25 de jun. de 2010

Anhangüera dá Samba XXXVI

O Anhangüera dá Samba! completou três anos. Eis aí o que pouca gente imaginava; sem patrocínio, sem grandes alardes, e longe do eixo que movimenta a vida noturna da cidade - eu prefiro minha Barra Funda. De um tempinho pra cá tenho sentido que, agora sim, podemos dizer que temos um público - e não é brincadeira esse público. Após três anos a coisa está bem consolidada, mais organizada e cada vez mais emocionante.

Falei que não contamos com nenhum apoio extra (só com o público, com a rapaziada do samba que chega junto todas as últimas sextas do mês) e digo mais: estamos remando contra a maré, principalmente dentro do clube - justamente um projeto como este, que dá mais cartaz para o clube do que qualquer outra atividade do mesmo nos últimos trinta anos -, mas isso é assunto pra outra hora, se eu achar que tenho que escrever alguma coisa.

Nosso aniversário de três anos foi uma grande noite. E o convidado especial tinha que ser de peso. Recebemos mestre Nei Lopes, sambista de primeira grandeza, escritor notável - e bamba, muito bamba!

Ninguém, em trinta e cinco meses, entendeu tanto o espírito do Anhangüera dá Samba! como Nei Lopes. Me pediu pra buscá-lo mais cedo no hotel, pra "conferir o ambiente e entrar na onda". Tomamos um arrebite no balcão enquanto os Inimigos do Batente faziam a primeira entrada. Ali, de bate-papo, Nei foi sacando a parada, na moral.


Assim que pegou o microfone, as atenções todas se voltaram pra ele. Nei Lopes contou um monte de histórias, brincou, falou sério, cantou pra cacete - como canta! - e comandou a roda e o ambiente do alto da sua malandragem. Um bamba da pesada! Ninguém, como eu dizia, entendeu aquilo tudo mais que ele - a desenvoltura do homem é um troço rigorosamente inacreditável; seu domínio no terreiro foi absoluto; e no partido-alto, com rima no meio, o Anhangüera quase foi abaixo. Pessoalmente, vos confesso, estou realizado com este projeto. Não sei o que vai acontecer, mas acho que - mesmo tendo ainda um monte de sambistas pra gente trazer - se acabasse agora, eu estaria tranqüilo, com a sensação de que fiz o que devia fazer, manja?

No vídeo abaixo Nei Lopes canta E eu não fui convidado. Clique no play!



Hoje tem mais - e é dia de obrigação. É hora de homenagear João Nogueira, falecido há dez anos. Homenagem ao maior cantor de samba de todos os tempos, a um grande homem de quem sou fã de carteirinha. Em meio a tanta papagaiada na televisão e nos jornais, não vi absolutamente ninguém mover uma palha pra lembrar os dez anos de sua morte. Impressionantemente, ninguém! E olha que o João não era um artista à margem da mídia, não. Mas de qualquer maneira, lamentando esse descaso com um homem que tanto contribuiu para a arte brasileira como João Nogueira, nós vamos fazer. Lá no nosso quintal, à beira do campo, pra quem quiser chegar.

Vai ser uma noite pra gente relembrar do João; pra cantar suas músicas, pra ouvir sua irmã Gisa Nogueira, seu sobrinho Didu, para, enfim, reverenciar João Nogueira, que estará - tenho certeza - presente. E reverenciar João Nogueira jamais será demais.

Deixo um áudio com a música Saldo Positivo, gravada no disco de mesmo nome da Gisa Nogueira, em 1980. Cantam João e Gisa.

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Até mais tarde!

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Carta Capital; Estadão e muitos outras mídias (blogs e sites) por aí andam falando do Anhanguera Dá Samba. O projeto foi/é/continuará sendo muito bacana. Nesse caminho penso que o clube deveria explorar mais a visibilidade que o projeto deu ao nome Anhanguera. Criar novos projetos, diferentes, trazer gente....
Parabéns Arthur...o projeto não pode acabar...eu não estou satisfeito ainda, quero ver Moacyr Luz; Velha Guarda da Mangueira (inteira) e muitos outros sambistas que ainda faltam dar seu axé no nosso terreiro.

Bj,
Angelo Tirone

28 de junho de 2010 às 08:42  
Anonymous Anônimo disse...

CABRA...desistiu de escrever ?

19 de julho de 2010 às 20:27  
Blogger Arthur Tirone disse...

Angelo, obrigado pelo apoio, mas temo que, por mesquinharias, o projeto tenha que parar...

E não, não desisti de escrever. É apenas um tempinho, porque isso aqui (o blogue) às vezes enche o saco também.

Beijo.

21 de julho de 2010 às 18:48  

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