Anhangüera dá Samba XXXII
Ninguém recebe um Noca da Portela impunemente, nem um Tantinho da Mangueira, nem um Toniquinho Batuqueiro e muito menos um Wilson Moreira (duas vezes). A cada edição – e lá se vão trinta e dois meses – é preciso melhorar. Há quem reclame da estrutura, às vezes com razão, mas é o que temos a oferecer. O Anhangüera dá Samba! está firme porque nele mora uma jogada que nem a melhor estrutura do mundo daria conta: o axé. Uma energia tão subjetiva que só quem é iniciado pode explicar. Os outros sentem. E voltam. E aguardam a próxima ansiosamente.
Vejam bem: mês passado. Começa 2010 e quem veio? Delcio Carvalho, um compositor monstruoso. Foi uma roda de samba bonita demais, com o homem cantando aquele monte de músicas, uma melhor que a outra. Umas mais conhecidas, outras menos, mas todo mundo cantando junto. Aí é que está: o Anhangüera não tem palco, é chão! Infelizmente o Daniel não filmou a grande apresentação do Delcio Carvalho, de modo que não tenho nada pra mostrar por aqui. Fica na memória de quem lá esteve; e se emocionou.
Hoje tem mais. Como eu dizia, a noite mais esperada do Anhangüera nos últimos anos. Tem mestre Monarco. Disse meu compadre Fernando Szegeri na Agenda:
Promessa de noite histórica no Anhangüera dá samba!. Como já há mais de 30 meses, a última sexta-feira terá mais uma vez os Inimigos do Batente recebendo um convidado especial. E o bamba deste mês, um dos maiores baluartes vivos do samba brasileiro, dispensa apresentações: mestre Monarco da Portela!É difícil até dizer no que o homem se faz maior. Se maior é o intérprete elegantérrimo, voz calejada, mas poderosa, porta-voz-oficial do samba de Oswaldo Cruz. Seria o compositor fecundíssimo, parceiro de Candeia e Paulo da Portela, autor de alguns dos maiores sucessos gravados por gente do naipe de João Nogueira e Zeca Pagodinho? Ou é esse imenso arquivo vivo do samba brasileiro, que transcende em muito as fronteiras da Grande Madureira, passeando com desenvoltura por estácios, salgueiros, mangueiras, como muitos de lá nem seriam capazes? Diriam outros que é essa imensa liderança do samba, timoneiro incansável do maior conjunto musical do Brasil: a Velha Guarda da Portela. Tem gente até que, por essas e outras dúvidas, chega a considerá-lo o maior sambista vivo, vejam vocês...E o melhor de tudo é que o mestre, que se apresenta com freqüência na Paulicéia, diga-se a verdade, poucas vezes por aqui pode ser visto fora do palco, no "terreiro", na roda de samba que é uma de suas grandes especialidades. E tudo isso a hoje inigualáveis R$ 10,00!!!Festa total em azul e branco para reunir os sambistas dos quatro cantos da cidade, vocação das rodas dos Inimigos, e sacudir a Barra Funda, o Bom Retiro e – por quê não? - o coração do Brasil.
Fica ainda um áudio do grande Monarco cantando uma seleção de partido alto da antiga.
|
Até mais tarde!