6 de out. de 2009

Odisséia

Recebi – já faz mais de ano -, por e-mail, uma mensagem que discorria sobre “as fases da vida”. No melhor estilo auto-ajuda, a mensagem comprovava que, de alguns anos pra cá, o ser humano passou a ter, segundo um estudioso social norte americano, sete (repito, sete!) fases, do nascimento à fase idosa.

A teoria contida no e-mail foi, instantaneamente, louvada e aderida pelos destinatários – os mesmos que vivem a repassar correios eletrônicos com mensagens de amor ao próximo e de ataques à esquerda política.

Segundo o pensador, o mundo globalizado, a tecnologia, a necessidade de conscientização ambiental, a vida atribulada por mil afazeres, o estresse e o pouco tempo disponível alteraram a simples definição de infância-vida adulta-velhice.

Eu não abro arquivos que contenham este tipo de mensagens. Só fi-lo quando percebi minha caixa de entrada bombando vertiginosamente; as respostas – chatíssimas, empolgadas – se multiplicavam. Entre os destinatários só gente conhecida minha (amigos de um amigo), todos mais ou menos da mesma faixa etária e classe social. Os únicos a não participarem da “conversa”: eu e Daniel, o Gordo, a quem admiro mais a cada dia que passa e que já ultrapassou há muitos anos o limite da amizade.

A teoria, repetindo, consiste em determinar as fases da vida nessa nova era. Vamos a elas: 1) Infância (até os 8 anos); 2) Pré-adolescência (dos 9 aos 12 anos) 3) Adolescência (dos 13 aos 19 anos); 4) Odisséia (dos 20 aos 35 anos); 5) Vida adulta (dos 36 aos 55 anos); 6) Amadurecimento total (dos 56 aos 70 anos); 7) Melhor idade (dos 71 até abotoar o paletó).

A fase que causou gritos virtuais de comemoração foi justamente a que me causou estupor: a tal da odisséia. Segundo a definição do pensador, a odisséia contempla uma fase em que o indivíduo está se descobrindo. Fase de viajar (para diversão, mas também para acumular experiência), curtir os amigos, planejar o futuro, fazer investimentos (comprar um imóvel é o ideal) e trabalhar bastante – mas só com o que gosta de fazer.

A odisséia representa a preparação para a vida adulta. Ou seja, a partir dos 36, você, após ter guardado um bom dinheiro, ter aproveitado a vida loucamente, ter acumulado experiências e conhecimentos (de preferência fazendo intercâmbios em países de primeiro mundo), pode casar e fazer um filho - no máximo dois. A vida adulta, no cenário atual, começa mais tarde que na época dos nossos pais.

Só lembrei desse negócio de odisséia porque meu irmão Bruno Ribeiro recomendou, em seu indispensável Botequim, a leitura do espetacular blogue Classe Média Way of Life. Leiam todas as 32 (até agora) recomendações para fazerem parte da classe média brasileira. Os destinatários do e-mail que recebi seguem à risca todas as indicações; e aí eu pergunto: - “fase odisséia” é ou não é um melindre de classe média?

Finalizando. Logo depois desse e-mail, numa das rodas de samba no Anhangüera, havia um grupo de pessoas brindando à odisséia, “aproveitando” a fase da vida que prolonga a adolescência e refuta as responsabilidades da vida adulta; um nojo. Um deles me convidou a brindar. Sem pestanejar, dei uma talagada na cachaça, virei as costas e dei no pé, ato nada apreciado pelos odisséicos em questão.

Para arrematar, sugiro aqui a leitura de um texto de outro irmão, Luiz Antônio Simas, sobre a dificuldade dessa turma em encarar de frente a implacabilidade do Tempo.

3 Comentários:

Anonymous Wadao disse...

Ola eu sou conhecido na casa verde e no peruche como vadao, estou com 60 anos hoje tive o privilegio de jogar no meio de campo com moises pra mim foi uma otima pessoa tanto dentro e fora de campo, inclusive fui campeao com ele earaujo pra ponte preta categoria master,aproveito mando um abraço p/nariz echicao jogamos juntos no cruzeiro me envie email .

12 de outubro de 2009 às 19:41  
Blogger Arthur Tirone disse...

Wadão, se for o Wadão que eu estou pensando, te conheço. Você não jogou este último campeonato de veteranos no Anhangüera pelo Vasquinho?

13 de outubro de 2009 às 09:20  
Anonymous waldomiro disse...

oi Artur tudo bem com vc,eu acho que vc me conhece sim pois joguei muitos anos no 5 de janeiro eu nao joguei esse campeonato no vasco naõ ,se vc quizer estar sempre em contato so acionar meu email um abraço vadão.

8 de maio de 2011 às 18:46  

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