som. E o Moa foi o único convidado, em 38 edições, que passou o som antes de se apresentar. Muita gente - já era esperado - foi assistí-lo. Gente que nunca havia ido, que não conhecia o lugar, muita gente do samba de São Paulo (Dadinho da VG do Camisa, o pessoal do Terreiro Grande, o pessoal dos Amigos do Samba, de Mauá, das Perdizes, da Penha, da Leste à Oeste e da Sul à Norte).<br /><br /></div><div style="TEXT-ALIGN: center"><div style="TEXT-ALIGN: left">Foi uma roda de samba daquelas! Pra se ter uma idéia, Paulinho Timor, sujeito não muito dado a emoções públicas, chorou igual criança, assim como muito marmanjo. O terreiro lotou, a noite estava quente, a cerveja gelada e o astral... deixa pra lá. Clique no play pra assistir a entrada do Moacyr Luz. Daí pra frente - quem não foi - tente imaginar o que se deu.<br /></div><br /><embed src="http://www.youtube.com/v/5-WUY8ZjUBM?fs=" hl="pt_BR" width="400" height="344" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" allowscriptaccess="always"></embed><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left">Além de a noite de sexta ter sido das mais bonitas do ano, passamos um sábado do jeito que a gente gosta, num grande botequim na minha área: peixes mil, cerveja, vinho, amigos do peito, causos bons de contar e de ouvir - eis aí o que vale a pena. Enfim, gostaria de agredecer publicamente a generosidade do Moa, um artista da linha de frente, um tremendo boa-praça!<br /></div><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHWldXg55Lk1q88IDrW3rryxY1cS-24RzeQJ0Om5e6F6wvVfCBRaSnGwMJz3V_U3EKjD4GPrD1xULJIKKFU4Ax0p1foTD0YwhBFd-kzUnRfcvNaGitAU-mk_QT-9jFsn3v-x5b/s1600/plinio.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5543874035087148450" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: pointer; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHWldXg55Lk1q88IDrW3rryxY1cS-24RzeQJ0Om5e6F6wvVfCBRaSnGwMJz3V_U3EKjD4GPrD1xULJIKKFU4Ax0p1foTD0YwhBFd-kzUnRfcvNaGitAU-mk_QT-9jFsn3v-x5b/s400/plinio.JPG" border="0" /></a><br />Hoje - a última sexta do mês! - tem mais uma edição do Anhangüera dá Samba! Os Inimigos do Batente recebem um de seus "professores" na arte do samba, o compositor, cantor e ritimista Ney Silva!</div><div style="TEXT-ALIGN: left"> </div><div style="TEXT-ALIGN: left">Carioca radicado na Paulicéia há tantos anos, Ney se auto-entitula, com grande propriedade, um "operário do samba". Pois, realmente, para além do ritimista consagrado pela atuação ao lado de artistas como Joao Nogueira, Beth Carvalho e Jair Rodrigues, do compositor de sucesso gravado por intérpretes do porte de Bezerra da Silva e Martinho da Vila (no clássico Na aba, em parceria com os também percussionistas Trambique e Paulinho da Aba), notabilizou-se por sua militância incansável, por incontáveis rodas e butiquins da cidade, a ponto de se ter tornado referência inconteste e quase sinônimo de "roda de samba".</div><div style="TEXT-ALIGN: left"> </div><div style="TEXT-ALIGN: left">Mais do que somente uma festa, mais do que uma simples homenagem, a roda deste mês é um tributo prestado pelo Anhangüera! e pelos Inimigos do Batente, em reconhecimento e gratidão ao mestre, pelos serviços prestados à roda de samba e por tantas lições recebidas em muitos anos</div><div style="TEXT-ALIGN: left"><br />Abraços e até daqui a pouco!</div></div>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-9137906320450447262010-10-29T16:09:00.000-02:002010-10-29T16:10:21.418-02:00Anhangüera dá Samba XXXVIIIEm cima da hora, antes tarde do que nunca, deixo aqui um pequeno registro da última roda no Anhangüera, em que convidamos Luiz Grande, um compositor maiúsculo do samba brasileiro. Quero deixar registrado aqui meu agradecimento público a esta grande figura, humilde como poucos, gentil, atencioso até com os inconvenientes de plantão - ainda bem que só foram dois, entre tantas pessoas que foram a seu encontro pra bater um papo, tirar uma foto, beber uma cerveja...<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwmfwb2nD7VouaevRUqakNIorO-zFP_6S5N7q0ap5vx9GqNeGojFYxxRsmOvT9NmlvI02oRz_hrY-0AIPteFCx3eMNYggubeEoSr8B0BjTzeKWHoKK2JzovxK6sov7ucUDv2Az/s1600/luizgrande+011.JPG"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwmfwb2nD7VouaevRUqakNIorO-zFP_6S5N7q0ap5vx9GqNeGojFYxxRsmOvT9NmlvI02oRz_hrY-0AIPteFCx3eMNYggubeEoSr8B0BjTzeKWHoKK2JzovxK6sov7ucUDv2Az/s400/luizgrande+011.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5533530948521530914" border="0" /></a><br />Luiz Grande tem tanta música boa que abriu mão de cantar vários sucessos. Deixou de cantar, também, vários pedidos que lhe fizeram, e disse assustado "porra, nem eu lembro disso aí!". Suburbano da melhor qualidade, o Luiz. E aquela noite - graças a ele - foi daquelas pra gente lembrar pra sempre. Assistam um trecho:<br /><div id=":1w"><br /></div><object width="385" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/1jd8rO19d7g?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/1jd8rO19d7g?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="385" height="344"></embed></object><br /><br />Pra essa edição - a de hoje! - receberemos um dos grandes compositores do Brasil. E será, pelo visto, uma noite daquelas. Acho que pela primeira faz um dia de sol como este no dia do Anhangüera dá Samba! Palavras de Fernando Szegeri:<br /><br /><div style="font-style: italic;" id=":1w">Mais uma edição de gala da roda de samba que há 3 anos e meio acontece toda última sexta-feira do mês. Desta feita, os Inimigos do Batente e o Clube Anhangüera convidam o aclamadíssimo cantor, violonista e compositor carioca Moacyr Luz!<br /><br />Sem dúvida nenhuma, um figura de máxima expressão na música brasileira, não só pelo invejável leque de parcerias, que vai de Aldir Blanc a Sereno, passando por Paulo César Pinheiro, Luiz Carlos da Vila, Wilson Moreira, Martinho da Vila, Nei Lopes, Hermínio Bello de Carvalho, entre tantos outros; não só pelo escrete de consagrados intérpretes que o gravaram, como Maria Bethânia, Beth Carvalho, Nana Caymmi, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Fafá de Belém, Emílio Santiago, Leila Pinheiro, Leny Andrade e, recentemente, Zeca Pagodinho; mas também por sua militância como uma espécie de embaixador da cultura carioca mundo a fora.<br /><br />O Bom Retiro e a Barra Funda incorporam a Tijuca, dão folga para o "urra, meu", capricham no chiado dos "esses" e "erres", para homenagear esse carioca tão querido nas terras de Piratininga.</div><br />Deixo no áudio Moacyr e Zeca cantando <span style="font-style: italic;">Vida da Minha Vida</span>, composição de Moacyr Luz e Sereno.<br /><br /><table bgcolor="#000000" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td><embed quality="high" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" type="application/x-shockwave-flash" bgcolor="#000" src="http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/esnips_player.swf" flashvars="theTheme=blue&autoPlay=no&theFile=http://www.esnips.com//nsdoc/cfa88fd8-1033-4a3c-b895-b758ad8aa068&theName=01-Vida Da Minha Vida (Part. Zeca Pagodinho)&thePlayerURL=http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/mp3WidgetPlayer.swf" width="328" height="94"></embed></td></tr><tr><td><table style="font-family: Verdana,Arial,Helvetica,sans-serif; padding-left: 2px; color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none; font-size: 10px; font-weight: bold;" cellpadding="2"><tbody><tr><td><a style="color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com/CreateWidgetAction.ns?type=0&objectid=cfa88fd8-1033-4a3c-b895-b758ad8aa068"> Get this widget </a></td><td style="font-size: 7px; font-weight: normal;">|</td><td align="center"><a align="center" style="color: rgb(255, 255, 255); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com/doc/cfa88fd8-1033-4a3c-b895-b758ad8aa068/01-Vida-Da-Minha-Vida-%28Part.-Zeca-Pagodinho%29/?widget=flash_player_esnips_blue"> Track details </a></td><td style="font-size: 7px; font-weight: normal;">|</td><td><a align="center" style="color: rgb(255, 102, 0); text-decoration: none;" href="http://www.esnips.com//adserver/?action=visit&cid=player_dna&url=/socialdna"> eSnips Social DNA </a></td></tr></tbody></table></td></tr></tbody></table><br />Até mais tarde!Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-78723069207423409422010-10-27T17:55:00.007-02:002010-10-27T18:06:06.583-02:00De Lula para LulaNeste dia em que Luis Inácio Lula da Silva, o maior presidente da nossa história, faz 65 anos, reproduzo texto monumental de meu amigo <a style="color: rgb(204, 0, 0);" href="http://hisbrasileiras.blogspot.com/">Luiz Antonio Simas</a>.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDcRq_vj8J5Tdt8r3SaRRCs408h6AFUtqkvx9X1Oskb4AYOotqZ_YscheeA1wm3sReWzAAXTTebl-E3jp2d2WL5nKaESOiQjnz7ANiz21-blQNLxJ5rHakIOnvfTOuhFsHfVrk/s1600/200px-Lula_-_foto_oficial05012007_edit.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 200px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDcRq_vj8J5Tdt8r3SaRRCs408h6AFUtqkvx9X1Oskb4AYOotqZ_YscheeA1wm3sReWzAAXTTebl-E3jp2d2WL5nKaESOiQjnz7ANiz21-blQNLxJ5rHakIOnvfTOuhFsHfVrk/s400/200px-Lula_-_foto_oficial05012007_edit.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5532818978777776658" border="0" /></a><br /><span style="font-weight: bold; color: rgb(204, 0, 0);">DECLARAÇÃO DE VIDA E DE VOTO</span><br /><br /><div style="text-align: justify;">Sou um homem comum, filho de mãe pernambucana e pai catarinense, criado por uma avó nascida no sertão das Alagoas, precariamente alfabetizada, e por um avô do litoral de Pernambuco com um pouco mais de estudo formal. Entre os meus familiares fui o primeiro a terminar o ensino médio e entrar numa universidade pública.<br /></div><div style="text-align: justify;">O Brasil em que fui criado passa longe, muito longe, de salões empedernidos, bancos acadêmicos, bolsas de valores, altares suntuosos, restaurantes chiques e esquinas elegantes. O Brasil dos meus olhos de criança e das minhas saudades de adulto é o dos campos de futebol, mercados populares, terreiros de macumba e rodas de samba.<br /></div><div style="text-align: justify;">Faço, do ponto de vista de minha vida profissional, exatamente o que queria fazer quando entrei na faculdade de História - dou aulas. Apesar de trabalhar com pesquisa, ter publicado livros e o escambau, meu negócio é mesmo ser professor.<br /></div><div style="text-align: justify;">Lido com alunos do ensino médio e do ensino superior. Prefiro os primeiros. Me divirto com a garotada. Lecionar me permite não usar terno, gravata, sapato e cinto para trabalhar. Esse foi, acreditem, um aspecto que pesou na escolha do babado.<br /></div><div style="text-align: justify;">Não tenho temperamento para ser dono de porríssima nenhuma. Fujo de responsabilidades que impliquem em dar ordens a alguém. Canto Noel, João do Vale, Wilson Batista, Geraldo Pereira e Pixinguinha enquanto trabalho e vejo nisso, como no batuque, um privilégio.<br /></div><div style="text-align: justify;">Dou aula sobre pecuária no Brasil Colonial puxando toada de boi bumbá; falo da abolição da escravidão cantando o samba da Mangueira de 1988 e sou - por opção e formação - tamoio, inconfidente, conjurado, balaio, cabano, malê, farrapo, capoeira, jagunço e quilombola.<br /></div><div style="text-align: justify;">Não ficarei rico nem a cacete e tenho a decência de não almejar fortuna. Não falta, porém, a comida na mesa e os caraminguás para fazer, vez por outra , uma graça com a mulher amada e tomar a cerveja gelada com os do peito. Acompanho o futebol e componho uns sambas. Tenho a vida simples e digna que todos os trabalhadores brasileiros merecem ter.<br /></div><div style="text-align: justify;">Acho um drible de Mané Garrincha mais elegante que desfile de moda, a feira de Caruaru mais sofisticada que a Daslu, a dança do mestre sala mais nobre que o pliê de um bailarino clássico e o gibão de couro de Luiz Gonzaga mais imponente que as fardas e galardões dos generais.<br /></div><div style="text-align: justify;">Não sou versado nos meandros da análise política mais consistente e me falta o jeito para expor gráficos, tabelas e babados que comprovem as melhorias - entre barrancos, tranqueiras e sonhos aqui e ali maculados - que o Brasil vivenciou nos últimos anos. Outros malungos, companheiros da mesma jornada, já fizeram isso com competência e quem quiser que conte outra ou salte de banda. O povo sabe.<br /></div><div style="text-align: justify;">Minhas razões para declarar meu voto nas eleições são de outra ordem e dispensam os números:<br />Eu vou de Dilma porque insisto em lançar sobre o Brasil uma mirada grávida de encantamentos, crenças, sons, defesas milagrosas, gols impossíveis, cheiros de litorais, aromas de florestas e afeto desmensurado pelo povo miúdo que, na sabedoria da escassez, reinventa a vida e civiliza o chão de onde vim e é a raiz melhor do que eu sou.<br /></div><div style="text-align: justify;">É só por isso, e assim me basta.<br /></div>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-9365334238507976222010-09-29T14:17:00.008-03:002010-09-29T14:37:28.793-03:00Para deputados e senador<span style="font-family:arial;">Chegou a hora do vamos ver. Daqui, humildemente, peço atenção aos textos desses dois gigantes, </span><span style="font-weight: bold;font-family:arial;" >Fernando Szegeri</span><span style="font-family:arial;"> e </span><span style="font-weight: bold;font-family:arial;" >Bruno Ribeiro</span><span style="font-family:arial;">, meus grandes companheiros. Tudo o que eles dizem, eu assino. Vamos juntos!</span><br /><br /><br />* Fernando Szegeri<br /><br />Como faço desde 1998, peço licença e tomo a liberdade de dirigir-me à minha lista de contatos para sugerir atenção especial para dois nomes, candidatos respectivamente a deputado estadual e a deputado federal pelo partido do qual faço parte, o Partido Comunista do Brasil – PCdoB.<br /><br />De <span style="color:red;">Alcides Amazonas</span> eu poderia dizer que foi um sindicalista notável, na combatividade incessante, na coragem implacável, e na lisura irretocável. Poderia dizer do seu empenho, quase obstinação, como vereador da cidade de São Paulo, na defesa de melhores condições para o dia-a-dia da classe trabalhadora, sobretudo no que tange à questão do transporte público. Poderia dizer de sua dedicação à causa pública, e sua intransigência na ênfase na defesa dos interesses coletivos, recentemente demonstrada à frente do escritório paulista da Agência Nacional do Petróleo. Mas isso vocês podem encontrar no seu <a href="http://www.alcidesamazonas.com.br/" target="_blank">site de campanha</a>.<br /><br />O que vocês não vão encontrar lá são as histórias do caboclo criado à beira do Xingu, que se emociona ao lembrar de sua professora de ginásio, que por acaso (quem acredita em acaso?) viria a ser... minha sogra! Vocês não vão conhecer lá as aventuras e desventuras dos tempos de motorista de ônibus, as batalhas do tempo do Sindicato dos Condutores. Nem o papo bom de butiquim, de um homem capaz de enfrentar o batalhão de choque no braço, de se inflamar contra uma inustiça e de se emocionar numa roda de samba (disfarçando, claro, e mal!). Nem vão ver o brilho no olho e a água na boca diante de uma boa carne de sol regada a uma “purinha do norte”!<br /><br /><br />De <span style="color:red;">Gustavo Petta</span> eu poderia dizer que foi presidente da UNE por dois mandatos, quando ficou conhecido como o “melhor amigo” do famigerado ministro Paulo Renato, manda-chuva da educação no governo FHC (dizem que o arquiteto do desmanche das universidades públicas brasileiras tem pesadelos até hoje com o ele...). Poderia dizer que foi o mais jovem secretário de esportes da cidade de Campinas, promovendo, em dois anos de gestão, uma pequena revolução no enfoque das políticas públicas para o esporte, sobrevalorizando o oferecimento de oportunidades para a população comum, por via da educação e do lazer. Poderia dizer que foi o idealizador e grande batalhador político pela instalação do Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA, em 2003, que revitalizou a vida cultural do tradicionalíssimo e tantas vezes esquecido bairro da Barra Funda, e que tanta importância teve na minha vida como sambista e na do meu grupo, os Inimigos do Batente. Mas isso tudo vocês encontrarão na sua <a href="http://www.gustavopetta.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=169&Itemid=47" target="_blank">página virtual</a>.<br /><br />Mas prefiro falar do Gustavo palmeirense, meu companheiro de arquibancada, que sofre e se desespera como poucos. Das tantas vezes que o via nas rodas de samba dos Inimigos no CUCA, calado, quietinho no canto, ouvindo e tomando umazinha com meu pai. Do menino que vi desabrochar como homem nas coisas da política, dos butecos e dos amores. Do prestígio que sempre devotou à arte a que me dedico. Das feijoadas de vila, na casa da sua irmã, e de todas as vezes que eu lhe pedi socorro, sem nunca me ter faltado.<br /><br />Prefiro falar, caríssimos, dos camaradas em que confio, pela história pública e pela amizade pessoal. Que sei de que lado estão e estarão sempre, e esse lado é o do povo mais humilde, do trabalhador oprimido, do artista popular. Que não vacilarão na defesa intransigente daquilo tudo em que politicamente acreditamos.<br /><br />É por isso que apresento a vocês os nomes de Gustavo Petta, deputado federal, <span style="color:red;">6510</span>, e de Alcides Amazonas, deputado estadual, <span style="color:red;">65100</span>.<br /><br /><br />* Bruno Ribeiro<br /><span style="font-size:130%;"><br /></span><span style="font-size:130%;"><a href="http://botequimdobruno.blogspot.com/2010/09/netinho-e-hipocrisia-dos-que-nunca.html">Netinho e a hipocrisia dos que "nunca erram"</a></span><h3 class="post-title entry-title"> </h3> <div class="post-header"> </div> <div align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:arial;">Queridos amigos,<br />.<br />É com certo desânimo que tenho recebido, de gente próxima a mim, comentários do tipo: “Você vai votar no Netinho para Senador? Aquele pagodeiro espancador de mulheres? Não acha uma contradição?”.<br />.<br />Queria dizer que não, não acho uma contradição. Netinho não é um “espancador de mulheres”. Ele cometeu uma agressão e pagou por isso. Ninguém está isento de errar na vida. Desconfio dos arautos da moralidade, dos que se dizem perfeitos e extremamente honestos ou justos. Tenho medo de quem nunca erra.<br />.<br />O leitor Sinval quer saber se vou votar em Netinho.<br />.<br />Por quê?, pergunta ele. Inicialmente, pensei em responder: “Porque sim”. Mas, como tenho visto muita gente indignada com a adesão que a candidatura do negão tem recebido, vou tentar justificar meu voto, sendo breve e direto:<br />.<br />1) Esse papo de que Netinho bateu na ex-mulher e que, por este motivo, não poderia se candidatar, é <strong>hipocrisia pura</strong>. Num momento de descontrole, no calor da discussão, ele cometeu uma agressão, foi processado, pagou por isso, pediu perdão, foi perdoado e ganhou elogios até da Maria da Penha, a grande feminista brasileira. Muita gente que o critica tem o telhado de vidro. Ninguém está isento de cometer uma agressão e isso não faz de alguém, necessariamente, um criminoso. Ficar revirando o passado de alguém que já pagou pelo crime é uma atitude abjeta e que denota, no caso específico do Netinho, perseguição por motivos políticos, ódio de classe e/ou racismo.<br />.<br />2) Votarei em Netinho porque, num eventual governo Dilma, ele estará do nosso lado. <strong>Netinho é do PC do B, partido que está na base aliada do governo</strong> desde o primeiro mandato de Lula. Ter muitos aliados no Senado é fundamental. Os senadores criam e alteram leis no âmbito federal. Quanto menos aliados Dilma tiver no Senado, mais dificuldades ela terá para governar. Em São Paulo, só temos dois candidatos governistas ao Senado: Marta Suplicy e Netinho de Paula. É óbvia a razão pela qual votarei em ambos: se voto em Dilma, voto em quem está com ela. Do contrário, eu estaria atrapalhando o futuro governo.<br />.<br />3) Por fim, posso dizer que também acreditei, um dia, que Netinho pudesse ser um candidato fabricado, um aventureiro, um oportunista. Só que não fiquei no achômetro. Não dei muita atenção para boatos. Fui atrás de informações seguras, consultei fontes confiáveis e gente do partido, li entrevistas concedidas por ele, falei com o próprio candidato e, então, percebi que <strong>eu estava sendo preconceituoso</strong>. Eu não o conhecia fora do contexto midiático e fazia um julgamento apressado, baseado somente em impressões erradas adquiridas pela televisão. Essa "caixa de fazer doido" é mesmo coisa séria. </span></span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:arial;">.</span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;"><span style="font-size:100%;">Resumindo: o fato de Netinho ser um “pagodeiro” (como dizem alguns em tom de deboche) não o impede de ser um bom político e de exercer dignamente o seu mandato. Nem o fato de ser preto e da periferia. Esses são detalhes que não fazem dele um homem melhor ou pior, mas acrescentam qualidades simbólicas à sua eleição. Esses oito anos de governo Lula derrubaram muitos mitos. Um deles é o de que pessoas de origem humilde não são capazes de ocupar cargos de protagonismo na política nacional. Conversando com Netinho, percebi que ele está muito mais preparado do que certas raposas velhas que estão no Congresso há décadas.<br />.<br />Para quem ainda acha que <strong>Netinho de Paula (650)</strong> não tem condições de ser senador, recomendo vivamente a entrevista abaixo. Nela, o candidato se mostra bem articulado e consciente ao falar sobre suas pretensões políticas, sobre comunismo e sobre o caso da agressão, entre outros temas que rondam as boca.</span></span><span style="" lang="EN-US"><br /><br /><object width="410" height="344"><param value="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf" name="movie"><param value="high" name="quality"><param value="midiaId=1336204&autoStart=false&width=410&height=344" name="FlashVars"><embed flashvars="midiaId=1336204&autoStart=false&width=410&height=344" type="application/x-shockwave-flash" quality="high" src="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf" width="344" height="344"></embed></object></span> </div>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-25455771167605604722010-09-23T19:10:00.004-03:002010-09-23T19:48:52.861-03:00Anhangüera dá Samba XXXVIIO Anhangüera dá Samba! volta amanhã após dois meses sem atividade. Muitos boatos acabaram correndo à boca pequena sobre essa paralisação. Em respeito aos freqüentadores do samba – um dos mais festejados de São Paulo -, tenho cá a convicção de que é hora de lhes dizer o que houve, para que não mais paire dúvidas; quem "corre pelo certo" não tem o que escamotear.<br /><br />O Anhangüera não tinha absolutamente nenhuma programação às sextas feiras. Eu, no começo de 2007, sob a gestão de Sidnei Caran, o Nariz, diretoria da qual eu fazia parte, propus, em reunião, o Anhangüera dá Samba! como um evento do clube. A mesa tinha cerca de 20 diretores. Após analisarem o projeto, os números e que-tais, foi deliberado, por maioria, que o clube não assumiria um evento de tal proporção, sob o argumento de que as chances de a coisa dar errado eram grandes. Assumi a bronca, a partir de então, alugando o espaço e metendo o peito, na fé e na raça – ombreados ao meu lado nessa empreitada cultural, Fernando Szegeri e Railidia Carvalho.<br /><br />Durante a gestão do Nariz – um grande presidente, é preciso dizer - a coisa caminhou bem, com o clube valorizando o movimento, sentindo a projeção do nome da agremiação. Em 2009, uma nova chapa assumiu. Indicada, inclusive, por meu pai e pelo Nariz. A coisa começou a desandar a partir daí. Não vou falar aqui, nem agora, detalhes da gestão atual – a pior dos 82 anos do Anhangüera! -, só digo que há dois anos fazem de tudo pra acabar com o nosso samba. Motivo decente, sinceramente, não há.<br /><br />O que há é o Anhangüera dá Samba!, e o troço incomodou – e incomoda! – muita gente, de modo que foi um sufoco a gente segurar a bronca durante um ano e meio, até o dia em que fui comunicado, de maneira arbitrária, que a gente não poderia mais fazer. A coisa só se resolveu e voltou agora por causa de um grande amigo, um sujeito de bem, que me pediu pra que não revelasse sua identidade, que me propôs uma ajuda pra pagar o absurdo que me foi imposto pelo espaço. <div><br />Resumindo, é isso. Mais pra frente, pretendo contar as afrontas cometidas por sujeitos que não sabem o que é o Anhangüera, que não conhecem a história do clube, nem da Barra Funda. Que não gostam de samba e das coisas nossas. Mas isso é pra outra hora. Por ora, estou aliviado com o fim dessa gestão no final do ano.</div><br /><div></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5520241344873453410" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7tA_nEbeVSsiz2LCvQ0Lhtb3VCSAQF9HAv4IG28iCUiP1F2Bwc2dOR2M4YSVfTc_VtESnrBQGskeLdPVT7Gdm1fbCO4cSr1oPOTV3ZxtpWdkjv55s1fMWfk6v-FGh4PQ9nWZv/s400/nogueira+002.JPG" border="0" /><br /><div></div><div></div><div>Na última edição, em Junho, recebemos, pela segunda vez (veja a primeira <a href="http://anhanguera.blogspot.com/2008/10/pouco-antes-dos-inimigos-do-batente.html"><span style="color:#3333ff;">aqui</span></a>), Gisa e Didu Nogueira como convidados especiais – dessa vez homenageando o monstro João Nogueira, que falecera há 10 anos. Como da outra vez, comecei bebendo com o Didu e o Celso, marido da Gisa, no bar do Ge, às 18h. A noite foi – não teria como ser diferente – daquelas que a gente não esquece. Gisa é de uma ternura inenarrável, e meu amigo Didu, a cada encontro, demonstra que é, à vera, um bamba de peso, consciente da responsa que tem grafada no nome e no sangue. No vídeo, os dois cantam <em>Além do Espelho</em>:</div><div> </div><div></div><div></div><div></div><object height="344" width="410"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/30_GGNi2Qvs?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/30_GGNi2Qvs?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="410" height="344"></embed></object><br /><div></div><div></div><br /><div></div><div>Amanhã, na volta, receberemos ninguém menos que Luiz Grande. Deixo com vocês palavras do meu compadre, Fernando Szegeri: </div><br /><div>“Um dos últimos remanescentes do escrete de sambistas legendários que participou da gravação dos antológicos discos da série Partido em 5 (que reuniu craques como Candeia, Velha da Portela, Joãzinho da Pecadora, Gracia do Salgueiro, entre outros), Luiz Grande atingiu imenso sucesso como compositor, sobretudo nas vozes de seus dois maiores intérpretes: João Nogueira (<em>Maria Rita, Amor de dois anos, Meu Dengo, A força do samba, Na boca do mato, Malandro 100</em>) e Zeca Pagodinho (<em>Dona esponja, Preservação das raízes, Mary Lu, Caviar</em>). Parceiro do próprio João Nogueira, de Toninho Nascimento, Rubens da Mangueira, Joãozinho da Pecadora entre muitos outros, mais recentemente firmou aclamada parceria com Barbeirinho do Jacarezinho e Marquinhos Diniz, formando o famosíssimo Trio Calafrio. </div><br /><div></div><div>Pagode pra valer, roda de malandro, certeza de muito partido alto, com uma estrela de primeira grandeza da constelação dos grandes bambas brasileiros: receita infalível para o retorno da mais comentada roda de samba da cidade.”</div><div></div><br /><div>Na caixa, música de Luiz Grande, Zeca Pagodinho canta <em>Caviar</em>.</div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div><table cellspacing="0" cellpadding="0" bgcolor="#000000"><tbody><tr><td><embed pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/esnips_player.swf" width="328" height="94" type="application/x-shockwave-flash" quality="high" bgcolor="#000" flashvars="theTheme=blue&autoPlay=no&theFile=http://www.esnips.com//nsdoc/c22a02e8-e694-4ad3-b91f-95db523226dc&theName=Caviar - ZECA PAGODINHO&thePlayerURL=http://www.esnips.com//escentral/images/widgets/flash/mp3WidgetPlayer.swf"></embed></td></tr><tr><td><table style="PADDING-LEFT: 2px; FONT-WEIGHT: bold; FONT-SIZE: 10px; COLOR: #ffffff; FONT-FAMILY: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; TEXT-DECORATION: none" cellpadding="2"><tbody><tr><td><a style="COLOR: #ffffff; TEXT-DECORATION: none" href="http://www.esnips.com/CreateWidgetAction.ns?type=0&objectid=c22a02e8-e694-4ad3-b91f-95db523226dc">Get this widget </a></td><td style="FONT-WEIGHT: normal; FONT-SIZE: 7px"></td><td align="middle"><a style="COLOR: #ffffff; TEXT-DECORATION: none" href="http://www.esnips.com/doc/c22a02e8-e694-4ad3-b91f-95db523226dc/Caviar---ZECA-PAGODINHO/?widget=flash_player_esnips_blue" align="center">Track details </a></td><td style="FONT-WEIGHT: normal; FONT-SIZE: 7px"></td><td><a style="COLOR: #ff6600; TEXT-DECORATION: none" href="http://www.esnips.com//adserver/?action=visit&cid=player_dna&url=/socialdna" align="center">eSnips Social DNA </a></td></tr></tbody></table></td></tr></tbody></table></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div>Até amanhã. Todos lá!</div>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-17191859438741022682010-09-20T18:59:00.006-03:002010-09-20T19:44:56.371-03:00Diretorias da A.A. Anhangüera<div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-GlW_l6tj5qPS3Mmdkg26h6d2ZU4Grkk05KNjfM4C7I3Yrln6Iewo8ravDD5p0duYdpd_PcxihekXMOVjuY4uKwZiCvszjr6K_OcZERr_Jc_nZeFzs3oTVdwIRC9GacIDivUp/s1600/1941.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 321px; height: 323px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-GlW_l6tj5qPS3Mmdkg26h6d2ZU4Grkk05KNjfM4C7I3Yrln6Iewo8ravDD5p0duYdpd_PcxihekXMOVjuY4uKwZiCvszjr6K_OcZERr_Jc_nZeFzs3oTVdwIRC9GacIDivUp/s400/1941.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5519125497472869106" border="0" /></a>Diretoria de 1941<br /></div><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-GlW_l6tj5qPS3Mmdkg26h6d2ZU4Grkk05KNjfM4C7I3Yrln6Iewo8ravDD5p0duYdpd_PcxihekXMOVjuY4uKwZiCvszjr6K_OcZERr_Jc_nZeFzs3oTVdwIRC9GacIDivUp/s1600/1941.JPG"> </a><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1FxuAAr_8OPOAhHw1fGth9-N0BvhJTuKA3DVj2iciKtwFI-Rj9Xxfge1GPiXp-Cg6encQCPshqrjLT4WcoB0I_YEEvDXpeg-RDl86lLG7-bTCTS077XUe2iv3QwaKbVNFLg_T/s1600/1955.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 291px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1FxuAAr_8OPOAhHw1fGth9-N0BvhJTuKA3DVj2iciKtwFI-Rj9Xxfge1GPiXp-Cg6encQCPshqrjLT4WcoB0I_YEEvDXpeg-RDl86lLG7-bTCTS077XUe2iv3QwaKbVNFLg_T/s400/1955.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5519125502845302562" border="0" /></a>Diretoria de 1958<br /></div><br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYpwGBJHPpUPxX8gE5Ba6S527RoaKi5k3tuLYO1KRx6kNpaGNv1PW_FXQww5YmUu03h7WyZkWIhz7KHoSatGFoRroQv39FJ4HB7NaCPrzK06tq1DEQRy9hVrqVdUng4HMG9QwR/s1600/1970.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 303px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYpwGBJHPpUPxX8gE5Ba6S527RoaKi5k3tuLYO1KRx6kNpaGNv1PW_FXQww5YmUu03h7WyZkWIhz7KHoSatGFoRroQv39FJ4HB7NaCPrzK06tq1DEQRy9hVrqVdUng4HMG9QwR/s400/1970.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5519125513024885698" border="0" /></a>Diretoria de 1970<br /></div><br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOzcO2ezH3hgoMxcF5uBRlq1NijQA6KrrvJ3v4Fp078EWxY0Ni9ATkgWPXvwRRYabaOEPLSkzc4k0kO3kTfKmcm9fxvPr4gcSaDtq6BfQmiGxZVWpA8DN2VWNBNxj8b08pOn8w/s1600/1975.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 295px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOzcO2ezH3hgoMxcF5uBRlq1NijQA6KrrvJ3v4Fp078EWxY0Ni9ATkgWPXvwRRYabaOEPLSkzc4k0kO3kTfKmcm9fxvPr4gcSaDtq6BfQmiGxZVWpA8DN2VWNBNxj8b08pOn8w/s400/1975.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5519125524844952194" border="0" /></a>Diretoria de 1975<br /></div><br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvvCiK1lrzdqnTOi_s85uVX1QmTcF_VyRGZpfiwrGu_AAwzIUUe8p9XiXHilY5HKWPPW5T6UrZ__2qZlNeoZte8dO1JrxhmcCZZ4wDIQzkYPOEehMdsmz8ZGTxhW3xN0-YGrzo/s1600/1989.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvvCiK1lrzdqnTOi_s85uVX1QmTcF_VyRGZpfiwrGu_AAwzIUUe8p9XiXHilY5HKWPPW5T6UrZ__2qZlNeoZte8dO1JrxhmcCZZ4wDIQzkYPOEehMdsmz8ZGTxhW3xN0-YGrzo/s400/1989.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5519125532478805602" border="0" /></a>Diretoria de 1989<br /><br /></div><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoplqVgnhMtEXw0Duu_93Rh7LFucx3K1TwFO9SodBPufnhz62jjBvbuhKinyVDREhhtPLlZrtesz3V4HyutHqWiGesCOgy1Aj5AG0MLXgCyLCPPIT0FBi5sj733qqRTY2NvSvT/s1600/1998.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 271px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoplqVgnhMtEXw0Duu_93Rh7LFucx3K1TwFO9SodBPufnhz62jjBvbuhKinyVDREhhtPLlZrtesz3V4HyutHqWiGesCOgy1Aj5AG0MLXgCyLCPPIT0FBi5sj733qqRTY2NvSvT/s400/1998.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5519129427174541730" border="0" /></a>Time da diretoria de 1998<br /></div><br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUoSjY52nK2GZ1LtC5mw8ia-m2bDBbaFdYOUAXLEuwYAQBSirxZ8tREgQdscag1aep1-I1SAICSwXUcZ0Co7jmGuNvHtQ1RzjuYh1VBaIPf9gV4Ls1fZclZN_YcpfWOgpM0ZS3/s1600/atual.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 225px; height: 238px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUoSjY52nK2GZ1LtC5mw8ia-m2bDBbaFdYOUAXLEuwYAQBSirxZ8tREgQdscag1aep1-I1SAICSwXUcZ0Co7jmGuNvHtQ1RzjuYh1VBaIPf9gV4Ls1fZclZN_YcpfWOgpM0ZS3/s400/atual.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5519129433384222690" border="0" /></a>Diretoria atual<br /></div>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-44564412697887462772010-09-10T11:55:00.005-03:002010-09-10T12:22:56.893-03:00O bom vingador<span style="font-size:85%;">* Para Railídia Carvalho</span><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmdOuUrBHhH6bQA3fhIU4E32RyIsu0l9R0ye-n5u1NSiB81zfsOo6O1ogvyhDRX-_6S2G0ZcQQCF0SJsdmACD3ge7gfqkZXTPCJWk4g1FIbB596bXrDrqLPHpMfPrebGrfA633/s1600/pedro.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 171px; height: 295px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmdOuUrBHhH6bQA3fhIU4E32RyIsu0l9R0ye-n5u1NSiB81zfsOo6O1ogvyhDRX-_6S2G0ZcQQCF0SJsdmACD3ge7gfqkZXTPCJWk4g1FIbB596bXrDrqLPHpMfPrebGrfA633/s400/pedro.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5515300681537221170" border="0" /></a><br />De todos os grandes personagens que moram no inconsciente popular, o que mais me encanta é a figura de Pedro Malazartes. Da Península Ibérica, suas histórias vieram para o Brasil e se multiplicaram aos montes, principalmente nos ambientes rurais e menos urbanizados. Em contraste às histórias portuguesas, no entanto - em que Pedro aparece como um molóide que leva tudo ao pé da letra e vira motivo de chacota -, no Brasil ele é astuto, cínico, invencível, vingativo e pobre, e essas características o elevam a legítimo herói das classes menos abastadas.<br /><br />Todas as histórias de Pedro Malazartes, aqui no Brasil – influenciadas pela mescla cultural com os africanos - enveredam para um lado social, em que o personagem geralmente lida com gente poderosa e mesquinha. Pedro, com sua esperteza, sempre se sai bem, e suas vitórias são marcadas irremediavelmente pela vingança. O que o faz ser um herói é justamente esta característica, tão oposta à serventia e resignação da maioria do povo.<br /><br />Mestre Câmara Cascudo relatou as origens de Pedro Malazartes:<br /><br /><span style="font-style: italic;">"Um casal de velhos possuía dois filhos homens, João e Pedro, este tão astucioso e vadio que o chamavam Pedro Malazartes. Como era gente pobre, o filho mais velho saiu para ganhar a vida e empregou-se numa fazenda onde o proprietário era rico e cheio de velhacarias, não pagando aos empregados porque fazia contratos impossíveis de cumprimento. João trabalhou quase um ano e voltou quase morto. O patrão tirara-lhe uma tira de couro desde o pescoço até o fim das costas e nada mais lhe dera. Pedro ficou furioso e saiu para vingar o irmão."</span><br /><br />Importante notar que Pedro, em oposição ao irmão mais velho, não é trabalhador, nem responsável, muito menos servil. Pedro vai trabalhar para o ex-patrão de João, assinando o mesmo contrato “impossível de cumprimento”. A história se desenrola com uma série de episódios em que Pedro vinga o irmão através da astúcia, e neste “causo” o Pedro Malazartes “brasileiro” se funde ao “português”. Atendendo o contrato ao pé da letra, Pedro vai vencendo o patrão a cada missão que lhe é imposta. Por exemplo: o patrão explorador ordena que Pedro limpe todo o milharal. Pedro arranca toda a plantação e varre o terreno. A cada tarefa, o patrão vai ficando mais pobre e mais inconformado – embora, pelo contrato, não pudesse demonstrar insatisfação, correndo o risco de ter uma tira de couro arrancada de suas costas.<br /><br />À medida que Pedro vai vencendo, o patrão vai apelando. Numa outra tarefa, mandou Pedro guardar a carroça de burros, com os burros, dentro de uma casa; mas sem passar pela porta! Pedro quebra a carroça, corta os burros em pedacinhos e joga tudo pela janela. Assim, Pedro vai derrotando o patrão impiedosamente, até o dia em que o patrão, por engano, mata a própria mulher pensando que era nosso herói.<br /><br />O fim dessa história narra o patrão implorando a Pedro que vá embora, já que havia acabado com todo o seu poder. Pedro volta rico e, o principal, com a missão de vingança cumprida. Roberto da Matta, em “Carnavais, Malandros e Heróis”, aborda a história de Pedro Malazartes com notável proficuidade. Num dos pontos principais, chama a atenção para o fato de que Pedro não deseja ocupar o lugar do patrão explorador e poderoso, mas apenas vingar o irmão. Se o fizesse, se tornaria ele o patrão-sanguessuga.<br /><br />E é aí que se nota uma grande diferença do sujeito pobre para o rico, na visão do brasileiro médio: o pobre detém qualidades intrínsecas, às quais o rico não tem acesso, como a bondade e a compaixão. Ao rico são confiadas qualidades ligadas à sua fortuna, ao que possui materialmente.<br /><br />Pedro é um errante, um andarilho que está em todos os lugares. Vivendo na corda bamba, geralmente aprontando alguma pra conseguir alguma coisa pra comer. Não se rende às regras do mundo, ao trabalho formal, aos aproveitadores; Pedro Malazartes é o bom malandro, o herói franzino que não briga através de armas, mas sim pela irreverência, artimanha da malandragem que vive à margem. É, em suma, uma espécie de Zé Pelintra caipira. Um marxista não muito ortodoxo, mas marxista. Um vingador das classes dominadas, redentor da gente sofrida.<br /><br />Acho mesmo, no fim e ao cabo, que o povo tem deixado de ser fã do Pedro pra passar a ser um pouco como ele. Hoje, em geral, a empregada não aceita que a patroa lhe imponha um candidato pra votar.<br /><br />Há inúmeras situações em que se pode provar que Malazartes faz suas traquinagens e que resistimos. Seja no meneio de corpo de um capoeira que correu da polícia, na tacada certeira na caçapa, no perfume da menina-moça, na tradição oral e no batuque ancestral, no discurso do nosso Presidente...Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-19306938545624424002010-08-31T19:02:00.003-03:002010-08-31T19:13:47.196-03:00Serra vai acabar votando DilmaConheci Fernando Henrique Borgonovi em meados de 2003, na saudosa roda de samba do CUCA, na Rua Anhangüera. Os Inimigos do Batente, sob a coordenação da UNE comandavam a batucada todas as sextas. Borgonovi era um daqueles jovens estranhos – pelo menos pra mim -, os quais eu jamais tinha visto, que chegaram com tudo na minha área, a velha e combalida Barra Funda. Eles vinham aos bandos e tomavam de assalto o “parquinho”, apelido carinhoso dado pela molecada do bairro da década de 60 ao espaço Raul Tabajara, um parque esportivo idealizado por Mario de Andrade.<br /><br />Aquela turba provocou uma verdadeira reviravolta na vida do meu bairro – ainda ninguém sabia que aquilo impactaria toda a cidade e o samba paulistano. A começar pelas moças; quanta beldade num só ambiente! Pra quem não sabe, a Barra Funda é um bairro autenticamente velho. Não há mais donzelas formosas, nem sirigaitas oferecidas que freqüentem estes ambientes varzeanos. As poucas, quando saem de casa, rumam pra fora, em busca de um lugar menos hostil. Lembro-me da primeira vez em que vi aquela moçada toda – todos branquinhos, limpinhos e, aparentemente, frágeis – cantando umas coisas lindas do arco da velha; e a Railídia mandando Clara Nunes, pra delírio da negrada da Camisa Verde e Branco que começou a chegar.<br /><br />Borgonovi era um bêbado inveterado, e talvez por isso acabei simpatizando com a figura. Aos poucos fomos ficando amigos, bebendo juntos no Ó do Borogodó, no Puppy e em outros bares da região da Paulista – sem ele, uma mesa de bar sofre tremendo desfalque, muito embora sempre acabe, irremediavelmente, dormindo em público. Se me perguntarem quando ficamos amigos, não sei. Tenho a sensação de que há muito tempo. Comunista, militante aguerrido, trabalhador incansável, tem como maior defeito ser palmeirense. E trata-se de um caneta terrível, dotado de feroz sagacidade. É daquele tipo que tem as grandes tiradas. Um camarada do peito, enfim, a quem se deve respeitar.<br /><br />Digo tudo isso do meu amigo porque ele publicou - já tem um tempinho - um texto no Vermelho que quero deixar registrado aqui. Só o título bastaria pra escancarar a verve do autor. Há assuntos que os meus escrevem por mim – leiam os caboclos que eu indico aí ao lado. E fiquem com o imprescindível Borgonovi, brasileiro e suburbano de altíssimo quilate!<br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">SERRA VAI ACABAR VOTANDO DILMA</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">Eis o fato. Em entrevista a uma rádio do Recife, José Serra criticava o patamar da taxa de juros, dizia ainda outra vez que é de esquerda e ladainhas outras. De repente, ao desviar dos assombrosos índices de popularidade de Lula, tal como o peixe, morreu pela boca. "O Lula está acima do bem e do mal. Não me compare com ele", afirmou o candidato de oposição.</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">É impressionante como falta de discurso, a inexistência de projeto para o país acabou produzindo um tipo de candidatura sui generis: aquela que para tentar derrotar Lula precisa convencer o eleitorado que é mais lulista do que o próprio.</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">Tática um tanto perigosa para eles. Vá lá que martelassem o engodo do "pós-Lula". Mas agora o oportunismo chegou ao descaro completo: fingem adorar, como um santo no altar, o presidente que tentaram derrubar em 2005, a quem fizeram sistemática oposição nestes quase oito anos.</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">O cristão novo não é só o candidato a presidente. Aos poucos a linha vai angariando adeptos no restante de seu partido. Quando confrontado com a afirmação de Serra, o ainda senador Sérgio Guerra saiu-se com essa: "Temos as nossas restrições, mas o fato concreto é esse. Não é oportunismo dizer que Lula está acima do bem e do mal."</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">Se não há oportunismo, então há conversão, catequese. Sendo assim deveriam admitir de público os êxitos do presidente e do governo. Deveriam ainda se penitenciar para comprovar o arrependimento, afinal a humildade é uma das virtudes cristãs.</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">Ironias à parte, fiquemos por hoje com a opinião dos próprios tucanos. E, se Lula escolheu a Dilma, espera-se que os novos devotos também o sigam.</span>Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-49860384703617114472010-08-18T01:15:00.010-03:002010-08-18T14:35:20.870-03:00O peso da camisa<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHBOgpS0gJN6udwaDh2HD6i62V2bl0ddMND7dA1LFjsnSroi6S8XUxE68So7yP0SOV8oBW7jB92-3kQ7n8oDc8GhEHSYz9Rryq0w1IAK4luCVsVD3cyExFPZkGsnPKIEBP9aDL/s1600/imagem.bmp"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 208px; height: 225px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHBOgpS0gJN6udwaDh2HD6i62V2bl0ddMND7dA1LFjsnSroi6S8XUxE68So7yP0SOV8oBW7jB92-3kQ7n8oDc8GhEHSYz9Rryq0w1IAK4luCVsVD3cyExFPZkGsnPKIEBP9aDL/s400/imagem.bmp" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5506601123585446290" border="0" /></a><br />Domingo passado jogaram, pelas semifinais dos Jogos da Cidade, Anhangüera contra Nacional do Bom Retiro. O prélio aconteceu no campo do Nacional, que fica de frente para o Anhangüera, na Rua Anhaia.<br /><br />Antes de falar do jogo, é preciso fazer algumas considerações. A primeira é que o futebol varzeano é infinitamente mais interessante que o profissional, e não vou perder tempo explicando o porquê – sobre isso já escrevi várias vezes.<br /><br />Segundo é que, para falar de tal embate, é preciso remontar a história dos times. Não resta dúvida de que, há alguns anos, Anhangüera e Nacional sejam, de fato, os maiores rivais um do outro. Por um simples motivo: não há mais times na região! O fato de o Anhangüera estar localizado desde 1970 naquele espaço jamais alterou sua posição geográfica: somos um time da Barra Funda, e ali dentro é Barra Funda. Nosso grande rival sempre foi o Carlos Gomes, e tivemos outros como Grajaú, XV de Novembro e Faísca. Havia rivalidade com os times do Bom Retiro, mas aí a questão não remete à camisa, mas ao bairro. Jogar contra o Nacional ou contra o Junqueira, por exemplo, era a mesma coisa. No caso deles, a mesma regra.<br /><br />Com o fim dos campos e, conseqüentemente, das instituições, sobraram, de maneira sofrida e não sem muito esforço estes dois times, tradicionalíssimos. O Nacional é de 1913 e talvez figure entre os dois ou três mais antigos da cidade, o Anhangüera é de 1928. Aí reside, na minha opinião, o charme do jogo.<br /><br />Os dois clubes nunca foram times de função – também não estou disposto a explicar aos não-iniciados o que isso significa, já que este é um texto exclusivamente para os anhangüeristas -, a diferença é que o Anhangüera tinha muita visibilidade na região por causa de seus responsáveis corpos diretivos e pelos bailes e eventos sociais acachapantes. E assim a coisa perdurou, até que, há poucos anos, o Nacional sofreu uma intervenção da prefeitura e perdeu o direito de comandar o clube.<br /><br />Aí começa outro processo histórico. Com o fim dos times da região nos últimos anos, a saída pra quem ficou sem pai nem mãe era ir para um ou para outro. O Anhangüera, no entanto, com uma postura mais conservadora, preferiu não abrir espaço pra muita gente, e passou por um racha interno que deu fim ao nosso primeiro quadro. O Nacional, como franco-atirador, abraçou essa gente, principalmente jovens do bairro entre 15 e 25 anos, incluindo alguns ex-jogadores do Anhangüera.<br /><br />No campo, domingo passado, a configuração das torcidas era mais ou menos a seguinte: 70 torcedores do Anhangüera, com média de 50 anos, e 150 torcedores do Nacional, com média de 20 anos. Prefiro a primeira. E no campo, mais do nunca, confirmei a célebre frase de Nelson Rodrigues, que dizia que todo jovem é um cretino fundamental. O alambrado de um campo varzeano não é arquibancada do Pacaembu e a Quadrilha Maluca – é esse o nome da “torcida organizada” do Nacional; não confundam com a turma do Dedé Santana – não é a Gaviões da Fiel.<br /><br />Tirante este assunto menor, vamos ao jogo.<br /><br />Foi um senhor jogo, com chances para os dois lados. O fator campo sem dúvida fez uma diferença e o time alvi-negro deu uma pressão no começo. Depois dos 15 minutos, foi lá e cá, com o goleiro deles, com incríveis 1,60m, fazendo duas defesas inacreditáveis, com direito à acrobacias e piruetas. Um baita goleiro!<br /><br />O Nacional vinha com a linha de frente a conferir: Ricardo e Nei, os dois ex-jogadores nossos, reconhecidamente bons atletas, o segundo tendo se criado no rubro negro, sob a batuta do velho Dinão. Ricardo vinha parado – pasmem! – há seis meses. Começo aqui a delinear o objetivo do texto, que está lá em cima, no título.<br /><br />A camisa rubro-negra não é mole. É peso!<br /><br />No final do primeiro tempo, gol do Nacional. De cabeça, Nei abriu o placar. O fato de ter jogado anos no Anhangüera o fizera várias vezes dizer que, contra nós, não jogaria; balela. Jogar contra nós, todo mundo quer; a nosso favor, ainda mais. No começo do segundo tempo empatamos com um golaço de Toni e sufocamos, até o time perder o volume depois da saída do mesmo, machucado, e do dia ruim do Pepe, nosso meia esquerda. Aliás, é preciso dizer que o camisa 10 do time do Nacional é, disparado, o melhor jogador deles.<br /><br />O jogo ganhava toda a pinta de pênaltis quando, num vacilo em bola parada, a três minutos do fim, outro gol de cabeça; o mesmo Nei. No primeiro gol, havia comemorado de maneira tímida, quase pedindo desculpas. No segundo, sob a histeria da Quadrilha Maluca – meu Deus! -, um pulo ignóbil no alambrado, <i>à la</i> Ronaldo Fenômeno, denotou sua recorrente pequenez, numa demonstração patética e infantil de auto-valorização.<br /><br />O jogador que fez os dois gols contra nós jamais decidiu em jogo decisivo a nosso favor. Trinta quilos a mais, vestindo a rubro-negra. A camisa que ilustra o texto não é pra qualquer um. Foi boa, a faxina!Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-38494510.post-65967431855499571762010-07-22T21:03:00.007-03:002010-07-22T21:15:32.058-03:00Tapa no Rei das Feijoadas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu-1qZONB31QSo7PVPTrNmh1SbEFtMeVqSRoUJAEnEzLunsWid1xR53HPaaB0OtdGVQroE1kpLroU7nzYS_q-jgadGu3e40cazpWWBFA7sZTiIdSr65r2yzd_yrfUdElvfPIly/s1600/imagem.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 384px; height: 180px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu-1qZONB31QSo7PVPTrNmh1SbEFtMeVqSRoUJAEnEzLunsWid1xR53HPaaB0OtdGVQroE1kpLroU7nzYS_q-jgadGu3e40cazpWWBFA7sZTiIdSr65r2yzd_yrfUdElvfPIly/s400/imagem.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5496886005407172002" border="0" /></a><br />Arthur inaugurou seu bar na década de 50, na Rua Anhangüera. A propaganda que estampo aqui foi retirada de uma revistinha do Clube Anhangüera, publicada em 1965 – e é possível notar as letras da página de trás. Quem tinha comércio na região era praticamente obrigado a fazer propaganda na revista, que era anual e tinha uma grande tiragem. A revista chegava a todas as casas, passava de mão em mão. Os proprietários de lojas, bares e pequenas fábricas anunciavam porque 1) participavam, se não do cotidiano do clube, pelo menos dos grandiosos bailes na sede, e a contribuição com o anúncio era uma maneira de se mostrar entusiasta das coisas do clube ou 2) se não anunciassem, pegariam fama de muquirana e perderiam uma clientela grande.<br /><br />Pode parecer forçado, mas o Anhangüera era uma agremiação fortíssima, a ponto de interferir em questões comerciais, fazendo valer sua nobre reputação. Nessa época, década de 60, por exemplo, o presidente Roberto Russo entrava e saía da Câmara dos Vereadores a hora que bem entendesse. Eram cerca de 500 associados, um número expressivo, se pensarmos que ainda há os parentes e agregados. Uma mina de ouro para qualquer candidato a vereador.<br /><br />A Barra Funda de baixo já era um bairro totalmente italiano há pelo menos três décadas – quando os negros foram expulsos do centro e seguiram principalmente para as zonas norte e leste. Os poucos negros que se via no bairro eram empregados das mansões dos Campos Elíseos ou moradores de porões na Barra Funda além trilho (de cima), ou ainda aqueles que moravam na Casa Verde e Limão e trabalhavam nos serviços mais ingratos e menos desejados; que exigiam força, principalmente.<br /><br />Um desses poucos negros que transitavam no bairro era José de Sousa, mais conhecido por Bigode. Ouvi dizer que Bigode chegou a vestir a camisa do Anhangüera poucas vezes; era jogador do extinto Faísca, um time do bairro que tinha campo na Ponte da Casa Verde. Bigode era tímido e discreto, pouco falava, e tal espírito pode ser compreendido se levarmos em conta o ambiente hostil em que vivia. Apesar da propalada democracia racial brasileira, os filhos e netos de italianos, que dominavam a área, eram – muitos ainda são – extremamente racistas. O preto bom era o preto resignado.<br /><br />O jeito reservado de Bigode talvez fosse conseqüência dos olhares de rabo-de-olho que enfrentava todos os dias, o que não garante que fosse assim o tempo todo. Souzinha, a quem eu também consultei para saber mais a fundo essa história, ouvira dizer que Bigode “fazia batuque” – embora não saiba explicitar se nosso personagem era sambista, se fabricava instrumentos pra ganhar uns trocados ou se era do povo de santo, ou ainda as três opções simultaneamente.<br /><br />O apelido “Bigode” fora cravado num jogo armado no campo do XV de Novembro no início da década dos 50, num festival que ainda existe na várzea paulistana e que, na época, era quase tão popular quanto o “casados x solteiros”: o “brancos x pretos”. Contam que José tomou um tapa na cara, de graça. Não revidou, talvez prevendo que seria pior. Imediatamente o compararam ao lateral da Seleção que, na final de 50 no Maracanã, tomou um tapa de Obdulio Varela – embora o legítimo Bigode tenha desmentido essa história a vida inteira.<br /><br />Bigode morava perto do salão do São Paulo Chic, talvez num daqueles famosos porões. Ao que parece, era um sujeito que gostava de saber sobre a sua história e suas raízes, e isso eu presumo porque o causo que aqui me proponho a contar deixa claro não se tratar de um ignorante.<br /><br />Agora voltemos ao Bar e Restaurante do meu xará Arthur.<br /><br />O epíteto estampado no reclame, “O Rei das feijoadas”, vinha a calhar. Dizem que a feijoada do homem era monumental. Às quartas e sábados o restaurante ficado apinhado! O lugar foi ganhando fama e logrando grandes quantidades de clientes. Além dos moradores e trabalhadores da região, muita gente dos bairros vizinhos vinha se esbaldar no rei das feijoadas.<br /><br />Para agradar os anunciantes da revista, que prestavam generosas contribuições nos anúncios, a diretoria do Anhangüera fazia questão de devolver as gentilezas. Num sábado de meio de ano a diretoria promoveu uma reunião no restaurante; a reunião fora convocada para declarar apoio irrestrito a um vereador, um pilantra muito eloqüente, do qual já falei <a style="color: rgb(204, 0, 0);" href="http://anhanguera.blogspot.com/2009/12/dou-lhe-uma-dou-lhe-duas.html">aqui</a>, que fazia, na base da troca de favor, algumas benfeitorias para a agremiação. Foram apresentar ao dito cujo a famosa feijoada – o salão estava cheio, de gente do Anhangüera e de clientes.<br /><br />Bigode não era cliente assíduo do restaurante, mas de vez em quando ia “beliscar um torresminho”. Talvez por ser o único ou um dos raríssimos negros a freqüentar o restaurante, almoçava no balcão mesmo, num cantinho meio escondido. Quem o conhecia estava acostumado, Bigode era mesmo tímido.<br /><br />Eis que, após os discursos inflamados do vereador, geralmente apelando à parábolas bíblicas, e depois de todos os presentes à reunião se empanturrarem de feijão e caipirinha, a reunião formal virou debate de futebol e contação de anedotas. Naqueles tempos menos politicamente corretos, imagino o que aqueles senhores não devem ter falado. A certa altura, o inevitável: já bêbados, quase todos viraram italianos e tentavam mostrar, na base do “amicci”, do “tutti buona gente”, da “mamma mia” e do “cazzo cullo”, que sabiam falar sua genuína língua. E deram de elogiar suas “verdadeiras terras”, sem que ao menos soubessem, legitimamente, em que cidade da Europa – que eles não conheciam – seus pais haviam nascido.<br /><br />A coisa piorou quando o vereador soltou uma piada racista, despertando gargalhadas em profusão. Bigode, num rompante, saiu de seu cantinho – ele que já ia embora -, onde ninguém o vira e, sem descer dos tamancos, fez um discurso apoteótico para o restaurante inteiro. Entre outras lições, culminou com a seguinte frase: “- Engraçado é ver vocês comendo feijoada, bebendo caipirinha, num bairro consagrado no samba, falando tanta merda. Se vacilar, ainda vão a algum centro tomar passe de rezadeira.” E saiu.<br /><br />“Foi um tapa na cara de um monte de gente”, assim Arthur, o Rei das Feijoadas, durante muitos anos se referiu ao discurso do Bigode.Arthur Tironehttp://www.blogger.com/profile/08107650487557211663noreply@blogger.com4