26 de mai. de 2008

Anhanguera dá Samba XI

O Anhanguera dá Samba! completa, neste mês, um ano. Antes de falar sobre este primeiro aniversário, vou contar a história desde o começo, em 2004.

Conheci os Inimigos do Batente em 2003, quando começaram a fazer samba toda sexta, a partir das 23h00, no Centro Educacional e Esportivo Raul Tabajara, espaço idealizado pelo gigante Mário de Andrade. Lugar este que fez parte – e ainda faz – da história de todas as pessoas que moram na Barra Funda. De geração para geração, o “parque” - como é conhecido no lugar - aglutinou gente e dispôs para a comunidade uma série infinita de atividades. Durante os anos de 2003 e 2004 o “parque” foi a sede do CUCA (Circuito Universitário de Cultura e Arte) e os Inimigos do Batente comandavam a batucada nas sextas, transformando o espaço num ponto de encontro de sambistas de todas as idades e matizes. Eu tocava (ainda toco, mas não com a mesma freqüência) todas as sextas também, desde 1998, no samba do Zonga, no Bar do Sinval, a uns 100 metros dali. O samba do Zonga, um pagode na calçada do pequeno bar, era capaz de encher a Rua Anhanguera de um jeito que até as ônibus tinham que desviar o trajeto. Como a Lei do Psiu desfere multas pesadíssimas, o pagode acabava as 23h00 e começamos a “cair” pro CUCA.

Sobre o CUCA ainda escreverei as coisas maravilhosas que vi e vivi por lá. Saudosa, aquela época. Lá fiz vários amigos, incluindo aí a Railídia, que abraçou a minha idéia de continuarmos a roda no Anhanguera quando o CUCA enfraqueceu; no meio de 2004 os Inimigos do Batente já não tinham quase nenhum subsídio da UNE e quem segurou a bronca durante um tempão ali foi o Seu José Szegeri, à base da venda de latinhas de cerveja e cachaça. Acabou o samba no Raul Tabajara e a Rai escreveu um projeto para apresentarmos à diretoria do Anhanguera; coisa que nem chegou a acontecer porque não houve interesse de nenhum dos lados – do Anhanguera e dos Inimigos, que estavam começando no Ó do Borogodó aos Sábados. A idéia ficou dois anos na gaveta e eu sempre cutucava quando tinha alguma oportunidade; 99% delas quando já estávamos bêbados eu e o bom Szegeri, que um dia decretou: “vamos fazer”. Ligou pro Wilson Moreira, que abriu os trabalhos, e estamos aí há um ano. Na seqüência vieram Germano Mathias, Fabiana Cozza, Velha Guarda da Camisa Verde e Branco, Chico Médico, Oswaldinho da Cuíca, Ideval e Zelão, Tantinho da Mangueira, Wilson Sucena e Edu Batata.



Edu Batata, o convidado do mês passado, chegou ao Anhanguera as 22h30, antes de quase todos os presentes. Disse-me afoito: “Favela, eu estava lá no Zonga aguardando dar meia-noite pra vir, mas de tanta ansiedade não consegui nem tomar cerveja! Não agüentava mais esperar!”. Chegou a sua vez e o Batata fez o que lhe é inerente, seja num pagode de quintal, num palco, num bar, num terreiro. Não é qualquer um que chega cantando Camafeu. Meu irmão Edu Batata é desses que chamam no peito e seguram uma roda de samba com uma contagiante naturalidade. Houve ainda, após o horário previsto para acabar a roda, uma emocionante “segunda parte”; espécie de reunião íntima, com direito a seresta e samba-canção até as 7h00. Azar de quem já havia ido embora! Inimigos do Batente (que iriam para o Rio de Janeiro logo cedo, direto dali) junto com Edu Batata e os trinta mais resistentes da noite desfrutaram também a manhã. Vejam abaixo - ainda que com a qualidade tosca, fruto da embriaguez do Daniel Gordo - o vídeo com o Batata cantando.

Nesta sexta, como eu dizia, tem um ano de Anhanguera dá Samba! E tem, para deleite da rapaziada que espera afoita a revelação de quem é o próximo convidado, Noca da Portela; um senhor sambista, cantor, instrumentista e compositor de uma infinidade de sambas gravados por gente da melhor estirpe como Elza Soares, Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Fundo de Quintal, Roberto Ribeiro, Clara Nunes, Bezerra da Silva, Maria Bethânia, Candeia, Martinho da Vila, Almir Guineto e muitos outros. Como intérprete, gravou seis discos. É certo que até o incauto que jamais ouviu falar em Noca já assoviou alguns de seus sambas. Quem quiser saber mais detalhes, leia aqui a imponente carreira artística deste que vai nos brindar no dia 30. Deixo ainda, mantendo o costume, uma gravação do cabra; um pot-pourri de três músicas suas (É preciso muito amor / Vendaval da vida / A alegria continua) cantadas pelo próprio.

Até Sexta!

5 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Arthur

Até gostaríamos de ir.
Mas na sexta o Ava finalmente opera o joelho.
E ai, cama cama cama....Já viu.

Espero que seja uma festa linda!!!

Beijos!

27 de maio de 2008 às 12:56  
Blogger Craudio disse...

Um ano, mano véio! Um ano!

Parabéns a todos que fazem esse grande espetáculo da cultura popular em São Paulo. Saudosas as noites do CUCA, ansiosas as esperas por cada Anhangüera dá Samba.

Você e tua família, os Inimigos, o Anhangüera e toda a Barra Funda merecem!

Abraços.

27 de maio de 2008 às 14:04  
Anonymous Anônimo disse...

Nossa um ano já ??
Um ano fiel ao Anhanguera já ?

É o primeiro de muitos.
Com certeza.
Estaremos todas lá !!!
Saudações Giovannelli's à você, caro !!!!

Beijooos

27 de maio de 2008 às 16:46  
Anonymous Anônimo disse...

Caro Arthur,
foi com dor no coração que deixei de prestigiar a 12ª edição deste projeto. Vida longa ao Samba no AAA...e conte comigo no próximo.

Abs
Fabio Sombra Bertolozzi

31 de maio de 2008 às 22:43  
Anonymous Anônimo disse...

E ai Truta,com certeza estáremos juntos nesta sexta para tomar uma geladinha.

Um abraço,Fábio Beiço

26 de novembro de 2009 às 13:45  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial

online