Um bar de maloqueiros
Ainda ontem concluí novamente que ando cada vez mais impaciente. O palco da minha milésima constatação era a mesa assentada na calçada da Rua Anhangüera, no portentoso Bar do Sivaldo. Sinval para os íntimos. À mesa, Marinho e Ronaldo bebiam cerveja quando me juntei; depois chegaram Gilmar, Bonitão e Domé. Então a Brahma ganhou companhia de Domecq, São Francisco e Cynar, respectivamente. Os malandros, todos cabeça-branca, falavam de histórias particulares, de futebol, vadiagem, samba e mulheres, assuntos de nobre valor. Coisa comum em bar.
O salão de mulherices da D. Leide, mulher do Sinval, ao lado, ainda fervia de freguesas. Uma repuxava o cabelo, outra dava um tapa no pé gritando de dor - unha encravada é osso - e mais duas esperavam sua vez chegar. Como de praxe, as noras da dona do salão lá estavam com as netas. As irmãs da Leide e algumas assíduas amigas também, com a criançada toda à tiracolo. O mulherio todo junto no minúsculo salão. Um falatório terrível. A parede que separa o salão do bar chega a ferver, assim como as orelhas de alguns bêbados que ali, entre uma ampola e outra, esperam as mulheres se aprontarem.
Um destes que esperavam a esposa era Cidão. Mora em frente ao Sinval e tem um martelinho de ouro na Rua Cruzeiro. Cidão se locomove, a pé, coisa de 10, 20 metros por dia; não mais que isso. O raio de sua barriga – seguramente a maior que já vi - é pra mais de metro. Parece que tinham um jantar na casa de uma amiga de sua esposa que, ao sair emperiquitada do salão, viu o maridão, que estava conversando conosco, com a cara já meio cheia. Chegou, botou a mão no ombro do marido e o advertiu com reprovação que não mais a esperasse bebendo. Cidão levantou-se - suas camisas mal cobrem o umbigo –, olhou-nos com ar convalescente e se foi. A cena, corriqueira, provocou comentários óbvios da relação homem-mulher e da saudade dos tempos de não-compromisso. Nada anormal, coisa comum.
Dentro do bar, gritando mais alto que as mulheres, alguns homens jogavam dominó; outros caxeta. No bar do Sinval é assim; em noite quente quem quer colóquio fica nas mesas no passeio. Dentro do bar tem jogo todo dia; de noite e de dia. Quando a mesa é de caxeta, o dinheiro de cada um é guardado no bolso de alguém insuspeito, geralmente o mais velho, mas tem que ter fio branco. A marcação é na moeda de cinco centavos. Sete delas sobre a mesa; jogo rápido. Cinco coringas (o quinto é a “pulga”, carta igual a vira), poucas palavras e algumas caras sisudas. Sem sorte, se perde cinqüenta pratas em coisa de vinte minutos. Às vezes eu me atrevia, mas ali é um mais rato que o outro. Não entro mais não. E também não sapeio que é pra não ser chamado de zica. Em mesa que a bufunfa corre, se eu não estou dentro, ó, quem me viu mentiu.
Eu gosto de ver o jogo de dominó. Mas só lá, no Bar do Sinval. O dominó eu não me atrevo a jogar; não tenho a manha de contar as pedras. O Jair, por exemplo, chamado de professor, sabe o que cada um dos outros três têm nas mãos com duas, três pedras ainda cada um. Coisa impressionante! Eu fico ali tentando sacar a malícia do troço, mas não me vai. O parceiro mais constante do Jair é o Kico – ele mesmo, o cavaquinista dos Inimigos do Batente. Kico, embora jogue muito bem, perto do Jair é um menino, um aprendiz. A relação entre dois é essa, com o Jair dando conselhos pro negão, dizendo: “Kiquinho, se o Gaúcho jogou essa é porque isso, isso e aquilo”. Kico aprende, não sem tentar arranjar alguma justificativa para as raras falhas que comete, coisa que o Jair, um mestre, não faz.
Se a dupla Jair e Kico funciona bem, o mesmo se pode dizer de Sinval e Gaúcho, com uma ressalva; a relação é outra. Sinval é o dono do bar; sem papas na língua, impaciente, mal humorado e mandão. Gaúcho é um sobrevivente, um submisso. Sua família é um vira-latas e sua casa é uma Kombi abandonada quase em frente ao bar. Aliás, sua casa é o bar, já que a Kombi só serve pra não dormir embaixo do Viaduto Rio Branco. O dinheiro vem de um bico aqui outro ali, da caxeta ou da maquininha de azar da padaria Ceres. Quando não vem, é o Sinval que dá, assim como roupas e sapatos, tudo em troca de pequenos favores; uma compra aqui, um serviço de banco ali. O Gaúcho, do alto dos seus 60, praticamente foi adotado pelo Sinval, daí as broncas, os sacodes que o Sinval sapeca quando o Gaúcho erra na hora de bater a pedra na mesa. E o Gaúcho, quando acerta, solta seu bordão: “É do Curíntia!”. Outro dia, numa noite de sorte da dupla, depois de ganharem umas cinco “negas”, o Gaúcho, chapado, emenda: “Ê Sinval, acho que não sou só eu que não estou trepando!”. O clássico entre Jair-Kico e Sinval-Gaúcho já tem uns dois anos. Dizem estar pau a pau, um perde-ganha sem fim. Nunca sai do empate e, por isso, jamais acabará.
Na mesa da calçada um zé ruela sentou-se conosco. O sujeito é da Barra Funda, uns 40 anos, camiseta colada, perfume e um carro importado combinam com a grossa corrente prateada no pescoço. Marinho dizia que o Paulinho do Cavaco voltará dos EUA, onde está trabalhando com a filha, daqui 15 dias. Voltará pra visitar os amigos. Começou a discussão sobre visto de trabalho e essas burocracias que não entendo picas. Mas a conversa deu uma guinada quando o tal disse que tem mais de 40 amigos na “américa”, que lá até um caminhoneiro ganha tufos, que um amigo tem uma Silverado na garagem, três tvs de élecedê e a porra toda e completou: “Não tem que voltar. Lá tem de tudo, lá é que é vida boa. Voltar pra essa bosta?”. Os coroas ficaram atônitos como eu, ninguém respondeu, ninguém concordou; nada.
Eu tinha que aproveitar o fato de o Bonitão ter conhecido toda a Europa ano passado sendo dos maiores ignorantes do Brasil, ponteiro de bicho há mais de vinte anos, semi-analfabeto e duro de marré-de-si. Bonitão conheceu Balbina num samba, uma distinta senhora, enfermeira renomada das Clínicas. Assim, de cara, ela se apaixonou pelo malandro. Depois de um ano de namoro, e depois de levá-lo pra conhecer Natal, Recife, Salvador e São Luis, tudo pago, Balbina foi trabalhar num hospital de Milão. Está lá há um ano e meio. Bonitão, é claro, foi pra lá. Tudo pago. Itália, Espanha e Portugal. Bonitão voltou se apresentando, de pura fanfarronice, como Doutor Roberto. Tremendo sarrista, o Bonitão.
O zé ruela ainda bradava a beleza que é o primeiro mundo americano sem nunca ter ido além de Sorocaba, onde tem uma chácara. E mesmo que conhecesse tudo não justificaria o mal proceder. Sem me agüentar – qualquer um da minha família teria mandado o mala se foder -, gentilmente pedi ao Bonitão que, conhecendo toda a Europa, dissesse qual é o melhor lugar do mundo. O mais belo, mais agradável, mais justo. Gilmar começou a rir; Domé ajeitou a cadeira e Bonitão subiu: “Não há nenhum lugar melhor que a Barra Funda. Nem no Brasil, nem no resto do mundo!”. O zé, embasbacado e sem jeito, mudou de assunto. Disse que conhecera um bar em Moema; que aquilo sim é que era bar. Olhando pra dentro do bar do Sinval, cravou cheio de pose “Imagina que se joga dominó num bar decente... Lá não entram maloqueiros.”. Dessa vez eu não disse nada. Pedi licença e sentei-me ao lado do Jair pra acompanhar o animado embate de dominó. Pouco depois, Domé, Gilmar, Marinho e Bonitão estavam no balcão.
Eu amo a minha terra. Eu vou a bares que “maloqueiros” possam entrar. Eu tenho nojo de Silverado e de corrente prateada de playboy.
O salão de mulherices da D. Leide, mulher do Sinval, ao lado, ainda fervia de freguesas. Uma repuxava o cabelo, outra dava um tapa no pé gritando de dor - unha encravada é osso - e mais duas esperavam sua vez chegar. Como de praxe, as noras da dona do salão lá estavam com as netas. As irmãs da Leide e algumas assíduas amigas também, com a criançada toda à tiracolo. O mulherio todo junto no minúsculo salão. Um falatório terrível. A parede que separa o salão do bar chega a ferver, assim como as orelhas de alguns bêbados que ali, entre uma ampola e outra, esperam as mulheres se aprontarem.
Um destes que esperavam a esposa era Cidão. Mora em frente ao Sinval e tem um martelinho de ouro na Rua Cruzeiro. Cidão se locomove, a pé, coisa de 10, 20 metros por dia; não mais que isso. O raio de sua barriga – seguramente a maior que já vi - é pra mais de metro. Parece que tinham um jantar na casa de uma amiga de sua esposa que, ao sair emperiquitada do salão, viu o maridão, que estava conversando conosco, com a cara já meio cheia. Chegou, botou a mão no ombro do marido e o advertiu com reprovação que não mais a esperasse bebendo. Cidão levantou-se - suas camisas mal cobrem o umbigo –, olhou-nos com ar convalescente e se foi. A cena, corriqueira, provocou comentários óbvios da relação homem-mulher e da saudade dos tempos de não-compromisso. Nada anormal, coisa comum.
Dentro do bar, gritando mais alto que as mulheres, alguns homens jogavam dominó; outros caxeta. No bar do Sinval é assim; em noite quente quem quer colóquio fica nas mesas no passeio. Dentro do bar tem jogo todo dia; de noite e de dia. Quando a mesa é de caxeta, o dinheiro de cada um é guardado no bolso de alguém insuspeito, geralmente o mais velho, mas tem que ter fio branco. A marcação é na moeda de cinco centavos. Sete delas sobre a mesa; jogo rápido. Cinco coringas (o quinto é a “pulga”, carta igual a vira), poucas palavras e algumas caras sisudas. Sem sorte, se perde cinqüenta pratas em coisa de vinte minutos. Às vezes eu me atrevia, mas ali é um mais rato que o outro. Não entro mais não. E também não sapeio que é pra não ser chamado de zica. Em mesa que a bufunfa corre, se eu não estou dentro, ó, quem me viu mentiu.
Eu gosto de ver o jogo de dominó. Mas só lá, no Bar do Sinval. O dominó eu não me atrevo a jogar; não tenho a manha de contar as pedras. O Jair, por exemplo, chamado de professor, sabe o que cada um dos outros três têm nas mãos com duas, três pedras ainda cada um. Coisa impressionante! Eu fico ali tentando sacar a malícia do troço, mas não me vai. O parceiro mais constante do Jair é o Kico – ele mesmo, o cavaquinista dos Inimigos do Batente. Kico, embora jogue muito bem, perto do Jair é um menino, um aprendiz. A relação entre dois é essa, com o Jair dando conselhos pro negão, dizendo: “Kiquinho, se o Gaúcho jogou essa é porque isso, isso e aquilo”. Kico aprende, não sem tentar arranjar alguma justificativa para as raras falhas que comete, coisa que o Jair, um mestre, não faz.
Se a dupla Jair e Kico funciona bem, o mesmo se pode dizer de Sinval e Gaúcho, com uma ressalva; a relação é outra. Sinval é o dono do bar; sem papas na língua, impaciente, mal humorado e mandão. Gaúcho é um sobrevivente, um submisso. Sua família é um vira-latas e sua casa é uma Kombi abandonada quase em frente ao bar. Aliás, sua casa é o bar, já que a Kombi só serve pra não dormir embaixo do Viaduto Rio Branco. O dinheiro vem de um bico aqui outro ali, da caxeta ou da maquininha de azar da padaria Ceres. Quando não vem, é o Sinval que dá, assim como roupas e sapatos, tudo em troca de pequenos favores; uma compra aqui, um serviço de banco ali. O Gaúcho, do alto dos seus 60, praticamente foi adotado pelo Sinval, daí as broncas, os sacodes que o Sinval sapeca quando o Gaúcho erra na hora de bater a pedra na mesa. E o Gaúcho, quando acerta, solta seu bordão: “É do Curíntia!”. Outro dia, numa noite de sorte da dupla, depois de ganharem umas cinco “negas”, o Gaúcho, chapado, emenda: “Ê Sinval, acho que não sou só eu que não estou trepando!”. O clássico entre Jair-Kico e Sinval-Gaúcho já tem uns dois anos. Dizem estar pau a pau, um perde-ganha sem fim. Nunca sai do empate e, por isso, jamais acabará.
Na mesa da calçada um zé ruela sentou-se conosco. O sujeito é da Barra Funda, uns 40 anos, camiseta colada, perfume e um carro importado combinam com a grossa corrente prateada no pescoço. Marinho dizia que o Paulinho do Cavaco voltará dos EUA, onde está trabalhando com a filha, daqui 15 dias. Voltará pra visitar os amigos. Começou a discussão sobre visto de trabalho e essas burocracias que não entendo picas. Mas a conversa deu uma guinada quando o tal disse que tem mais de 40 amigos na “américa”, que lá até um caminhoneiro ganha tufos, que um amigo tem uma Silverado na garagem, três tvs de élecedê e a porra toda e completou: “Não tem que voltar. Lá tem de tudo, lá é que é vida boa. Voltar pra essa bosta?”. Os coroas ficaram atônitos como eu, ninguém respondeu, ninguém concordou; nada.
Eu tinha que aproveitar o fato de o Bonitão ter conhecido toda a Europa ano passado sendo dos maiores ignorantes do Brasil, ponteiro de bicho há mais de vinte anos, semi-analfabeto e duro de marré-de-si. Bonitão conheceu Balbina num samba, uma distinta senhora, enfermeira renomada das Clínicas. Assim, de cara, ela se apaixonou pelo malandro. Depois de um ano de namoro, e depois de levá-lo pra conhecer Natal, Recife, Salvador e São Luis, tudo pago, Balbina foi trabalhar num hospital de Milão. Está lá há um ano e meio. Bonitão, é claro, foi pra lá. Tudo pago. Itália, Espanha e Portugal. Bonitão voltou se apresentando, de pura fanfarronice, como Doutor Roberto. Tremendo sarrista, o Bonitão.
O zé ruela ainda bradava a beleza que é o primeiro mundo americano sem nunca ter ido além de Sorocaba, onde tem uma chácara. E mesmo que conhecesse tudo não justificaria o mal proceder. Sem me agüentar – qualquer um da minha família teria mandado o mala se foder -, gentilmente pedi ao Bonitão que, conhecendo toda a Europa, dissesse qual é o melhor lugar do mundo. O mais belo, mais agradável, mais justo. Gilmar começou a rir; Domé ajeitou a cadeira e Bonitão subiu: “Não há nenhum lugar melhor que a Barra Funda. Nem no Brasil, nem no resto do mundo!”. O zé, embasbacado e sem jeito, mudou de assunto. Disse que conhecera um bar em Moema; que aquilo sim é que era bar. Olhando pra dentro do bar do Sinval, cravou cheio de pose “Imagina que se joga dominó num bar decente... Lá não entram maloqueiros.”. Dessa vez eu não disse nada. Pedi licença e sentei-me ao lado do Jair pra acompanhar o animado embate de dominó. Pouco depois, Domé, Gilmar, Marinho e Bonitão estavam no balcão.
Eu amo a minha terra. Eu vou a bares que “maloqueiros” possam entrar. Eu tenho nojo de Silverado e de corrente prateada de playboy.
7 Comentários:
Pior que tem gente pra caralho que enche a boca pra falar bem de estadosunido ou moema. Nada como nossa terra...
Abraço!
Cabra,
Eu não discrimino o tal zé ruela...afinal, o cara é um Zé RUELA..hahaha. Eu quero saber quem é o MANÉ.
Abs,
Angelo
Quando leio um troço desses, meu irmão, mais me convenço de que estou -estamos- no caminho certo. O Brasil está mudando para melhor. Podem falar o que for, mas os oito anos de governo Lula, com todos os seus erros e vacilos, levantaram o orgulho e a autoestima do povo. Não somos mais aqueles coitadinhos com complexo de inferioridade. Estamos, aos poucos, aprendendo a valorizar o que é nosso e a traçar o nosso próprio destino, sem depender do que vem de fora. Por isso é que esse tipo de gente - o zé ruela - está em baixa e já não consegue ter a moral que tinha há 10 anos. Antes um cara desses chegava, vomitava suas verdades, exibia seu ouro e ainda saía como o "bacana", o "vivido", o "doutor". Hoje sai como o "babaca". É por isso, mano, que essa gentalha nos odeia: porque está perdendo espaço e começou a sentir que não adianta mais ter dinheiro e não ter cultura. Aí querem se aproximar da gente, dos nossos botecos sujos, dos nossos bêbados solitários, das nossas rodas de samba, dos nossos times de várzea... Só que agora é tarde. E eles não sabem como chegar, já que não conhecem as palavras humildade, educação e respeito. É, Favela, as coisas estão mudando, as coisas estão mudando...
Belo cotidiano, camarada Favela. Não há nada mais bonito do que viver o nosso, é simples assim.
Parabéns pelo texto, e quem sabe ainda podemos fazer uma dupla no dominó, pelo menos por uma tarde.
Abração.
Pergunta se o Zé Ruela quer trocar comigo, Arthur!
Arthur
Adorei seu texto venho acompanhando sempre que posso.. Esse Zé Ruela não sabe o que e bom e como são bons os momentos que passamos neste bairro tão querido pelos que o conhecem..
Barra Funda,BF(para os intimos rsrsr)quanta coisa boa vivi e pessoas queridas conheci no "Canuto do Val",Raul Tabajara,Areião da rua do Bosque ..só que pode dizer e quem viveu né apesar da minha pouca idade gosto demais deste pedacinho que nos ultimos tempos,vem tendo um progresso otimo...
E o que falar dos meus tios do salão da Dn. Leide e do Bar do Sinval,da mulherada reunida de sexta a noite e nas tardes de sabado.. e das rodas de samba que e feita as sextas a noite,o que antes era um encontro de amigos hj já virou lei toda sexta não passa em branco ...
Aiiii como e bom bjssssss e sucesso com os textos..
Salve, Favela. Hora errada, lugar errado. Errou em tudo o Zé Arruela. Abraçaõ!
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial