Brincadeiras de infância
Aprecio, com muito gosto, as crianças brincando. Porque quando as vejo brincando, sou arremessado ao passado, na época em que escalava muros, jogava taco, bolinha de gude, botão, pega-pega, esconde-esconde, mãe-da-mula, pique-bandeira, queimada, três-dentro-três-fora, linha-de-passe, polícia-e-ladrão, entre outras brincadeiras pré-históricas e há muito tempo obsoletas.
Diversões extintas graças a duas questões: a primeira é social, como o trânsito e a violência, que faz com que os pobres infantes de hoje joguem bolinha de gude no carpete, futebol somente nas pseudo-escolinhas e os coitadinhos só empinam pipa no ventilador, dentro de seus apartamentos, pois é perigoso sair na rua... A segunda questão é a tecnológica, como o computador e o vídeo game. A pirralhada dos dias atuais não sai da frente da tela, fato preponderante causador de uma geração bem característica, de quatro-olhos e obesa.
Mas voltando, ontem estava eu no Anhanguera, após o jogo, tomando uma cerveja e vendo uns moleques atirando coisas um no outro, e lembrei-me de uma brincadeira que o Ângelo e eu praticávamos, no auge dos nossos sete anos de idade. A brincadeira era perigosa, pois poderia machucar-nos, o que a tornava muito mais atrativa e emocionante. Era sempre realizada aos Sábados no apartamento em que morávamos na Rua Anhanguera. Dia de faxina em que a casa ficava, literalmente, de cabeça para baixo. Aproveitávamos que mamãe estava atarefada para brincarmos tranqüilos, sem levar bronca ou pior, os temíveis e doloridos beliscões que ela dava.
Sinceramente não me recordo como denominamos a brincadeira que inventamos, mas basicamente consistia em atirar chinelos um no outro. Mas não era só isso. Tinha regras. Os sofás, um de cada lado da sala, serviam de trincheiras. Cada um ficava atrás de um sofá. Era preciso levantar e esperar o outro aparecer para atirar o chinelo. Quem acertasse o inimigo três vezes primeiro, ganhava. Dividíamos os pares de chinelos. Um pé de cada para cada, ou seja, eu ficava com os cinco pés direitos e ele com os esquerdos. Quando atirávamos, se não acertasse, o adversário ficava com o chinelo atirado, ficando em vantagem em quantidade de munição.
Deixem-me detalhar um pouco mais. As “armas” tinham calibres. Guerreávamos com cinco tipos de armas, eram elas: nossos próprios chinelos de dedo Havaianas (que à época não significavam status algum como hoje) calibre (tamanho) 32, as Havaianas calibre 37 da mamãe e uma sandalinha calibre 25 do Bruno, que era um bebê de três anos. Eram boas armas, mas nada comparado ao portentoso Ryder tamanho 40 de papai, capaz de estourar os miolos das tropas do outro lado. Essa era a bazuca, o armamento mais pesado, pois danificava muito o estado físico do adversário.
Graças a essa brincadeira “inocente”, recebi uma lição que jamais esqueci. A vida nos prega peças, pois sempre existe o fator surpresa. Aprendi que jamais devemos subestimar alguém que esteja, digamos, desfavorecido. Pois bem, nesse dia aconteceu o improvável.
Eu, que sempre fui um bom estrategista, fui acumulando as armas atiradas pelo Ângelo, que, com uma péssima pontaria, errou todas as quatro primeiras tentativas. Para azar dele, sobrou em sua mão somente uma sandalinha do Bruno. E eu com nove, incluindo os dois pés do Ryder calibre 40. Essa guerra, na minha cabeça, estava ganha. Eu o fuzilaria facilmente, dando o tiro de misericórdia com a bazuca.
Para se ter uma base de comparação, eu era Israel – um dos maiores poderes bélicos do mundo - e o Ângelo, os muçulmanos – que lutam com paus, pedras e homens-bomba. Seria impossível a vitória dele.
Na certeza da vitória, me levantei para “matá-lo”, abdicando da proteção do sofá - ele precisaria me acertar três vezes, e tinha apenas a sandalinha – Angelo atirou sua última “bala” com extrema força. A sandalinha veio rodando em torno de seu eixo na velocidade da luz e, antes que eu tivesse qualquer reflexo, acertou minha boca, fazendo com que o maior exército (no caso eu) desmoronasse. Chorando, com a boca sangrando e tentando me recuperar, ele ainda pegou as duas bazucas e me exterminou, antes que mamãe, esbaforida, chegasse.
Acabamos de castigo, eu com a boca inchada e o Angelo com o braço roxo dos três terríveis beliscões que levou...
Diversões extintas graças a duas questões: a primeira é social, como o trânsito e a violência, que faz com que os pobres infantes de hoje joguem bolinha de gude no carpete, futebol somente nas pseudo-escolinhas e os coitadinhos só empinam pipa no ventilador, dentro de seus apartamentos, pois é perigoso sair na rua... A segunda questão é a tecnológica, como o computador e o vídeo game. A pirralhada dos dias atuais não sai da frente da tela, fato preponderante causador de uma geração bem característica, de quatro-olhos e obesa.
Mas voltando, ontem estava eu no Anhanguera, após o jogo, tomando uma cerveja e vendo uns moleques atirando coisas um no outro, e lembrei-me de uma brincadeira que o Ângelo e eu praticávamos, no auge dos nossos sete anos de idade. A brincadeira era perigosa, pois poderia machucar-nos, o que a tornava muito mais atrativa e emocionante. Era sempre realizada aos Sábados no apartamento em que morávamos na Rua Anhanguera. Dia de faxina em que a casa ficava, literalmente, de cabeça para baixo. Aproveitávamos que mamãe estava atarefada para brincarmos tranqüilos, sem levar bronca ou pior, os temíveis e doloridos beliscões que ela dava.
Sinceramente não me recordo como denominamos a brincadeira que inventamos, mas basicamente consistia em atirar chinelos um no outro. Mas não era só isso. Tinha regras. Os sofás, um de cada lado da sala, serviam de trincheiras. Cada um ficava atrás de um sofá. Era preciso levantar e esperar o outro aparecer para atirar o chinelo. Quem acertasse o inimigo três vezes primeiro, ganhava. Dividíamos os pares de chinelos. Um pé de cada para cada, ou seja, eu ficava com os cinco pés direitos e ele com os esquerdos. Quando atirávamos, se não acertasse, o adversário ficava com o chinelo atirado, ficando em vantagem em quantidade de munição.
Deixem-me detalhar um pouco mais. As “armas” tinham calibres. Guerreávamos com cinco tipos de armas, eram elas: nossos próprios chinelos de dedo Havaianas (que à época não significavam status algum como hoje) calibre (tamanho) 32, as Havaianas calibre 37 da mamãe e uma sandalinha calibre 25 do Bruno, que era um bebê de três anos. Eram boas armas, mas nada comparado ao portentoso Ryder tamanho 40 de papai, capaz de estourar os miolos das tropas do outro lado. Essa era a bazuca, o armamento mais pesado, pois danificava muito o estado físico do adversário.
Graças a essa brincadeira “inocente”, recebi uma lição que jamais esqueci. A vida nos prega peças, pois sempre existe o fator surpresa. Aprendi que jamais devemos subestimar alguém que esteja, digamos, desfavorecido. Pois bem, nesse dia aconteceu o improvável.
Eu, que sempre fui um bom estrategista, fui acumulando as armas atiradas pelo Ângelo, que, com uma péssima pontaria, errou todas as quatro primeiras tentativas. Para azar dele, sobrou em sua mão somente uma sandalinha do Bruno. E eu com nove, incluindo os dois pés do Ryder calibre 40. Essa guerra, na minha cabeça, estava ganha. Eu o fuzilaria facilmente, dando o tiro de misericórdia com a bazuca.
Para se ter uma base de comparação, eu era Israel – um dos maiores poderes bélicos do mundo - e o Ângelo, os muçulmanos – que lutam com paus, pedras e homens-bomba. Seria impossível a vitória dele.
Na certeza da vitória, me levantei para “matá-lo”, abdicando da proteção do sofá - ele precisaria me acertar três vezes, e tinha apenas a sandalinha – Angelo atirou sua última “bala” com extrema força. A sandalinha veio rodando em torno de seu eixo na velocidade da luz e, antes que eu tivesse qualquer reflexo, acertou minha boca, fazendo com que o maior exército (no caso eu) desmoronasse. Chorando, com a boca sangrando e tentando me recuperar, ele ainda pegou as duas bazucas e me exterminou, antes que mamãe, esbaforida, chegasse.
Acabamos de castigo, eu com a boca inchada e o Angelo com o braço roxo dos três terríveis beliscões que levou...
19 Comentários:
UHUAHAUHAUAHUAHUAHAUAUAAUA
Como vc é ridículo
Vc estava com duas bazucas
E mesmo assim perdeu para uma biribinha do Bruno
Mas eu te entendo o chinelo do Bruno era especial para gordinhos
Por isso vc se deu mal
Abraços Arthur
Hahahahahhahahha...Meu Deus ! Meu Deus !!! Essa história é completamente verídica..hahahahahhahahahahah...to me mijando.
Nem me recordava mais dos detalhes..só me lembro que a sandália era vermelinha (da cor daquelas bolas antigas pesadas e de plástico, lembram ?)e tinha aquela tira horrível atrás (q por sinal hoje voltaram a usar nas Havaianas) para segurar o peso do Bruno, vulgo Mamute na época, pois tinha 1,00mt e pesava 80 kg/força.hahahhaaha
Me lembro bem da cena...foi um arremeso formidável, daqueles que só vemos em jogos de futebol americano quando o quarterback dá aquele lançamento de 100 jardas.
Cabra, único ponto falho da história é que você bem deveria saber que meu nome não tem acento circunflexo no A, portanto pronuncia-se Aaandielo. Não me venha com as bobeiras de português que é proparoxítona pois meu nome é italiano, entendeu ????
Abs,
Angelo Tirone (o demolidor)
hahahahhahaahaaah
num sei se eu dou risada da despretenciosa arma letal q vc foi alvo
se dou risada imaginando o tamanho do pezinho do Mamute aos 3 anos
ou se dou risada com o Aaaaandielo !!!
HAHAHHAHAHAHAHAHHAHA
vcs sao doentes !!!
Arthur,
Eu já havia esquecido completamente essa história porque são tantas traquinagens de voces que eu não poderia lembrar de todas elas, mas uma coisa é ler isso agora porque tem muito mais graça do que na época em que voces me deixavam neurótica.]
Conte mais travessuras porque agora eu posso rir com vontade.
Beijos,
Mami
Cabra,
Me lembrei de mais algumas brincadeiras boas da época que vc poderia contar, lá vão os nomes:
Piscina no barro; Teia de aranha (lembra dessa ?); Fredy Gruguer (8:00 PM no campo ..hahahah) e a melhor, mas não menos perigosa Pedrada na Balança...HAHAHAHHAHAHAHA
Merecem histórias.
muito bom!
huauahhahuaaauaaaahuahuahu
Ainda bem que o Bruno era bebe, senão ele ia tacar os vasos, os enfeites e até o próprio sofa em vcs.
uhauhuhhuuhahuaauhahuauhuhauhhua
adorei essa historia, mto boa!!!
beijos!!!
AHHHAHHAHHHHAHAHAHAHAHAHAHA...
N CINGO OPARA DE RIIR!
HAAHHAHA, vc escrewve de um jeito q faz ver a historia cmo um filme...
otimo DOM arthuca!...e o arxilu t fudeu hein hahahhaah
eh noiss
abraçao
ps* cansa mto digita soh com a canhota!
hahhaah
tipico do kid, acha q esta ganhando, qdo menos espera ta de boca inchada....
Ava: Malandro, a vida é assim. Cheia de surpresas. As possibilidades são muitas.
Angelo: O acento no seu nome foi o corretor ortográfico quem botou, não eu. Reclame com ele.
Quanto às outras brincadeiras, sim... Merecem um texto!
Glauton: Pode rir dos três.
Mamãe: Vou contar sim nossas travessuras para mostrar para todos o quanto você aguentou. Tudo o que fizermos jamais recompensará a criação que tivemos.
Piruca: Valeu, mano!
Melissa: O Bruno, aos três anos, bateu em um menino de oito anos na escola!
Alemão: Obrigado pelos elogios. Cuide da mão e volte a jogar logo. Domingo sentimos falta do seu futebol-arte!
Hahahahahahaha
ótimo!!!!!
mutio bom
Hahahahahahahahaha!!!
Até os mestres caem, veja você.
Apesar de só ter uma irmã, que além de mulher (desculpe a redundância) é 4 anos mais nova, muitas vezes meio instinto garoto-traquina vinha à tona e ela era obrigada a participar de brincadeiras não muito delicadas, digamos.
Você falando de chinelo me fez lembrar: a gente brincava de ficar no corredor do prédio em que morava, em João Pessoa, um de cada lado, atirando chinelos rasteirinhos para o outro pular. Beleza.
Numa dessas vezes eu tive o dom: após ser atingido, enquanto pulava, na parte inferior da canela por um chinelo que minha irmã jogou (na época com uns 4 anos, no máximo) despenquei ao chão e arrebentei uma lasca do meu incisivo superior esquerdo.
Detalhe que, uma semana antes, enquanto corríamos pela casa brincando de pega-pega, minha irmã havia perdido também o incisivo superior, se não me engano, após chocar-se com a tábua de passar.
Imagine a felicidade da minha mãe à época.
Pelo menos o dente da minha irmã era de leite...
Nossa, viajei grande no texto.
Kid, o blog tá insano velho. Mal vejo a hora de botarmos as mãos na massa!
Beijo
Julio: Bamby, que prazer você por aqui, seu lixo. Arrume o apartamento e me convide para uma bebedeira para relembrar a época da Federal. Valeu!
Grisalho: quem és tu, homem?
Gênio: Pois é, caímos. E eu tenho uma teoria que, se uma criança é tranquila e nunca se machuca nas brincadeiras, será um adulto sem caráter. Porque todos temos que passar por isso.
Quanto ao projeto... Escreva isso: Não restará pedra sobre pedra!
Obrigado pelos elogios. Vindo de você, um cérebro futurista, me motiva ainda mais!
Beijo!
Bom,
Sem comentários....
Tutuca é demais...
A Melissa falou uma verdade... Se o Bruno fosse 5 meses mais velho, ele pegaria a Tia Denize e o Tio Mica Loca e os arremessava contra seus coitados irmãos de sangue....
Armilo e Tuca... vcs se safaram dessa... o Mamute matador era apenas uma criança.....
Conte mais..... Muito bom relembrar o passado....
Abraços irmão...
AhaHAhhaA... Aaandielo pra ministro do exército! já é herói do anhanguera, logo vira nacional. com direito a fotinho na nota de real.
ei! bom texto, me fez lembrar de todas as brincadeiras que fazia tb. incluindo acampamentos aterrorizantes no quintal e apresentações com duplo twiste carpado no "sofá-elástico" ao som dos discos do meu pai. direito a coreografia e tudo, AhahHAHA... jóia!
Hahahahahahahaha ...
Mto engraçado Arthhhuuur ... HAHAHAHA ...
Eu, o Sherra e o Alemão brincávamos de quem dava sôquinho mais forte !!! Nunca ganhei !! Nuuuuunca !!!
Boa semana !! Beijo
Malandro,
muito bom !!!
Israel derrotada com uma sandalinha na boca !!! hehehe
Abraço!
Moral
HUHUAhuHUAUHuhHUHUAhhuUHhuHU
AHUHUHUHUUHUHUHHUUHUHhuuhhuhu
AUHUHHUUHAHUHUUHUHuhHUHUuhUHUH
HUHUAhuHUAUHuhHUHUAhhuUHhuHU
AHUHUHUHUUHUHUHHUUHUHhuuhhuhu
AUHUHHUUHAHUHUUHUHuhHUHUuhUHUH
HUHUAhuHUAUHuhHUHUAhhuUHhuHU
AHUHUHUHUUHUHUHHUUHUHhuuhhuhu
AUHUHHUUHAHUHUUHUHuhHUHUuhUHUH
MUITO BOM MANOW!!!
BJOS
LOURDES
uhasuashuashaushuahsuhuhsa
Tantas coisas engraçadas que dessa vez eu não vou nem citar pois corre o risco de eu esquecer alguma...
só espero que algum dia algum diretor de cinema leia isso e faça um filme!!!
ushuashahshashasas
abrasss
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