11 de abr. de 2012

Os meninos em volta da fogueira*

* Trecho de uma música de Martinho da Vila, que para mim simboliza a noite inacreditável que passei cantando com o próprio.



Sempre nutri grande admiração pelo Martinho da Vila. Cresci ouvindo meus pais cantarem seus sucessos. Depois, rapazote, fui atrás de todos os seus discos como um pirata atrás da mina de ouro. Martinho faz a minha cabeça, ao lado de outros bambas da música brasileira.

Tenho vivido grandes alegrias no mundo do samba. O projeto que iniciei no Anhangüera há cinco anos me proporcionou trabalhar com muita gente do primeiro escalão. Com alguns firmei o ponto e tenho amizade. Acho, inclusive, que com a maioria deles.

E eu sempre disse: “se um dia o Martinho for ao Anhangüera, eu caio duro e morro feliz”. A expressão não é à toa. Martinho José Ferreira é o artista na concepção do termo, aquele único capaz de fazer a ponte entre passado e futuro. Minha admiração aumentou ainda mais quando eu comecei a perceber sua atividade política e humana. Um artista ciente do poder que detém nas mãos, generosas. E sabe lançar mão disso. Martinho foi um grande elo de ligação forte entre Brasil e África, entre nós e nossos ancestrais. Se aqui Martinho é Rei, em Angola também.

E a vida vai preparando essas coisas pra gente. Fui convidado a participar da festa de 90 anos do Partido Comunista do Brasil no Vivo Rio, para 3.000 pessoas, no final de semana retrasado. Após a solenidade, teria o show do Martinho – que foi excepcional, com repertório lado B escolhido a dedo. Após a festa, seguimos para o aniversário da Tininha, minha cunhada. E ela sabia que era ela e meu mano Orlando que me dariam o presente da noite.

Qual não foi minha surpresa: no restaurante, já vazio, só a nossa mesa, com cerca de 20 pessoas - eu já estava um pouco embriagado de Campari. Entre essas poucas almas, lá estava a figura ancestral, portentosa e inumana de Martinho da Vila. Após muita bebida e muito bate papo alguém puxa um samba do homem que, feliz da vida, cantou. Aí me embriaguei, evidentemente.

No vídeo que aqui publico, Martinho acabara de cantar uma música que havia gravado do João Nogueira. Eu puxo Beto Navalha, outra do João, que o Martinho gravou em 1973. Ele mal se lembrava, conforme se vê no vídeo. Depois, ele entoa Grande Amor, um samba dos mais bonitos de sua belíssima lavra.

Daí pra frente cantamos um montão. Fechamos cantando uns boleros, que a noite alta pede música triste. Só que eu fiquei mais feliz.

5 Comentários:

Blogger Danilo disse...

Velho, essa é daquelas pra contar pros bisnetos. Espetacular! #vaifavela

11 de abril de 2012 às 21:28  
Anonymous Nany Boselli disse...

Thuuur que lindooo!!
Nossa!
Ele é O CARA... além de ser muito bom no que faz é de uma simplicidade exemplar...
Muito bom mesmo!!

Beijossss

12 de abril de 2012 às 10:05  
Anonymous Mimi disse...

Ai Arthur, voce realizou um grande
desejo, maravilhoso, outros virão
com certeza, parabens, realmente o
homem é fera.

um beijão Mimi.

17 de abril de 2012 às 15:32  
Anonymous Anônimo disse...

Favela meu velho,quanta honra cara deve ter sido uma alegria fora do normal para vc velho parabens! !!!!!!

14 de maio de 2012 às 22:34  
Anonymous Anônimo disse...

Birao
Velho vc merece!!!!!!!!

14 de maio de 2012 às 22:36  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial

online