27 de jan. de 2009

Gabriel de Medeiros


Clique, após a leitura do texto, para ler o comunicado.


Na esteira do último texto, sobre o nosso novo presidente, venho participá-los de um comunicado de mesma ordem, datado de setenta anos atrás. O autor é Gabriel de Medeiros, uma lenda da Barra Funda. Sr. Medeiros era um comerciante simples e residia na Rua Baixa (hoje Ribeiro de Almeida). Muito embora não tenha sido um dos fundadores do rubro-negro, foi presidente da agremiação em inacreditáveis cinco mandatos, numa época em que os estatutos do clube não permitiam a reeleição; sendo assim, Gabriel presidiu praticamente ano sim, ano não durante anos.

Havia, sempre houve, nomes de respeito na diretoria. Os Sabatini, por exemplo, detinham inúmeros imóveis e comércios na Barra Funda de baixo e o patriarca, o poderoso Sr. Matheus, era um rubro negro ferrenho. Ele, em pessoa, comparecia às Assembléias Gerais e dispunha sempre de quantias generosas para o bem do clube. Os irmãos Vignola, Miguel e Antonio, que foram os primeiros presidentes e os homens de maior influência no clube, eram apontados na rua como “os donos do Anhangüera”. Jeronymo Caetano Ferro, Orlando Dias, Miguel Satriano, João Cidro, Saverio Russo e Bartholomeu Maggi formavam o restante da nata.

Eis que começa a freqüentar o clube Gabriel de Medeiros. Em pouco tempo, fazia parte da diretoria e, mais um pouco, comandava tudo. Medeiros era um líder. Com ele, a diretoria do clube passou a ser, em pouco tempo, a representação do bairro junto à prefeitura. Havia, desde antes, uma comissão distrital, na qual juntavam-se alguns membros das várias agremiações varzeanas para discutir solicitações, principalmente esportivas, aos prefeitos. Naquele tempo uma aura brilhante cobria os clubes sociais; o Anhangüera já era freqüentado por gente de toda a região central; seus bailes e matinées eram gloriosos.

Mas Gabriel de Medeiros, um comerciante sagaz, um homem inflamado e bom, reivindicava mais. A partir de sua gestão, as reuniões de diretoria se dividiam em duas: a primeira, pelo Anhangüera; a segunda, pelo bairro. Solicitava instauração de praças, alargamento de vias, novas linhas de ônibus, instalação de postes de luz, e por aí vai. Gabriel sabia da força do clube e angariou junto à prefeitura, além de várias melhorias para clube e bairro, um moral até então inimaginável.

Em 1.939 Gabriel de Medeiros cumpriu um mandato de se tirar o chapéu. Tão glorioso que houve Assembléia Geral com mais de cem pessoas do bairro para discutir a hipótese de reeleição, algo jamais pensado. Porém os estatutos venceram e Gabriel passou a bola para Salvador Mastrângelo, ficando como presidente do Conselho Fiscal. O comunicado, datado de 21 de Dezembro de 1939, apenas deixa claro que Gabriel de Medeiros não era um homem das letras. Mas, pra quem conviveu ou ouviu falar, sabe-se que foi um dos maiores que a Barra Funda já viu.

4 Comentários:

Blogger Eduardo Goldenberg disse...

Favela, querido: a falta de tempo não me tem permitido escrever, como sempre fiz. Mas estou preparando um texto, simples e humílimo como sempre, sobre o trabalho que algumas pessoas vêm fazendo na grande rede através dos blogs. Dentre esses trabalhos, meu caro, um dos destaques é o seu. O que você vem fazendo com relação ao rubro-negro da várzea (é meu time de várzea, em todo o Brasil) é monstruoso em termos de história, de documento, de registro. Aguarde-me. Beijo em você e na Mi, parceiros daquela tarde com recorde de índice pluviométrico no Ó.

28 de janeiro de 2009 às 10:34  
Blogger Arthur Tirone disse...

Edu, meu irmão: aguardarei teu texto e, mais ainda, tua volta com tudo ao Buteco.
Beijo!

28 de janeiro de 2009 às 18:13  
Blogger Bravo disse...

Meu, vc vai ter que trocar o nome do blog tendo em vista o fim do trema previsto no novo acordo ortográfico que já entrou em vigor! HE!UHEU!HEUH.
Abraços, meu caro!

28 de janeiro de 2009 às 23:26  
Blogger Arthur Tirone disse...

Diego Bravo: jamais, bicho, jamais deixarei de usar o trema, o hífen... E quero que a reforma ortográfica se foda!
Apareça no samba amanhã.
Abração.

29 de janeiro de 2009 às 16:14  

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