Anhangüera dá Samba XVII
O terreiro estava iluminado. Chegam, de surpresa, o violonista e produtor Marquinho Bailão acompanhado de D. Inah, que um dia antes lotara o Sesc Pompéia para o lançamento de seu novo disco, com músicas de Eduardo Gudin. Deu uma canja que arrebatou o salão inteiro. Fui, então, buscar os convidados no hotel. Noca, no caminho, vinha falando coisas do Anhangüera para o Toninho, desfiando sua intimidade com o lugar. Ao entrarmos, Noca ia cumprimentando, gesticulando, agradecendo as continências, parecia o presidente. Toninho, enquanto isso, andava rapidamente, se infiltrando na multidão, parecendo não querer ser reverenciado. Noca, praticamente um associado do clube e integrante dos Inimigos do Batente, foi pro balcão e pediu o que ele chama de “chá de macaco”. Toninho, que me contou que bebia – ele e o Romildo – até chumbo derretido, ficou na água; rompeu há quatro anos com a “marvada”.
Ao chegarem, os dois, perto da roda de samba, Julio Vellozo avistou Toninho e deu de chorar. Szegeri puxou uma música sua, mas a canção não era do homem. Errou a música, de tanta felicidade. Depois entoou Cinzas da Solidão, e Toninho me confidenciou: “Nem me lembrava dessa!”. O povo, como que num abraço na roda do samba, fechou o cerco para ver os dois. Daí pra frente o que se viu foi um Noca, naturalmente, à vontade e um Toninho se soltando a cada música, encantado com a massa que explodia cantando suas pérolas. No vídeo abaixo, espiem. Neste clima que eles cantaram até o fim da noite, que foram no Sábado ao Ó do Borogodó e que voltaram pra casa já querendo retornar. E já adianto que este dia não demorará. Salve Toninho, salve Noca da Portela, dois gigantes do samba.
Para essa sexta, amanhã, o convidado especial dos Inimigos do Batente é João Borba, grande cantor e compositor da paulicéia. Dotado de uma voz poderosa e um estilo único, Borba fez história tanto nas quadras de escolas de samba como nos salões de gafieira. Foi também integrante do lendário grupo de teatro Solano Trindade. Com a voz carregada de ancestralidade, Borba canta o "negro" como poucos. Gravou, em 2006, um espetáculo com músicas de Jorge Costa. Atualmente, além de se apresentar constantemente em casas de show e bares tradicionais da cidade, faz parte da Velha Guarda da Escola de Samba Pérola Negra. Será, mais uma vez, uma grande noite. Deixo um áudio de um minuto como aperitivo; Borba cantando Tempo, de Julio Valverde e Alexandre Barbosa.
Até amanhã!
1 Comentários:
Ah, e tem outra: vamos comemorar o aniversário (que é hoje) do Bruno, meu irmão, e o da nossa Barra Funda, que no dia 30 completará 118 aninhos!
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