31 de mar. de 2007

O velho Sacarrão

Dedico-me hoje a escrever sobre um cavalo, digo, um homem que jamais conheci, pois seu paletó já foi fechado há muitos e muitos anos. Um português daqueles quadrados, forte como um besouro (sabem que o besouro é o bicho mais forte do planeta, né?) e inteligente como uma ameba, característica marcante de homens nascidos naquele pequeno país europeu (os mesmos que levaram nosso ouro – burros, não?)...

Seu nome (sobrenome) era Sacarrão e morava na Rua do Bosque, na época em que as ruas eram de terra ainda...
Pausa: Atentem para o nome do galego... Sempre achei que combina muito com suas características – as já citadas acima.

Pouca coisa sei sobre sua história de vida, mas não quero me apegar nessa lengalenga! Vamos ao que importa: Sacarrão tornou-se um mito na região por se destacar nos três estados: sólido, líquido e, principalmente, gasoso. Descreverei abaixo.

1 – Sólido – Sua força descomunal:

A força do caboclo, dizem, equivalia à de dez homens. Uma famosa passagem registra que ele passeava em sua carroça quando, teimosamente, o burro insistiu em empacar. E nada de o burro sair do lugar. Cruzou as pernas e ficou, como dizendo “daqui eu não saio”. Já putodavida com o animal, Sacarrão simplesmente pegou o bicho pelas orelhas e enfiou a cara do teimoso no chão, dizendo: “Tu podes ser mais inteligente que eu, mas mais forte não és, raios!”. Era realmente um Hércules, esse Sacarrão.
Dizem também que quando seus cinco filhos aprontavam, ele tinha um método prático para economizar as pancadas que daria nas crianças. Enfileirava os pirralhos, um bem pertinho do outro e enfiava uma bordoada no primeiro da fila. Batata, era um mês de sossego pro portuga.

2 – Líquido – Sua capacidade de ingerir vinho:

Meu avô costumava dizer, disso me lembro bem, que o Sacarrão jamais bebera outra bebida que não fosse vinho. Assim como a lendária história na qual os pequenos irmãos bebês, Rômulo e Remo, que mais tarde fundariam Roma, foram criados e alimentados por uma loba, em Portugal contam que o pequeno Sacarrãozinho foi criado à base do suco da uva etílico, o vinho. Era vinho no café da manhã, no almoço, na janta... Toda hora. E o homem não ficava nem zonzo. Era realmente um beberrão, esse Sacarrão.

3 – Gasoso – O estrondo de suas flatulências:

O que realmente o imortalizou foi o total controle do momento que desejava expelir o gás e o altíssimo volume do ronco da cuíca. Nos dias de hoje com certeza ele seria objeto de estudo dos cientistas... Reza a lenda que uma bufa do elemento chegou a 3 pontos na escala Richter e foi ouvida num raio de meio quilômetro de distância!

Sentava-se sempre na frente da casa, num banquinho sobre a calçada, e gostava de sacanear, o gajo. Era só passar alguém do outro lado da rua e ele fazia o ritual: duas tapinhas na enorme pança eram suficientes para um baita susto do distraído transeunte.

Numa ocasião, no fatídico 18 de Maio de 1.940 o dia que ficou conhecido na Barra Funda como O Dia da Falsa Guerra, o que aconteceu foi isso. No momento do possante ruído: “PRPRPRPRPRRPRPRPR”, uma apavorada senhora saiu correndo e gritando “Tiros!!! Abaixem-se, é a Guerra. Chegou ao Brasil! Escondam-se todos!!!”. Vocês, meus leitores, não sabem a balbúrdia que aconteceu no bairro. Gritaria, choro, desespero, gente correndo, todos procurando abrigo... A notícia rapidamente se espalhou e, em questão de minutos só havia na rua um português gordo, dando risada e tapinhas na barriga.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

auhahuahuauha mtto booomm, muittoo...
''o altissimo volume do ronco da cuica...''
auhahuahuahua
falooww Arthuuuu!
e parabens o blog ta mto engraçado!

2 de abril de 2007 às 14:58  
Anonymous Anônimo disse...

Muito bom Cabra !!! o Texto tá show, sem contar na tática infalível do Saca..que enfileirava a molecada e PIMBA !!! hahahahahahhaa..um mês de sussego..hahaahahha, muito bom !!!

Outra característica do velho Saca era chamar todas as mulheres de Maria, como um legítimo portuga..

Abs,

2 de abril de 2007 às 19:27  

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