25 de jul. de 2007

Saúde pra cachorro

Eu já lhes contei sobre o Cirilo. Mais precisamente sobre o Jonnhy, seu “eu bêbado”, em Março, num dos primeiros textos que me aventurei por aqui. E eu havia prometido falar do Cirilo e, como sempre cumpro com minha palavra, vou fazê-lo.

Vou me ater especialmente a uma passagem que, não tivesse sido presenciada e contada pelo Chico, seu companheiro de trabalho e de noitadas, nós jamais saberíamos (o Cirilo não é de contar vantagens) do ocorrido ou ainda que ele mesmo tivesse nos relatado, seria difícil de acreditar. Este é daqueles fatos que não pode prescindir de uma testemunha confiável.

Cirilo e Chico trabalham há muitos anos vendendo plano de saúde para empresas e também para pessoas físicas. Claro que a maior parte de seus rendimentos é proveniente dos contratos com empresas, mas eles nunca dispensam um atendimento a uma pessoa que queira adquirir o tal plano, pois, como eles dizem, os PF (pessoa física) “pagam a cachaçinha nossa de cada dia”. O campo de atuação deles compreende desde a região de Campinas até Ribeirão Preto, onde, todas as sextas após as seis da tarde, um chopinho no Pingüim é religioso. E é justamente nessa cidade que se deu o inusitado fato, a prova peremptória e irrefutável de que o Cirilo é um grande vendedor.

Há uns cinco ou seis anos as vendas neste segmento passaram por um péssimo período, caindo ladeira abaixo, a ponto de Cirilo estar desesperado... E olha que o homem sempre foi o melhor vendedor da sua região. Arrebentava de vender, o Cirilo. Era uma sexta feira e, ao meio dia, como não tinha mais nada para fazer, se encontrou no Pingüim com o Chico, que já bebia. Depois de lamentarem a má fase que estavam atravessando e de tentarem, em vão, pensar em soluções para o problema, almoçaram e tomaram umas cervejas até as três da tarde. O Cirilo não virou Jonnhy. E como não saiu de si, sua cabeça ainda funcionava, apesar de já estar consideravelmente deteriorada. E isto lhe deu uma idéia esquipática, causada pela falta total de tostão.

Cirilo avistou uma bela casa antiga de esquina com uma senhora (uma sexagenária) debruçada na janela admirando o movimento. Ela acariciava um cachorro, de certo de pé ao lado dela, pois também estava debruçado na janela e com a outra mão agradava um macaquinho, um sagüi que ficava pulando de ombro para outro. Nesse instante, Cirilo, mais duro que pau de tarado, dá um salto: “Chicão, vem comigo! Essa mulher adora os bichos dela!”. Após indagar e não obter a resposta do que faria o homem, Chico calou e apenas acompanhou nosso grande vendedor. Pararam debaixo da janela:

- Boa tarde, senhora.
- Pois não?
- Eu gostaria de apresentar à senhora um plano de saúde!
- Já tenho.
- Não, não. É um plano de saúde novo. É para animais! – Era tudo mentira do Cirilo.
- Para animais? Nossa! Quero saber como funciona!!

Depois de algumas xícaras de café e biscoitinhos, a viúva – a essa altura Cirilo já estava quase íntimo dela, viúva de um famoso coronel da cidade – já convencida de que compraria o plano de saúde para seu cachorrão, recuou:

- Olha Seu Cirilo, está certo que o Moacyr Franco – o cachorro – vai ter acompanhamento semanal de um veterinário, fará testes cardiológicos nos melhores hospitais, tratamento odontológico de primeira e ainda vai ganhar de brinde roupinhas e docinhos de cachorro... Eu estou disposta a pagar esses duzentos reais...
- Então, Dona Cremilda. Pode assinar aqui e pagar em dinheiro. O Moacyr terá um tratamento de rei!
- É que eu amo meus bichinhos. Não posso fazer pra um e não pro outro. E o Beto? – o macaco – Como fica o Beto? Mais que duzentos eu não pago!
- Pode ficar tranqüila, Dona Cremilda. É por isso que nosso plano é o melhor do mercado.
- Como assim?
- O Beto entrará no plano como dependente do Moacyr!

Naquela noite Jonnhy e Chico gastaram duzentas pratas nas bocadas de Ribeirão Preto...

10 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

os nomes ficarão ótimosssssssss... faltou o crédito. :P

bjks

25 de julho de 2007 às 19:18  
Anonymous Anônimo disse...

Adorei o texto
Parabens!!!!!

Bjs!!!!

26 de julho de 2007 às 09:32  
Blogger Craudio disse...

Impagável!!!

Uma tia-avó minha, certa vez, mediu toda a área de seu sobrado com uma régua de 15 cm. Enquanto ela fazia a parte de cima, os malandros limparam a sala...

Abraços, Favela!

26 de julho de 2007 às 11:49  
Anonymous Anônimo disse...

Essa história merece ser comentada
O Cirilo é foda
A melhor é ver um macaquinho dependente de um cachorro
hauhaahuahauahuaha
Abraço Arthur

27 de julho de 2007 às 10:50  
Anonymous Anônimo disse...

hahahahaa
Cirilo é foda !!
o cara teve o dom de ludibriar uma anciã com um papinho de seguros, pra MACACO !!! hahahhahaha

UUUUUUUUU CIRIRI !!!
UUUUUUUUU CIRIRI !!!


hahahahahhaa
mto boa Arthur !!
abraço

27 de julho de 2007 às 14:00  
Anonymous Anônimo disse...

Sacanagem com a Cremilda...
Fiquei com pena da pobre...

Então, Mestre, eu sumi, mas um dia eu ressurjo!

Beijos!

30 de julho de 2007 às 12:57  
Anonymous Anônimo disse...

Tuca.
Que saudade desse blog.
Ele continua lindo, como sempre.
Ciriri. Meu, o cara eh um fenômeno. Tanto ele, quanto o Johnny, Hehehehe. Só eu sei o que eu sofria pra vender. Não era fácil. Mas vendia. Já o Ciriri, apesar da má fase, se superou. Puta merda. =) .
Obrigada pela forcinha no karaokÊ ; SOFREMOS, mas encantamos.
Hehehehe.
Beijoooooooos Tuca

30 de julho de 2007 às 16:46  
Blogger André Galiazi Bari disse...

Arthur suas palavras embelezam o meu dia! rs
abraço

30 de julho de 2007 às 22:24  
Anonymous Anônimo disse...

Cabra....essa história merece uma placa...só o Cirilo mesmo pra inventar uma porra dessa..o melhor é ele contando essa história como Jony..hahahahaha, com a mão ao lado da boca, falando baixinho e sempre no final soltando um porra....e o melhor é o olhar de peixe morto ...haahahahha ! Saudades do Cirilo. Vou pra Ribeirão semana que vem, alguém tem o celular dele...vou fazer a campanha: VOLTA CIRIRI !

31 de julho de 2007 às 19:07  
Blogger Arthur Tirone disse...

Pri: O nome do cachorro era Moacyr Franco!

Melissa: Obrigado. Você é minha leitora mais assídua!

Craudio: O Cirilo não faria isso... Abraço!

Ava: Todas as histórias do Cirilo merecem ser comentadas!

Glauton: O seguro era pro cachorro.

Gênio: Aguardo ansiosamente sua ressurreição!

Carolina: Não suma mais assim não, tá? Beijo.

André: Com todo o respeito, para de viadagem e apareça para bebermos. Beijo, mano.

Angelo: Vá para Ribeirão e saia na noite com ele! Com o Jonnhy, como eu fiz aqui nas bocas em Sampa.

31 de julho de 2007 às 19:19  

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