8 de set. de 2009

A Gazeta Ilustrada

Há um ano e meio escrevi o texto A Gazeta Esportiva, no qual publiquei reportagem do jornal de mesmo nome sobre o Anhangüera em 1949. Nove anos mais tarde a revista semanal Gazeta Ilustrada, coqueluche dos leitores de páginas esportivas, lançou uma série sobre clubes varzeanos da cidade. A segunda dessas reportagens foi justamente sobre a Associação Atlética Anhangüera. Uma senhora matéria de quatro páginas!

Esta relíquia me foi emprestada por Wiliam Sandonato, presidente da agremiação na década de 50. Ele, que ja está quase na casa dos oitenta, apesar de morar na Rua Cruzeiro até hoje, anda afastado do clube. É preciso registrar que Wiliam, ao lado de Salatiel e Walter Gordo - este o único atuante - é o mais antigo anhanguerista vivo.

Além da Gazeta Ilustrada, Wiliam cedeu-me duas edições da histórica Revista do Anhangüera. Durante anos a fio - décadas de 50 e 60 - o clube publicou revistinhas contando a história do clube, do bairro e outras curiosidades. Com o passar dos anos elas foram sumindo. São mais de quarenta números e hoje só há dois em nossa mão; todas as outras evaporaram...

Voltando à reportagem. Há coisas do arco da velha! As primeiras atas de reunião datam de Outubro de 1928, e com base nelas escrevi a série O grande clássico; mas o depoimento de Saverio Russo sobre o primeiro "onze" da agremiação, em Janeiro do mesmo ano, revela uma injustiçada dupla de zaga: Radiador e Parafuso - como poderia ser esquecida, uma bequeira desse porte, após míseros oitenta anos? Do primeiro jogo para o time que jogou contra o Carlos Gomes meses depois só os dois fundadores estavam em campo: Barthô (o craque, supenso) e Saverio (no banco). Daí se vê que o primeiro onze era um time de camaradas, e que precisava ser muito melhorado. Notem que a matéria aborda também os grandes bailes carnavalescos na sede, além das noites de shows com artistas do naipe de Paraguaçu e Caco Velho.

Por fim, dedico este resgate à Rodrigo Russo, o Pepe. Filho de Roberto Russo (presidente durante vinte e e seis anos ininterruptos) e neto do fundador Saverio Russo. Pepe é meia esquerda do nosso time; ao contrário do seu avô, joga o fino da bola. Mas essa singela homenagem é apenas porque Pepe cultiva a tradição, entende a dimensão e a grandeza do Anhangüera e sabe da responsabilidade que carrega quando enverga a camisa dez do rubro negro da Barra Funda. E isso, que parece pouco, é justamente o que está faltando. Os que se arvoram em mandar e desmandar - que de nada sabem - o vêem como só mais um jogador do clube.







3 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Você é o maior historiador de São Paulo, mano! Que beleza!

9 de setembro de 2009 às 00:34  
Blogger Eduardo Goldenberg disse...

Eu digo isso há tempos. Favela tem que publicar um livro contando tudo isso e muito mais. A Barra Funda, São Paulo, o Brasil e o futebol merecem.

9 de setembro de 2009 às 09:35  
Blogger Felipe Quintans disse...

Que beleza de documento, meu velho. Quanta honra poder ter acesso à este material através de teu excelente blog. Vida longa ao Anhangüera!!!

9 de setembro de 2009 às 10:42  

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