5 de abr. de 2012

A construção da Nação

O Brasil é, como escreveu Luiz Werneck Vianna, o lugar por excelência da revolução passiva. Aqui, diferentemente dos países da América Hispânica, não houve revolução, mas sim adiantamento por parte do Estado afim de impedi-la. Isso se deu na Independência, na Proclamação da República, e em outros episódios de importantes mudanças na política brasileira – o chamado conservar-mudando. É a revolução burguesa no Brasil, na qual nunca houvera encontro entre intelectuais e o povo.

A questão nacional esteve presente desde muito antes do século XX. Já na Independência, quando o mundo ocidental era todo influenciado pela Revolução Francesa, o Brasil cria sua primeira constituição com base no liberalismo, embora a sociedade fosse colonial. Eis aí uma chave para o entendimento da questão: o Brasil era, em seu próprio pensamento político e social, considerado atrasado – embora sendo um país novo, o que configura um paradoxo – em relação aos países mais avançados da Europa. E graças a este “atraso”, buscava, na Europa – que era o exemplo do mundo moderno – os modelos necessários à construção de uma Nação.

A diferença é que na Europa priorizaram a liberdade individual; aqui, primeiro se pensou em construir a nação para depois pensar no povo. A não-revolução da Independência brasileira já havia mostrado: o Estado é construído de cima para baixo, apartado do povo que, obviamente, não se reconhecia como sendo pertencente a um país. E esta anti-revolução aconteceu novamente em todas as rupturas que o país sofreu, sempre com a intenção única de mudar para conservar o poder.


A luta dos pensadores do Brasil era uma: o país precisava se modernizar para tornar-se contemporâneo de seu próprio tempo. A partir dos anos 20, os intelectuais buscam no passado a verdadeira identidade do Brasil, num esforço de construir uma Nação. Porém, estes intelectuais vinham de famílias oligarcas decadentes. Na intenção de manter seu status, eles migram da cultura para a política, e se julgam os detentores dos segredos da história do Brasil. Falam em nome do povo assumindo a “consciência do homem inconsciente”, se caracterizam por ter vocação para elite dirigente e, mais uma vez, constroem um sentimento de nacionalidade de cima para baixo. Assim, as idéias e práticas modernas se confinaram apenas na elite.

A construção da Nação, dessa forma, é conservadora. Ela foi concebida pelo direito, e não por um contrato social. Ou seja, não foi o povo quem a construiu, mas o Estado. A Nação brasileira era restrita somente à elite, já que, mesmo após a abolição da escravidão, os negros – que representavam três quartos da população, continuaram à margem da sociedade. O Brasil continuou sendo um grande latifúndio.

O Estado de 1930 é construído com a autoridade precedendo a liberdade. Uma república autocrática, em que a vontade do Estado se sobrepõem às vontades individuais. Cria-se o trabalhador para realizar a obra do Estado – uma ideologia conservadora em economia e autoritária em política. A modernização acontece, mas continuamos atrás da modernidade. Assim como continuamos tentando construir uma Nação. Mas para isso, é necessária uma variável historicamente ignorada pelos que construíram o Brasil: o povo.

1 Comentários:

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