Odisséia
Recebi – já faz mais de ano -, por e-mail, uma mensagem que discorria sobre “as fases da vida”. No melhor estilo auto-ajuda, a mensagem comprovava que, de alguns anos pra cá, o ser humano passou a ter, segundo um estudioso social norte americano, sete (repito, sete!) fases, do nascimento à fase idosa.
A teoria contida no e-mail foi, instantaneamente, louvada e aderida pelos destinatários – os mesmos que vivem a repassar correios eletrônicos com mensagens de amor ao próximo e de ataques à esquerda política.
Segundo o pensador, o mundo globalizado, a tecnologia, a necessidade de conscientização ambiental, a vida atribulada por mil afazeres, o estresse e o pouco tempo disponível alteraram a simples definição de infância-vida adulta-velhice.
Eu não abro arquivos que contenham este tipo de mensagens. Só fi-lo quando percebi minha caixa de entrada bombando vertiginosamente; as respostas – chatíssimas, empolgadas – se multiplicavam. Entre os destinatários só gente conhecida minha (amigos de um amigo), todos mais ou menos da mesma faixa etária e classe social. Os únicos a não participarem da “conversa”: eu e Daniel, o Gordo, a quem admiro mais a cada dia que passa e que já ultrapassou há muitos anos o limite da amizade.
A teoria, repetindo, consiste em determinar as fases da vida nessa nova era. Vamos a elas: 1) Infância (até os 8 anos); 2) Pré-adolescência (dos 9 aos 12 anos) 3) Adolescência (dos 13 aos 19 anos); 4) Odisséia (dos 20 aos 35 anos); 5) Vida adulta (dos 36 aos 55 anos); 6) Amadurecimento total (dos 56 aos 70 anos); 7) Melhor idade (dos 71 até abotoar o paletó).
A fase que causou gritos virtuais de comemoração foi justamente a que me causou estupor: a tal da odisséia. Segundo a definição do pensador, a odisséia contempla uma fase em que o indivíduo está se descobrindo. Fase de viajar (para diversão, mas também para acumular experiência), curtir os amigos, planejar o futuro, fazer investimentos (comprar um imóvel é o ideal) e trabalhar bastante – mas só com o que gosta de fazer.
A odisséia representa a preparação para a vida adulta. Ou seja, a partir dos 36, você, após ter guardado um bom dinheiro, ter aproveitado a vida loucamente, ter acumulado experiências e conhecimentos (de preferência fazendo intercâmbios em países de primeiro mundo), pode casar e fazer um filho - no máximo dois. A vida adulta, no cenário atual, começa mais tarde que na época dos nossos pais.
Só lembrei desse negócio de odisséia porque meu irmão Bruno Ribeiro recomendou, em seu indispensável Botequim, a leitura do espetacular blogue Classe Média Way of Life. Leiam todas as 32 (até agora) recomendações para fazerem parte da classe média brasileira. Os destinatários do e-mail que recebi seguem à risca todas as indicações; e aí eu pergunto: - “fase odisséia” é ou não é um melindre de classe média?
Finalizando. Logo depois desse e-mail, numa das rodas de samba no Anhangüera, havia um grupo de pessoas brindando à odisséia, “aproveitando” a fase da vida que prolonga a adolescência e refuta as responsabilidades da vida adulta; um nojo. Um deles me convidou a brindar. Sem pestanejar, dei uma talagada na cachaça, virei as costas e dei no pé, ato nada apreciado pelos odisséicos em questão.
Para arrematar, sugiro aqui a leitura de um texto de outro irmão, Luiz Antônio Simas, sobre a dificuldade dessa turma em encarar de frente a implacabilidade do Tempo.
3 Comentários:
Ola eu sou conhecido na casa verde e no peruche como vadao, estou com 60 anos hoje tive o privilegio de jogar no meio de campo com moises pra mim foi uma otima pessoa tanto dentro e fora de campo, inclusive fui campeao com ele earaujo pra ponte preta categoria master,aproveito mando um abraço p/nariz echicao jogamos juntos no cruzeiro me envie email .
Wadão, se for o Wadão que eu estou pensando, te conheço. Você não jogou este último campeonato de veteranos no Anhangüera pelo Vasquinho?
oi Artur tudo bem com vc,eu acho que vc me conhece sim pois joguei muitos anos no 5 de janeiro eu nao joguei esse campeonato no vasco naõ ,se vc quizer estar sempre em contato so acionar meu email um abraço vadão.
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