6 de nov. de 2007

A placa de gol

Os altos e baixos são uma constante em todos os sentidos, desde os mistérios relacionados ao amor até a bufunfa no bolso. É com essa consciência que devemos ter bem claro que, se a coisa não está indo do jeito que queremos, é certo que o cenário se modificará e a reviravolta vem. Isso eu digo, logicamente, me referindo a um percurso natural e até certo ponto incontrolável – misterioso também - que o rumo das mil e uma variáveis que influenciam nossas vidas segue.

Passamos por aquelas fases secas em que não aparece uma paquera, não rola nem beijo e nenhuma casquinha pra tirar, uma tristeza só, que só é resolvida – por pouquíssimo tempo – com as próprias mãos. E o que dizer então dos tempos de árduas jornadas de trabalho tendo que aturar um chefe estúpido sem receber aquele merecido aumento? Neste caso as próprias mãos não podem resolver nada, já que espancar o chefe resultaria em justa causa ou até em cana. É preciso ter paciência e tranqüilidade que tudo isso é passageiro.

Eu poderia discorrer sobre os altos e baixos do Rômolo com as mulheres ou da montanha russa profissional do Jaiminho – uma das maiores figuras que eu já conheci -, mas sobre estes dois falarei outra hora. O que me motivou a escrever estas mal traçadas foi o futebol. Mais precisamente foi o meu combalido Corinthians.

Não vou detrair ninguém e nem espernearei como meu amigo Craudio. Também não será objeto em questão a escalação do time, a falta de noção futebolística dos jogadores e a possibilidade da segunda divisão. Isso é fase. O futebol é cíclico. Já fomos o Faz-me rir. Já pegamos vinte e três anos de fila.

Outro dia um amigo, o Binho, perguntou-me sobre a relação feita entre a várzea e a anarquia. A anarquia nega qualquer autoridade ou comando e popularmente virou sinônimo de bagunça. Então presumo que se o Corinthians é tão esculhambado, então é uma anarquia, então é uma várzea. Sendo assim, vou citar o Anhanguera como exemplo, que já passou por algumas – pouquíssimas, é verdade - fases terríveis, com times péssimos como este do Coringão. Lembro-me bem do começo dos anos 90, em que o segundo quadro do rubro-negro da Barra Funda foi uma espécie de Faz-me rir varzeano, tendo como ícones maiores da debilidade técnica o Marquinhos - lateral esquerdo - e o Da Lua - centroavante.

Nessa época o Walter Gordo, que andava preocupadíssimo com a respeitada reputação do Anhanguera, pensou numa solução para que o time não mais fosse impiedosamente “amassado” pelos adversários. Seria difícil trocar um time inteiro. Os bons jogadores do bairro estavam no primeiro quadro ou em outros clubes. Foi aí que o Walter teve a grande idéia de confeccionar uma grande placa com um aviso para os times que jogavam contra nosso segundinho. Um aviso não, era uma ordem. E graças a essa ordem, algumas regras do jogo tiveram que ser alteradas. Os jogadores que ousassem contrariar o aviso da placa – que em cada tempo do jogo ficava atrás de um gol, sempre no gol de defesa do Anhanguera - eram sumariamente advertidos. A redentora placa salvou a moral do time, que ficou sem perder por dois meses, até alguém pular o muro do clube e roubar a tabuleta.



*** O jogador que atirou essa bola no gol do Pezão, nosso goleiro, foi expulso de campo pelo Lampião após o chute. Atrás do gol, a torcida do time adversário balançava o alambrado na tentativa frustrada de derrubar a placa.

9 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Fábula.

Confere, Mestre?

6 de novembro de 2007 às 18:17  
Blogger Arthur Tirone disse...

PomPom, volta pro Brasil e eu te levo ao Anhanguera, ao Cruz da Esperança, ao Classe A... Ainda não comecei a contar os causos inacreditáveis.
Abraço!

6 de novembro de 2007 às 18:27  
Blogger Craudio disse...

Fosse eu um detentor de quantia extraordinária no saldo disponível para saque, madava fazer logo é um bandeirão que cobrisse toda a arquibancada do Pacaembu com os mesmos dizeres, colocando ela logo atrás do nosso arqueiro.

Ultimamente acredito mais nessas coisas que nos cabeça-de-bagre em campo.

E eu esperneio pra não ter um infarto! hahahahahahahahahahaha

Abraços!

7 de novembro de 2007 às 14:39  
Anonymous Anônimo disse...

Hahuahuahuahauhauhauhauhau ...
Tio Walter até que era criativo né ? ahauhauuahuahauhuaauhauha ...
mas isso que é o gostoso da várzea Tú ... a falta da direção*, as normas decididas em cima da hora. As ordens, e tudo mais. huahauhauha ...
É dessas coisas que saem as histórias mais fabulosas de ouvir, e de ler !!
Saudadeeeeee ...
Beijo beijo beijo !!!! Cá !

8 de novembro de 2007 às 14:30  
Anonymous Anônimo disse...

Favela, sabe que eu fui várias vezes assistir o jogo de vocês no ano passado e nunca tinha entendido aquela placa...e nem tive coragem de perguntar mesmo tendo ficado bastante intrigada. rs

Idéia fantástica!
Podiámos oferecer ao técnico do nosso time, quem sabe reverteríamos o caminho da terceira divisão.

Parabéns pelos seus texto, arrasando como sempre, poste mais para nosso deleite e alegria!

abraço,

Mônica (MoMô - UoU!!!)

8 de novembro de 2007 às 15:44  
Blogger Giovannelli disse...

ahahaha, otimo texto ahaha...
o marquinhos eh o filho da cabeçao? ahaha e o da lua era da hora, ahaha
araços arthuca!

8 de novembro de 2007 às 16:19  
Blogger Unknown disse...

Viva a várzea!!!

8 de novembro de 2007 às 23:07  
Anonymous Anônimo disse...

hahahhahahaha
essa direção do AAA me surpreende!!
daqui alguns anos só quero ver como que vcs irão tomar conta dele!
hahahha ... vai ser engraçado!

abraços!!

12 de novembro de 2007 às 14:52  
Anonymous Anônimo disse...

Vai no jogo contra o Vasco?????

Vamooo aeeee

13 de novembro de 2007 às 16:32  

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