22 de mar. de 2010

Malandro é malandro!

Definir a palavra “malandro” é tarefa ingrata: exige um grau de complexidade e responsabilidade que, sinceramente, prefiro deixar pra quem é mais malandro que eu. Mas uma das inúmeras definições – segundo o Houaiss - diz que malandro é um sujeito sagaz, arguto; ou seja: o bom malandro, o safo, o habilidoso. Neste quesito – e seguindo a linha do último texto – se enquadra perfeitamente uma monstruosa figura: Zulu!

Sou da opinião que algumas características nossas são inatas. No caso em questão, essa malandragem astuta é coisa que não se aprende, apenas se lapida. Se lapida na rua, nas experiências, nas dificuldades a que somos submetidos no dia a dia. É graças a elas que temos de nos virar e inventar um jeito pra dar um jeito.

Zulu era malandro! Primeiro, porque sempre ouvi gente de tudo que é métier dizer que era mesmo. Segundo: vi, com meus próprios olhos, cenas impagáveis, inacreditáveis da agudeza de espírito do homem. As histórias são muitas e eu prometi aqui que as contaria, mas fiquei um bom tempo sem escrever sobre o homem. Volto à carga.

Uma dessas histórias foi filmada pelo Daniel num domingo de junho de 2007, no Anhangüera. Talvez este vídeo seja o único em que Zulu aparece contando um bom causo, sua maior especialidade. Reparem na perspicácia do Daniel: Zulu não percebeu que estava sendo gravado – não gostava de câmeras filmadoras. No filme só aparecem Ângelo (meu irmão), Louquinho e Zulu, mas havia pelo menos mais cinco ou seis participando da conversa, inclusive eu.

O ocorrido narrado na gravação foi o seguinte: Zulu bebia no bar do Zêpo na Rua Barra do Tibagi; estavam no bar apenas os dois. Um negrão maior-que-uma-semana aparece, cheio de razão, pra cobrar uma dívida do dono do bar. Ao que parece, Zêpo levaria uns sopapos – e Zulu também, de graça. Começa uma discussão e o Zêpo, em algum momento, pede pro Zulu confirmar alguma coisa sobre sua procedência, essas coisas. O negrão recuou na valentia: “- O senhor é o Zulu?”.

Muito possivelmente o vagabundo se referia ao Zulu do Camisa Verde e Branco, nome conhecidíssimo e muito respeitado na cidade. Nosso Zulu, então, cresceu: “- Sou eu sim! Eu sou o Zulu, porra!”. O valente, cheio de dedos: “- Não, sabe o que é, Seu Zulu...”. “- Cala a boca, rapaz. Pede desculpas pro Zêpo! Agora vá embora daqui e nunca mais apareça!”.

Nosso amigo não mentiu. Ele era o “Zulu”: não aquele Zulu que o outro imaginou que fosse, mas foi a deixa pra que salvasse a pele do amigo – e a dele, conseqüentemente. A última frase do vídeo é hilária, coisa de chefe:

3 Comentários:

Blogger Craudio disse...

Grande Zulu!!! E eu lembrei dele e da tua história de telefonar ainda neste último fim de semana...

Aliás, sobre o post anterior, me senti completamente identificado. Tive até um trampo parecido, mas não durou nem um ano hahahaha.

22 de março de 2010 às 17:16  
Blogger Arthur Tirone disse...

Craudio, liguei sábado pro crioulo. Como sempre, ele não atendeu...

22 de março de 2010 às 18:04  
Blogger Samba Cidade disse...

Fala!

Quem toca na sexta no anhanguera?

24 de março de 2010 às 19:14  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial

online